No segundo Capítulo de “Doze Segredos da Língua Portuguesa”, o Marco Neves fala de sotaques, e faz a pergunta “Existe uma língua padrão, sem sotaques?”
Pois claro, não há. Se alguém falasse sem sotaque, soaria como se fosse um robot. Na realidade, cada um tem o seu própria sotaque, que revela donde é, de qual classe vem, quantos anos tem, e ainda mais.
Este ponto de vista é muito liberal e lembra-nos que ninguém tem o direito de dizer que a sua maneira de falar é melhor do que a do resto do país. Sinto-me confortável com este modo de pensar até que encontrar um cidadão dos Estados Unidos que diz “adoro o seu sotaque inglês! É tão fofo!” Então, de repente, esqueço-me da opinião filosófica e começo a gritar “NÃO SOU EU QUE TENHO SOTAQUE, RAIOS PARTA, ÉS TU!!!*”
Obrigado pela ajuda, Lais e Sofia
*=someone who didn’t understand the point of this daft joke, pointed out that I do have an accent. This is a bit depressing since it seems to imply I’d failed to convey the point I was trying to make but my reply was: “Isso mesmo! Só queria dizer que todos temos os nossos próprias de vista, incluindo eu, e não é sempre racional e razoável. Imagino que inglês é inglês-inglês e inglês americano é um perversão grotesco falado por Trump. Por outro lado, para os americanos, nós parecemos personagens dum filme antigo que nos vistamos como Robin Hood e adoremos a rainha. Uma vez, um gajo americano perguntou-me “poderias simplesmente largar o teu sotaque e falar numa maneira normal como nós”? Ora bem, eu sei que ambos tínhamos um sotaque mas o meu orgulho nacional tomou controlo e a minha resposta era “a língua chama-se inglês porque vem da Inglaterra, pá! és tu que tens sotaque!” Como penses que reagirias se um brasileiro te fizesse a mesma pergunta?”