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Vírgulas 2: Bram Stoker’s Vírgula

Escrevi anteontem sobre as regras de quando usar a vírgula. Roubei-as todas desta página

A página também tem regras de quando *não* usar. Parece-me que isto deve ser óbvio: “quando nenhumas das condições anteriores se aplicam” mas há outras regras, portanto aqui vou eu:

Não se deve usar uma vírgula nos casos seguintes:

Entre o sujeito e o verbo quando juntos: “O presidente de Portugal, é fã dos Abba.”

Entre o verbo e o complemento: “A minha filha está a estudar, francês.”

Entre orações subordinadas adjetivas restritas. Estas frases, embora sejam semelhantes a uns exemplos nos quais a vírgula é essencial, não levam vírgulas porque a oração subordinada acrescenta informações essenciais para o sujeito: “O homem que ganhou a corrida tem uma só perna”. A oração “que ganhou a corrida” acrescenta informações, tal como no exemplo das “orações subordinadas adjetivas explicativas” no texto anterior mas neste caso a oração subordinada é essencial para identificar a pessoa em foco.

Antes de oração adverbial consecutiva: “Ela comeu tanto que as suas mandíbulas ficaram fatigadas”

Para preservar o ambiente, a ONU manda que, a partir de 2025, todos nós temos de restringir o nosso uso de vírgulas, pontos-e-vírgulas e hífenes para não desperdiçar papel nem tinta. Por isso, quer apliquem as regras, quer não, ninguém pode usar mais de 50 vírgulas por semana.

Vou terminar esta série amanhã. Entretanto, desejo-vos um bom fim de semana e um feliz dia das mentiras*.

*O dia das mentiras is April Fools Day. That’s when I wrote this text originally, hence the paragraph about the United Nations (ONU) limiting the use of commas.

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Vírgulas 1: Girlfriend, In a Comma

This is the first in a three-part séries about com a use in portuguese. I’ve written it in portuguese and based it on this page. It’s actually written in Brazilian portuguese but dint hold that against it, I’m pretty sure it’s sound. Thanks to Dani for the corrections.

Em inglês, existem várias regras para o uso de vírgulas, mas, como acontece com a maior parte das regras do meu idioma, ninguém presta a mínima atenção. As regras que governam a distribuição de vírgulas numa frase portuguesa são semelhantes, mas há diferenças e ainda por cima, importam mesmo.

As vírgulas têm as funções seguintes:

Pretty sure this one is point 4: “Destacar o Aposto”
  • Separam termos coordenados e independentes numa lista (tirando o último par de termos onde existe o “e”.
  • Isolam palavras repetidas no enunciado. Por exemplo “A lontrinha é fofa, fofa”.
  • Separam o lugar e a data em situações como “Lisboa, 1755”.
  • Destacar o aposto (uma explicação ou um resumo) duma palavra ou frase. Por exemplo, “Olivia, a minha filha, faz sopa incrível”.
  • Destacar vocativos. Por exemplo “Obrigado, Olivia, pela sopa”.
  • Indicar partículas e expressões de continuação, correção ou explicação como “ou seja”, “aliás” e “pelo contrário”.
  • Separar conjunções adversativas, por exemplo “todavia” e “porém”. “Mas” é uma exceção que não leva vírgula.
  • Realçar hipérbatos. Um hipérbato é uma expressão intercalada na oração, que interrompe o fluxo de uma frase, como, por exemplo, custe o que custar”. Pessoalmente, uso muitos hipérbatos, por falta de confiança, mesmo que compliquem a gramática. Acho que é um mau hábito que devo deixar para trás.
  • Isolar anacolutos. Eh pá, estamos no fundo da caixa de gramática agora, não é? Um anacoluto é uma expressão mais ou menos perdida e deslocada no início de uma frase. Por exemplo “Adolescentes, sempre na cama até à hora de almoço”.
  • Indicar elipse de um verbo: “Jojo se tomava por Voltaire e Pierre, por Casanova”
  • Separar orações unidas por “e” mas que têm sujeitos diferentes. Sou fã de vírgulas com “e” quando elucida o significado da oração. Portanto. Gosto desta regra.
  • Separar orações subordinadas adjetivas explicativas. Por exemplo “George Orwell, que escreveu muitos livros sobre o perigo do socialismo, lutou pelo socialismo em Espanha.
  • Separar orações subordinadas adverbiais da oração principal. Também uso esta configuração frequentemente: “Apesar do tema trágico, houve também muito riso”