Está muito frio aqui em Aylesbury, e sinto o tempo ainda mais porque ontem estive no Porto. Fui para pedir a cidadania portuguesa. Como alguns de vocês já sabem, a nossa família é anglo-portuguesa (ou seja luso-britânica). Não votámos para aquela tolice do Brexit mas quer queiramos quer não, parece cada vez mais inevitável que vai acontecer portanto todos nós ingleses casados com estrangeiros temos de pensar no futuro. Ninguém sabe precisamente o que vai acontecer, nem sequer a Primeira Ministra.
Eu e a minha mulher decidimos que o melhor plano de acção era obter dupla cidadania para todos nós. Portanto, ela está a pedir atribuição de “settled status” (estatuto de residente permanente) e eu e a nossa filha vamos tornarmo-nos portugueses. Depois, venha o que vier, ficaremos juntos e se Deus e o partido conservador quiserem, teremos mais opções do que teriam tido senão.
Pôr o processo em andamento foi um desafio. Foi muito acidentado, e encontrei alguns funcionários pouco simpáticos mas afinal, o Porto é uma cidade lindíssima, e adorei o meu pesadelo burocrático no paraíso. Acabei por ficar lá mais um dia. Um homem muito prestativo ajudou-me. Ainda não marquei golo, mas a bola passou por cima do guarda-redes e está quase através da linha do golo*
Tenho sentimentos mistos sobre isto da dupla cidadania. Não é algo que consideraria antes do Brexit, mas sinto-me confortável com a decisão, apesar disso. É a terra da minha esposa. Falo a língua (mais ou menos). Gosto da música, a comida, adoro a literatura. Claro não sou literalmente português, mas espero que cada dia que passe, merecerei a honra de dizer “eu sou português”
*There y’go, a futebol analogy – I’m half way there already!