Um livro divertido mas cheio de vocabulário desconhecido (mais do que normal… Não costumo de usar o dicionário tanto com livros humorísticos!)
O autor defende que o fascismo é uma tendência que existe em cada um mas, tal como o espírito de mal no livro The Shining, “é fraco e, para prejudicar a sério, precisa de contaminar seres de carne e osso, igualmente fracos, ou apanhá-los num momento de fraqueza” (este cotação vem do capítulo “Ministério da Fraqueza”, página 61 nesta edição). Isso, para mim, é a chave do humor do livro, porque fascistas verdadeiras são uma grande ameaça mas os emoções que um demagogo pode abusar para ganhar seguidores vivem em toda a gente. Provavelmente cada um de nós reconhece algum comportamento nestes capítulos que mora nos nossos próprios corações. Por isso, não estamos a rir só do nosso tio que lê o Daily Mail (ou quer que seja a equivalente português) mas também rimos da nossa própria predisposição para agir numa maneira reaccionária quando temos medo ou sentimo-nos fora da zona de conforto. Por isso, embora haja assuntos sérios (racismo, homofobia) os capítulos mais engraçados são os que tratam de frustrações do dia a dia (tal como impostos, opiniões com qual não concordamos, novidades linguísticas ou seja o que for) que dão surgir os nossos preconceitos e acordam o nosso facho interior. E assim, rimos e compreendemos melhor de nos próprios.