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As Redes Sociais e a Democracia

As notícias da semana passada demonstraram, para quem ainda não soubesse, que há um problema muito grave que está a afligir os nossos sistemas democráticos. É um problema unicamente moderno, que surgiu nos primórdios da época das redes sociais e estava a crescer, ano após ano, enquanto todo a gente se tornava todos os anos viciado nestes sites.

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O modelo negocial duma rede social consiste em vender os dados pessoais dos utilizadores. De forma geral, assumimos que os clientes são agências publicitárias, e aceitamos que vermos anúncios em cada página é justo em troca de um serviço útil e gratuito. Mas agora fica claro que existem empresas que aproveitam este oceano de dados para influenciar a sociedade através do método de mostrar anúncios e notícias falsas, direccionadas a cada um dos eleitores. Isso ultrapassa o efeito das publicidades tradicionais porque pode manipular não só os medos e as esperanças específicas das pessoas mas também a percepção da realidade. O resultado: ainda menos diálogo, ainda mais polarização entre a direita e a esquerda, e uma diminuição da confiança na democracia. É muito, mas mesmo muito importante restabelecermos um diálogo entre iguais, sem influência das empresas, ou das forças desconhecidas que os usam.

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Quero Escrever um Blogue Mas a Minha Esposa Não me Deixa

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Uma das vantagens de trabalhar em casa é isto: é possível mudar as horas de trabalho se tiver vontade. Ontem, por exemplo, saí de casa na hora de almoço para assistir a um discurso da Diane Atkinson, uma escritora de não-ficção. O seu livro mais recente é “Rise Up Women” (Surjam, mulheres!). É um grande calhamaço que conta a história do movimento sufragista no Reino Unido, e as vidas das mulheres extraordinárias que fizeram parte da luta para os direitos das mulheres votarem.
O movimento começou numa maneira pacífica, mas tornou-se cada vez mais amargo quando os políticos masculinos recusaram a considerar a mudança. Mais mulheres ficaram presas e alguns grupos decidiram cometer actos de violência para mostrar a sua raiva contra o governo. Durante as suas sentenças, muitas vezes foram forçado a comer através dum tubo, enfiado dentro das suas gargantas. Hoje em dia, reconhecemos isto como uma forma de tortura.
f2a0cab5440b617690a80e4d625c345c.jpgAcompanhando o discurso, a escritora mostrou exemplos de fotografias tiradas pela polícia destas criminosas deploráveis, e desenhos satíricos nos jornais. Um tema muito forte neste género de piada foi um marido que se torna escravo na sua própria casa por culpa duma mulher Sufragista. Faz-me lembrar as queixas de certos homens de hoje que resmungam “o feminismo já foi longe demais!”

Thanks to Sofia, Mateus and André  for their help with corrections.
To be honest, I was quite surprised that there even was a different word for “Suffragette” and I’m not 100% sure it’s legit to translate it. In english there’s a difference between “Suffragists” and the more militant groups who became known (pejoratively) as Suffragettes and I tend to think if that name as fixed, like the name of a party of a band or a football team that would just be used in any other language without needing to be translated,  but since two out of the three people who corrected the text changed “Suffragette” to “Suffragista” I guess maybe I have the wrong end of the stick.
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Citação*

Quem vende a liberdade em troca de segurança não merece nem liberdade nem segurança
Ben Franklin

I wrote this o iTalki after a (to me) somewhat surprising exchange with a Portuguese teacher who told me that Salazar was pretty good, rightfully still popular (for example….) and that if he were still in charge, everyone would be better off. Furthermore, the captains who deposed him in the Revolução Dos Cravos should have been locked up.

Discussing this opinion with other portuguese people, one said it was commonly held among less educated people (like voting Trump, like supporting Brexit…) and another said “replies “OMG a juventude de Portugal está perdida”

 

*=I originally wrote “cotação” which does mean “quotation” but in the sense of an estimated cost.

 

Muito Obrigado a Sofia, Natan, William pela ajuda

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As Notícias Do Brexshit

_98357533_mediaitem98357532Talvez já saibam que não sou fã do Brexit. O nosso governo aqui em Inglaterra está dividido, um contra o outro por causa deste referendo, efectuado numa atmosfera de hostilidade e nostalgia duma época dourada imaginária. Hoje, foi anunciado que o governo pretende começar a adicionar cidadãos europeus a um novo registo. Apenas europeus, mas não cidadãos dos outros países. E por quê? Porque devemos aguentar tanta estupidez? Porque querem trazer tantas chatices às vidas dos portugueses, alemães, franceses, dinamarqueses que vivem cá? Não faz sentido nenhum. Todos nós merecemos liberdade e temos o direito a uma vida sem interferência.

Os europeus, incluindo os ingleses hão-de permanecer juntos e trabalhar pelo benefício de todos.

 

Thanks Joaquim, Máyra, Andressa and Renata for helping me correct the text

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1986

I keep seeing Nuno Markl post stills from his new show “1986 A Serie” which looks like a slice of eighties nortalgia set against a backdrop of politics from the day. I hope it’s good and that I am sharp enough to actually understand what’s going on!

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A Marcha Do Orgulho Gay

19932786_1342833149170542_6540895661758349312_n(1)Hoje de tarde, fui com algumas outras pessoas à Marcha do Orgulho Gay (também conhecido como “Orgulho em Londres” ou “O Amor Acontece Aqui”). A minha filha apoia os direitos iguais para toda a gente, e crê que a sociedade não dá respeito suficiente aos cidadãos LGBT .
A marcha foi muito divertida. Assistimos durante uma hora com uma amiga dela enquanto que todos os tipos de ser humano passaram à nossa frente: enfermeiras transsexuais, bombeiros gays, drag queens com barbas e sapatos de salto alto, motociclistas lésbicas… Ora bem, podes imaginar a cena. E cada um vestiu-se com bandeiras (como xailes), maquilhagem com as cores do arco íris, e roupas ultrajantes. A atmosfera na cidade parecia uma festa gigante. Havia sorrisos e celebrações por toda a parte.
Para ser honesto, não me importa muito. Ou seja, eu sei que é um assunto importante mas não é uma das minhas preocupações, mas para a menina, ela importa-se, e fico contente de ver que ela tem os seus interesses e que está preparada para os defender.

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Vamos Caçar Uma Raposa

basil-brush-largeMais política – peço desculpa! 🙂
Um aspecto muito estranho nesta eleição é a prometa do partido conservador deixar-nos a votar sobre a reintrodução da caça das raposas com cães. Esta tradição rural tornou-se ilegal há mais ou menos treze anos durante o governo de Tony Blair.
A caça consiste em uma malta de pessoas ricas ou dos restos das classes feudais, montadas em cavalos, e vestidas com casacos cores-de-rosa, perneiras brancas, capacetes e botas, tudo a correr atrás duma raposa. Junto com eles, há um grupo de cães e um grupo de pessoas de classes baixas que ajudam por identificando uma raposa para caçar. Quando os cães apanham a raposa, é rasgada entre eles, e a tradição diz que o sangue do animal deve de ser pintado no rosto duma pessoa que participa pela primeira vez.
Claro que os agricultores precisam de controlar a população de raposas na quinta para manter as galinhas seguras, e os apoiantes da caça dizem que essa é a melhor forma de fazer isso. Afirmam que é menos cruel do que o uso de armas de fogo. Além disso, alegam que a caça é uma forma de. “sobrevivência do mais aptos”, porque apenas as raposas mais fortes, mais rápidas, mais jovens podem evitar os maxilas dos cães. Mas na minha opinião, este argumento serve os seus próprios interesses. É óbvio que a caça não é nada boa neste sentido.
Um melhor argumento é aquele que diz: o povo rural têm as suas próprias tradições. Estas tradições dão ordem na sociedade rural e criam empregos para as pessoas da área. Os políticos, e pessoas nas cidades em geral não compreendem o modo de vida rural e não têm o direito de exigirem a alguém de fazer o que quer com na sua própria terra.
Mas creio que o crer, para mim, a questão que resta: porquê agora? Com todos os problemas do país: o terrorismo, a economia, o “brexit”, porque é que acham que o mais importante é o direito de correr atrás duma raposa?

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Uma Batida Na Porta, Uma Panfleto na Caixa do Correio

Hoje, enquanto andava a bater nas portas do bairro, encontrei um homem sem roupa. Escondeu-se atrás da porta mas consegui ver a pele dos seus ombros e peito. Ugh! Falei com ele brevemente mas parei o mais depressa possível e fui-me embora. Além disso, encontrei pessoas de várias idades, apoiantes de cada partido. Encontrei também muitas casas vazias. O dia estava bonito com sol, a temperatura estava quente mas não quente de mais, portanto muitas pessoas aproveitavam o sol no parque em vez de ficarem em casa à espera de adeptos dum partido politico. Simpatizo.

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Demasiado Democracia

Desde a eleição nacional de 2015, o povo do meu bairro tem tido três oportunidades para utilizar o seu poder para escolher o governo de qualquer nível:
Em Maio de 2016, aconteceu a eleição do Presidente da Câmara de Londres. O nosso deputado (do partido conservador) candidatou-se mas falhou porque a sua campanha foi racista. Ficamos surpreendidos porque naquele ponto, parecia um homem decente.
No mês seguinte, o Reino Unido inteiro votou para sair da União Europeia. Os eleitores daqui opuseram-se à decisão por 70:30 mas este mesmo deputado apoiou-a. Claro que ficávamos chateados com isso, e para mim, casado com uma portuguesa, isto foi inaceitável!
Então, no fim do ano, o governo tomou a decisão de acrescentar a capacidade do aeroporto Heathrow apesar das manifestações. O deputado demitiu-se, o que forçou a uma nova eleição. Nesta altura, estávamos todos fartos dos bitaites dele. Votámos na candidata liberal-democrática, a Sarah Olney.
Hoje, estamos no meio de mais uma campanha. A primeira ministra, Theresa May, iniciou uma eleição geral para consolidar o seu poder antes dos negócios do Brexit em que pretende seguir um curso confronto; sair do mercado único e do tribunal europeu. Os seus principais oponentes, o partido trabalhador adoptou a mesma proposta: eles também pretendem sair do mercado único. Além disso, o candidato outrora do partido conservador voltou a candidatar-se apesar da politica do governo sobre o aeroporto. Por isso, decidi de entrar no partido liberal democrática. Passei 4 horas desta tarde a tocar nas portas da cidade para perguntar aos eleitores “em quem pretendem votar?” entre outras perguntas. É muito importante: se votássemos no conservador, depois de tudo, deveríamos de estar envergonhados. Mas paradoxalmente, há pessoas que se queixam demasiado da democracia: uma e outra vez, temos que votar. Nós ingleses acostumamo-nos a escolher entre partidos de centro-direita sem diferenças. Enfim, tudo muda; os votos importam e devemos de prestar atenção ao mundo da política.

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O Dia B

This texto has been on iTalki for a while now, which is why it’s not as topical as it once was!

Para nós ingleses que votámos contra o Brexit, a semana passada foi triste. Afinal, a primeira ministra, Theresa May mandou uma carta ao Presidente do Conselho europeu, para iníciar o que consta no artigo 50 do Tratado de Lisboa e começou o processo de saída da UE. Sem adiar, um líder outrora do partido conservador tentou provocar uma guerra contra os nossos amigos espanhóis. Tanta loucura!

Li uma piada seca numa rede social “Uma grande vantagem de ser gay é isto: Nunca vou ser obrigado a explicar aos meus netos o que aconteceu hoje”.

Infelizmente não sou gay.