Tendo lido um excerto deste conjunto de poemas de Alberto Caeiro (um dos Heterónimos de Fernando Pessoa), decidi ler o resto, para acompanhar uma das minhas sessões de fazer um puzzle e ouvir audiolivros. Existe uma versão no youtube que é ótima, mas não pago pelo serviço sem anúncios e… ora bem, basta dizer que a poesia soa melhor sem anúncios…
Os poemas descrevem a sua vida solitária, a escrever poesia para estar sozinho, e a cuidar os seus pensamentos como se fosse um pastor a guardar um rebanho no campo. A filosofia deste poeta está em sintonia com a ruralidade no seu redor: “penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés” e sente-se maior quando vê um céu aberto do que quando está numa cidade, rodeado por prédios. Um poema que me marcou é o número XX que compara o Tejo com o rio que corre pela sua aldeia. Ainda que o Tejo seja belo, é mais famoso, ou seja, mais público, e quando as pessoas o veem, pensam na sua história e no seu percurso da Espanha para o Atlântico e daí em direção à America. Mas o seu rio é o seu rio e mais nada, e “quem está ao pé dele está só ao pé dele”.
Acabei por ouvir três vezes, e acho que a gravação do poema seria um excelente acompanhamento para um passeio ou uma hora de jardinagem