
*=eu sei, eu sei…
[contém spoilers]
Desde que escrevi o meu comentário sobre este livro, tive umas conversas com outros leitores e até com o autor, através do Goodreads, e nos comentários do Youtube, e aprendi mais coisas que queria partilhar convosco:
Embora já tenha mencionado o clima económico, não percebi que o livro tenha a ver com jovens de uma idade especifica, que chegou à maturidade na época de austeridade – conhecidos como a “geração a rasca“.
Assim como vários outros livros (o “Ulysses” de James Joyce é o mais óbvio), o romance tem um modelo, ou um padrão na mitologia grega, especificamente os deuses Apolo e Dioniso. Confesso que mal conheço a história deles, e é por isso que não percebi a ligação, apesar da nota de rodapé ao fundo da página 113.
O video no canal “Aprendiz de Leitor” lembrou-me que o nome do livro – Ruínas – refere-se à memoria – “As memórias são como ruínas, sim”. No desenlace, o autor remete para o primeiro capítulo, e a ligação entre a memória e os sentidos (o cheiro a gasolina, que, neste livro, funciona como o sabor das madeleines de Proust*). Ainda por cima (na minha opinião), pode ser igualmente uma metáfora das vidas das personagens: Um é morto, um desapareceu, e o narrador sente a falta deles. As vidas deles e os sonhos para o futuro, e o potencial que cada um possuiu – todos ficaram em ruínas. Mas o livro não é pessimista, e deixa o leitor com esperança de algo a surgir das ruínas.
*=Like most people, this is literally the only thing I know about Proust: he ate some little cakes and wrote a really long book about it.
This post and the previous one, with a couple of footnotes are now on Goodreads.
Thanks again to Fernanda for the patient help with corrections for this text