Uma das contas portuguesas que eu sigo no Instagram é a do Nuno Markl. Durante o ano passado começou a deixar indicações dum novo projecto – uma série de comédia que estava a escrever sobre as eleições de 1986 entre o socialista Mário Soares e o conservador Diogo Freitas do Amaral. O Markl é conhecido (entre outras coisas) pela sua nostalgia dos anos oitenta e o seu amor pela cultura daquela época. Fiz 17 anos em 1986 e por isso fiquei muito entusiasmado para ver o resultado. Não temos canais portugueses aqui em casa – ou seja, se existem, não faço ideia de como encontrá-los, porque há demasiados botões no comando. Mas não me importo porque o site da RTP está disponível para os coitados dos cidadãos do Brexitland, o site deixá-nos ver os programas culturais dos nossos amigos e vizinhos.
Cá para mim, como estrangeiro, o estilo da série parece uma mistura de dois estilos: o da série americana de hoje, e o duma comédia daquela época. Há 13 episódios, cada um entre 40 e 45 minutos. A cinematografia é bastante moderna mas às vezes os actores utilizaram duplos olhares e expressões faciais muito exageradas, como os actores de comédias tradicionais. A trama trata-se dum grupo de adolescentes. O primeiro é o Tiago, fã dos Smiths (a minha banda preferida!), e filho dum comunista que deve “engolir o sapo de Soares”. Ele apaixona-se por uma “betinha”, cujo pai é apoiante do “sacana de facho”. Os dois e os amigos deles enfrentam-se os desafios da vida escolar.
Havia muitos aspectos engraçados, tal como o sarcasmo da rapariga gótica e a raiva exagerada do pai do Tiago. Também gostei da nostalgia da cultura compartilhada pelos dois países – música, filmes, computadores, roupas e livros. Às vezes tornou-se ligeiramente auto-indulgente, mas gostei apesar disso.
Claro não sou especialista em televisão portuguesa, e custa-me muito entender os sotaques e os ritmos da fala dos actores, portanto é provável que a minha opinião não conte para nada, mas se quiseres saber o que é que pensei, lá está!
Spoiler: Soares venceu. Então não precisas de ver