Anteontem, vi um filme moçambicano chamado “Comboio de Sal e Açúcar”, que já ganhou muitos prémios internacionais, e foi o filme submetido por Moçambique aos Óscares na categoria de “Melhor Filme Em Língua Estrangeira” (embora não tenha conseguido entrar na lista de candidatos seleccionados). Os sotaques dos actores eram bastantes difíceis mas felizmente todos falavam devagarinho e portanto não tive problemas em seguir o diálogo.
O enredo desenrola-se no país durante a guerra civil que ocorreu durante os anos oitenta. Logo no inicio do filme, um grupo de viajantes embarca num comboio. Um grupo de soldados, liderados por um comandante intimidante, conhecido como “Sete Maneiras” (protagonizado por António Nipita) acompanha-os para proteger os viajantes e a carga de sal e açúcar nos vagões. Claro, os passageiros têm de aguentar muitos perigos e dificuldades por causa da guerra. A maior parte do perigo vem dos rebeldes que os atacavam, mas também havia buracos no caminho-de-ferro, árvores caídas e outros obstáculos que era preciso de superar. Todas as vezes, os soldados mandaram os viajantes resolver o problema.
Além disso, logo depois do início da viaja, torna-se claro que nem todos os soldados estavam motivados pela lealdade para com* o seu país. Tendo sido brutalizados por anos de guerra, faltava-lhes disciplina, e pareciam acreditar que os passageiros lhes deviam estar agradecidos, que tinham direitos a roubar os conteúdos de alguns vagões, e ainda pior, que as passageiras eram propriedade sua. O comandante fecha os olhos a estes assaltos, até ao momento em que Salomão, o pior de todos, é morto por um outro soldado que tinha mais coragem e mais conhecimento do seu dever como soldado para com o cidadãos. No fim, com Salomão morto, o comandante recusou-se a deixar os outros soldados enterrar o cadáver dele porque não merecia essa honra.
O filme mostra a brutalidade da guerra. Tantas vidas foram desperdiçadas, e tantas crianças testemunharam esse horror. Na ultima cena, o comboio chega ao destino com o corpo dum rebelde morto atado à frente da locomotiva, e um grupo de rapazes atiraram-lhe pedras. É uma cena muito intensa, e eu reconheço que é provável que esteja a dar a impressão de que é muito deprimente, mas não é! Manteve o meu interesse com a sua qualidade.
*=I originally wrote “pelo”. “Para com” looked so strange I thought it was a typo in the correction but that’s how you say “towards” as in “he felt loyalty towards is country”
Thanks Fernanda for her corrections on this and to Antonio for the Brazilian perspective
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