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Segredos da Língua Portuguesa (Marco Neves) #4

No quarto capítulo do seu livro “Doze Segredos Da Língua Portuguesa”, Marco Neves lista as dez línguas de Portugal (Dez? Sim. dez, embora algumas sejam faladas só..hum… em Espanha) e faz uma tentativa de responder à pergunta “há línguas piores do que outras?” Aprendi muito com esta primeira secção. Como o autor diz, as dez “nem sequer inclu[em] o inglês algarvio”, e não fazia ideia que havia tantos idiomas no país. Quanto à segunda parte… hum… considero que a sua explicação do mecanismo que torna as línguas mais ou menos complicadas não seja completamente convincente. Pois, claro, como estrangeiro, estou a tornar a língua mais simples pelo método de fazer tantos erros (querido leitor, imploro-te não impeça este processo por corrigindo-os!) mas quando tento imaginar um processo que possa tornar o inglês mais complicado, não consigo. Será que alguém introduziria uma sistema de géneros arbitrários se não invadíssemos um outro país nos próximos séculos? Acho que não.

Mas, diga-se o que se disser, devo admitir que não tenho a sua formação em línguas e é mais do que possível que esteja enganado, e como sempre, tenho muito interesse no assunto, e opiniões polémicas são sempre bem vindas, embora nem sempre concorde!

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Segredos da Língua Portuguesa (Marco Neves) #3

O terceiro capítulo do meu livro é o meu favorito até agora. É um discurso sobre línguas e as suas ligações aos conceitos de identidade nacional e fraternidade entre países. Faz referência  ao “imperialismo linguístico” de Vladimir Putin e as tácticas de ditadores de todas as épocas, em que a língua nativa do povo subjugado se esconde, ou ainda melhor se elimina da escola e da praça pública para que possam arrasar o espírito das pessoas. Também se trata da topografia das línguas que surgiram da raiz latina na Europa, evoluíram por percursos diferentes, e escolheram as suas próprias ortografias. O alvo do autor, digamos assim, é o Acordo Ortográfico, que tem o objectivo de apagar as diferenças entre o português brasileiro e o português europeu (ou seja entre as formas escritas), de maneira a apagarem pequenas diferenças que uma grande parte do povo do país mais pequeno considera muito importante para a sua auto-estima. Portanto, tem-se encontrado uma resistência teimosa por pessoas que se sentem ameaçadas por uma cultura mais poderosa.

O capítulo é muito interessante e alimenta mesmo a reflexão. Além disso*, é escrito num estilo muito nítido. Apesar da complexidade do assunto, até um estudante de Português, tal como eu, poderá entender.

Thanks to Sofia and Carla for the corrections

*=I wrote “ainda por cima” which means the same kind of thing but it’s more negative. This bad thing happened and ainda por cima this even worse thing happened as opposed to “além disso”: I baked a cake and além diddo I made biscuits too

 

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Segredos da Língua Portuguesa (Marco Neves) #2

No segundo Capítulo de “Doze Segredos da Língua Portuguesa”, o Marco Neves fala de sotaques, e faz a pergunta “Existe uma língua padrão, sem sotaques?”

Pois claro, não há. Se alguém falasse sem sotaque, soaria como se fosse um robot. Na realidade, cada um tem o seu própria sotaque, que revela donde é, de qual classe vem, quantos anos tem, e ainda mais.

Este ponto de vista é muito liberal e lembra-nos que ninguém tem o direito de dizer que a sua maneira de falar é melhor do que a do resto do país. Sinto-me confortável com este modo de pensar até que encontrar um cidadão dos Estados Unidos que diz “adoro o seu sotaque inglês! É tão fofo!” Então, de repente, esqueço-me da opinião filosófica e começo a gritar “NÃO SOU EU QUE TENHO SOTAQUE, RAIOS PARTA, ÉS TU!!!*”

 

Obrigado pela ajuda, Lais e Sofia

*=someone who didn’t understand the point of this daft joke, pointed out that I do have an accent. This is a bit depressing since it seems to imply I’d failed to convey the point I was trying to make but my reply was: “Isso mesmo! Só queria dizer que todos temos os nossos próprias de vista, incluindo eu, e não é sempre racional e razoável. Imagino que inglês é inglês-inglês e inglês americano é um perversão grotesco falado por Trump. Por outro lado, para os americanos, nós parecemos personagens dum filme antigo que nos vistamos como Robin Hood e adoremos a rainha. Uma vez, um gajo americano perguntou-me “poderias simplesmente largar o teu sotaque e falar numa maneira normal como nós”? Ora bem, eu sei que ambos tínhamos um sotaque mas o meu orgulho nacional tomou controlo e a minha resposta era “a língua chama-se inglês porque vem da Inglaterra, pá! és tu que tens sotaque!” Como penses que reagirias se um brasileiro te fizesse a mesma pergunta?”

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Segredos da Língua Portuguesa (Marco Neves) #1

O primeiro capítulo do livro “Doze Segredos Da Língua Portuguesa” de Marco Neves é a sua tentativa lidar com a problema difícil de “saudade” e, mais geralmente, de palavras não traduzíveis.

O seu argumento é que esta questão nunca se trata de palavras literalmente intraduzíveis. Para elucidar este ponto de vista, há duas linhas de pensamento*. Por um lado, é sempre possível, traduzir qualquer palavra mas pode-se precisar de uma frase, ou pelo menos precisar que acrescente um adjectivo. Por outro lado, há muitas palavras aparentemente fáceis que se tornam, quando pensarmos nelas, mais complicadas. Quando um alemão diz “pão” em vez de “brot”, achamos que o entendemos, mas a imagem na sua mente é de uma comida escura e pesada, feita de centeio. Não é a mesma coisa do que o que está na cabeça dum ouvinte inglês ou português, e por isso, podemos dizer que é um tradução fiel?

Eu não tenho paciência para isso, mas afinal, chegou à conclusão certa. O que estas palavras nos dizem é: quais são os conceitos específicos que a gente se sente o suficiente que valha a pena inventar uma palavra especifica para não ser prolixo.  No final do capítulo, o autor dá muitos exemplos bonitos de tais palavras intraduzíveis de várias línguas.

 

*=originally “ataque” but apparently portuguese arguments don’t have lines of attack, the reasonable, fair-minded bastards!