Posted in Portuguese

Vinte e Cinco a Sete Vozes

Vinte e Cinco a Sete Vozes de Alice Vieira
Aligned to the left, as it should be…

Hoje é o dia 25 de Abril, portanto parecia-me apropriado ler alguma coisa que falasse do aniversário do estabelecimento da democracia em Portugal. A autora, Alice Vieira conta a história através de um conjunto de 7 pessoas, cada uma a falar com uma menina que está a fazer uma pesquisa sobre a revolução.  Os narradores contam as suas experiências à menina e falam com ela*, mas ouvimos apenas as vozes dos testemunhos, e o diálogo não é diálogo mas sim um monólogo capturado no gravador da protagonista silenciosa!

O livro foi lançado em 1999, 25 anos após os tanques darem à luz uma nova fase na história do país. Naquela altura, havia quem estivesse preocupado com a falta de entendimento dos eventos do passado. Hoje passaram-se mais 25 e os resultados da recente eleição indicam que talvez haja ainda menos entendimento, já que os anos setenta parecem um conto datado.

*I wrote “falar a ela” because all the dialogue is just their side of the conversation. “Falar com ela” seemed to suggest two-way traffic which is why I avoided it. It’s a little like listening to one side of a telephone conversation. You know there’s someone else involved but you can only hear the person next to you on the train. In the end, I put “com” back in but altered the corrected sentence a bit to reframe it. I hope it makes sense!

Posted in English

Newsprint Time Machine

The Guardian has republished its archive story from 50 years ago about the revolution. It’s pretty thorough and covers the background to the revolution, the main players and some of the more dramatic events, like the incident where the tank commander orders his men to fire on the rebels but they refuse. It’s a tense moment in the movie Capitães de Abril, but I was never sure if it was real or an embellishment.

Posted in Portuguese

Reading (and Watching) List

Reading a book

Eis a minha lista de livros para quem quiser saber mais sobre a revolução em Portugal, e os anos antes e logo depois

Livros já lidos

Livros que quero ler mas ainda não li

Livros que não li porque não são livros mas sim filmes

  • Capitães de Abril (disponível aqui em português e acho que o Apple TV tem uma versão dobrada ou legendada mas não tenho)
  • Escolha insólita: Prazer Camaradas é estranho mas numa maneira interessante. Existe uma versão gratuita no Arquivo da Internet mas não experimentei porque tenho um DVD portanto sei lá o quão nítida é a imagem. Boa sorte!)
Posted in Portuguese

Free Buarquing

Já publiquei uma tradução de outra canção de Chico Buarque, mas ouvi falar desta em relação às comemorações do aniversário da Revolução dos Cravos. Hum… não me sinto grande fã deste artista, mas cada vez que escuto com mais atenção uma música dele, adoro-a e aprendo muito. Acho que chegou a hora de ouvir os seus discos todos.

(Ah ah ah, discos, sim, escute os seus discos, avô, nós estamos a ouvir no Spotify)

“Tanto Mar” é uma música que ilustra certas coisas sobre a época e sobre a relação entre os dois países, Portugal e o Brasil. Existem duas versões na Internet, e eu pensei, “está bem, a segunda é uma gravação nova da mesma canção”. Mas não é! O cantor escreveu a primeira versão em 1975, um ano depois da revolução e dedicou-a ao povo português – ou melhor, à revolução em si. Naquela altura, o Brasil também estava em plena ditadura militar (um governo que permaneceu em vigor desde 1964 até 1985), portanto a revolução no país menor deu motivo para esperança no maior. As letras refletem aquela esperança mas por isso mesmo, foram censuradas pela ditadura brasileira.

A segunda versão foi lançada 3 anos depois, em 1978, mas desta vez com letra atualizada. Existe um sentimento agridoce perante a crise de 25 de Novembro, o enfraquecimento dos objetivos da revolução e a realidade que a passagem dos anos trouxe. Mas apesar de tudo, a esperança é ainda evidente.

Em baixo, traduzi as duas versões. Gosto da simplicidade da poesia. Um escritor menos talentoso teria tentado escrever algo maior, e teria enchido cada verso de sentimentalismo e cliché, mas esta letra é curta e limpa e não tem uma única palavra a mais.

Just a reminder, obviously, this is in PT-BR, so in case anyone is avoiding brazilian accents on their learning journey, allow me to sound the 📢#BRAZILIANPORTUGUESEKLAXON📢 as a warning.

PortuguêsInglês
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
I know you’re having a party, man
I’m glad
And while I’m away
Save a carnation for me
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente alguma flor
No teu jardim
I wanted to be at the party, man
With your people
And pick a flower in person
in your garden
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
I know there are miles* between us
So much sea, so much sea
And I know how much we’d have to
Navigate, navigate**
Lá faz primavera pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
It’s spring there, man
Here, I’m sick
Send, urgently, some
Fleeting scent of rosemary
PortuguêsInglês
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
It was a great party, man
It made me happy
I still hold stubbornly
An old carnation for myself
Já murcharam em tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Em algum canto de jardim
The (flowers) withered at your party man
But certainly
They left a seed
In some corner of the garden
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
I know there are miles* between us
So much sea, so much sea
And I know how much we’d have to
Navigate, navigate**
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
Sing the spring, man
Here I am in need
Send me again
Some fleeting scent of rosemary

* =Léguas is more like leagues but it would sound confusing in english so I fudged it

**Maybe I should have fudged this one too: naveger is much more specifically about travelling in a ship, as opposed to english where it’s more like “finding your way”

Posted in English

The Big 5-0

We’re approaching the fiftieth anniversary of the Carnation Revolution, which falls on this coming Thursday and I’ve got a couple of ideas for related blog posts. I’m not sure how many I’ll get through, but it’ll be nice to have a challenge!

I’ve written a few posts about the revolution in the past of course. For example, here’s one about The most influential Eurovision song ever, but there’s a lot to write about.

Anyway, before I start, please enjoy this very lovely instagram post from a portuguese creator I follow on Instagram. I have a few of her products at home, and I am not surprised this one sold out so quickly on t-shirts and tote bags. Limited print run: you snooze, you lose!

Posted in Portuguese

A Semana Política – The Bad Old Days

A minha esposa enviou-me este vídeo durante o seu turno da noite. Faz parte de uma série de textos lançada pelo jornal Público para comemorar 50 anos de liberdade.

É um pouco fora do tema da semana mas convém lembrar de que existem políticos que trabalham dia após dia para fazer o relógio andar para trás e devolver o país àquela época. Dois dias atrás, partilhei um vídeo de um candidato do Ergue-te a elogiar Salazar. É um meme, sim, porque o homem é tão burro, mas também é mais do que um meme…

Posted in Portuguese

A Revolução dos Cravos

Hoje, lembramo-nos dos membros das forças armadas que derrubaram o governo salazarista, devolvendo a Portugal a sua liberdade. Logo depois, as guerras em África terminaram*. Foi um processo penoso mas durante os anos que se seguiram, aquele ato de coragem por parte dos militares melhorou as vidas de milhões de pessoas e foi realizado quase sem derramamento de sangue – apesar de elementos da DGS terem aberto fogo sobre a população a porta da sede da PIDE. Quem me dera que mais revoluções fossem assim tão pacíficas e eficazes.

A propósito, durante os meses iniciais de aprender português, ouvi esta frase num podcast mas percebi “A Revolução de Escravos” que faz sentido até certo ponto. Já sei que “de escravos” não seria gramaticalmente correto mas para mim, um jovem de quarenta-e-tal anos, sem experiência neste mundo confuso de gramática portuguesa, nem sabia melhor.

*i wrote “foram levadas ao fim”, trying for “brought to an end” but I think it has more a sense of “carried to their end”, which is pretty much the opposite of what I was aiming for!