Gostei muito disto: Luísa Sobral (uma cantora e a irmã do Salvador, vencedor do Festival Eurovisão de Canção vários anos atrás) apresenta o seu novo livro infantil no seu Insta
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No Meu Bairro – Lúcia Vicente
Que livrinho esquisito. A autora escreveu uma série de poemas como ferramenta para educar crianças sobre a diversidade, e sem dúvida fez um bom trabalho. Os poemas rimam bem e são divertidos e as ilustrações são bonitas. Mas escolheu usar uma linguagem inventada. Baseou-se no sistema elu (descrito neste blogue) mas a autora acrescentou mais mudanças para ser ainda mais “inclusiva”. Existem professores que aceitariam um livro com palavras inventadas, não de forma lúdica mas com propósito didático, para impor uma reforma ortográfica como se as ditas palavras fizessem parte da língua partilhada pelo povo?
Acho muito estranho que pessoas que aceitam que uma cadeira seja feminina (quer dizer que a palavra o seja) e o conceito de medo seja masculino, sentirão a necessidade de criar uma sistema gramatical neutro mas só para falar sobre pessoas. E isto torna-se ainda mais parvo quando percebemos que a palavra “pessoa” é feminina. Será que ela acha um grande insulto referir ao seu ilustrador, Tiago M como “uma pessoa”?
Existem algumas mudanças do sistema de género que (na minha humilde opinião) fariam todo o sentido, e já falei delas no mesmo blogue mas desta forma, eu (como estrangeiro…), achei o sistema sem pés nem cabeça.
Mas tendo feito estas queixas sobre a gramática, achei a atitude da autora muito simpática. Ela ilustra os pontos de vista de um rapaz muito constrangido, uma rapariga que anda de cadeira de rodas, uma cigana, uma imigrante e vários outros. Até as duas crianças para quais o género é a tema principal da sua história, o Rodrigo (um rapaz que não encaixa dentro do estereótipo de comportamento masculino) e a Maria Miguel (uma rapariga que gosta de atividades, penteados e roupas estereotipicamente masculinos e por isso acha que muda do sexo de dia para dia) são tratados de forma sensível. Os pais e os professores deixam-nos experimentar e exprimir-se como querem, sem pressão e sem interferência de adultos bem intencionados mas estúpidos. Acho que, num livro americano, seriam capazes de ter um desfecho muito mais escuro.
Em suma, este livro apresenta um conjunto de poemas divertidos e educativos, mas estragados pela presença de algumas palavras feias distribuídas aleatoriamente através do texto.

Se quiseres saber mais sobre o sistema elu em vez de ler apenas os meus resmungos de velho, aqui está a página a qual a autora refere no apêndice.

O Pequeno Livro dos Medos Sergio Godinho
O Pequeno Livro dos Medos é um livro infantil que está disponível como Audiolivro na livraria Wook. O autor fala, sob a perspetiva de uma criança, sobre o significado da palavra e como nós sentimos esta emoção tão constrangedora. O terceiro capítulo é um conto, lido ao narrador pelo avô dele que foi originalmente escrito para o seu filho (ou seja para o pai do narrador quando era jovem… eh pá, esta frase precisa de uma árvore geneológica para ilustrar estes relacionamentos, não é?).
Sendo um livro infantil, a linguagem é muito fácil em termos da gramática, mas o seu estilo* não é tão simples que se torne aborrecido para leitores mais crescidos. Recomendo para quem nunca tenha lido** um Audiolivro em português, mas queria experimentar.
*I wrote “estilo de escrever” but it sounds redundant since estilo is more specific than “style” (definition 6 here)
**Nesta casa, não aceitamos que ouvir um audiolivro “não conte” como leitura!
Thanks to Cristina of Say it in Portuguese for unfudging this box of chocolates
Manoelzinho

Hoje, dei por mim sozinho e sem livro num café. Que pesadelo. De forma geral não gosto do kindle mas tenho alguns livros numa aplicação no meu telemóvel para tais emergências. Havia um livro infantil chamado “Manoelzinho”. 41 páginas. Perfeito para uma estadia de 10 minutos!
O livro conta a história de um coelho que não gosta de cenouras. Em vez de comer raízes, come chocolate. Por isso, em breve, Manoelzinho fica com um dente furado e isso é um bom lembrete para comer coisas saudáveis e escovar os dentes.
O Mistério do Coelho Pensante
Este livro é um conto infantil escrito pela autora brasileira Clarice Lispector para divertir os seus filhos. Explica a forma de como os coelhos pensam: franzem e desfranzem os narizes rapidamente para “cheirar” uma ideia e assim conseguem imaginar um plano para se safarem da sua gaiola*.
*The word used in the original book is Casinhola but that seems to be a brasileirismo
Se Eu Fosse Um Livro – José Jorge Letria
Quick review of this one. As it says in the text, you can enjoy the repetitive use of the imperfect subjunctive and call it homework for the B2 exam. It’s pretty basic apart from that though because it’s a children’s book.
Este livro fala da leitura. Repete-se em cada página a frase “se eu fosse um livro…” e logo a seguir um desejo que um livro poderia sentir. Muitas vezes este desejo é uma dica para os leitores de como apreciar livros ao máximo, tal como “…não gostava que me lessem só por obrigação, ou por estar na moda”
É divertido e ainda por cima, pode ser útil para quem quiser praticar os tempos verbais conjuntivos 🙂
Story Hour
One of the things that struck me after posting my list of audiobooks is that there aren’t many that are aimed at younger children, and if you’re a new reader that might be exactly what you need. I did check all the Portuguese children’s stories on Audible but with the exception of O Principezinho they were all Brazilian.
It seems like the best way to listen to stories for children is through videos. There are some on YouTube and some on the RTP Estudo em Casa site under “Hora da Leitura” (Reading Hour).
Here are a few lists you can tap into. If you want to listen to them as audiobooks, with the screen off and your phone in your pocket, there are a couple of settings you need to change on your phone, and I’ll put a video about that down at the bottom if you need it.
- Histórias de uma Quarantena (Contalá)
- Leandro Rei de Heliria (Conta-me um Conto)
- Leitura Terceiro Ciclo (Conta-me um Conto)
- My own YouTube playlist of children’s stories
- This one isn’t a playlist, but you can see the RTP Hora da Leitura videos here. Obviously, these are for home-schooling during pandemic lockdown so there’s a bit of discussion around each. If you’re reading this during a lockdown, consider watching them outside of school hours so as not to add to network traffic.
Obviously, you might be happy just to follow along with the video, especially since some of them show the actual text, or animations that can be good visual clues, but if you want to treat them like normal audiobooks, here’s a video that will explain how to set your phone up to play the audio only, even when the phone screen is off.
Leandro, Rei da Helíria – Alice Vieira

Comprei este livro sem perceber que não era uma história original de Alice Vieira. Já li 3 livros dela e esperava de algo mais ou menos semelhante. Mas logo que comecei a ler, fiquei com um a impressão de ter lido esta história anteriormente: um rei que quer abdicar ao trono, e que decide ceder o reino às suas três filhas. Antes de fazer a decisão, ele pede declarações de amor de cada uma. Duas filhas oferecem elogios muito floridos mas a terceira…
Espera lá! Conheço esta história! Li a descrição na contracapa e, como já adivinhei, a história é baseada numa peça de teatro de Shakespeare. A autora fez algumas mudanças. O Rei Leandro é uma história mais leve, até engraçada, e apropriada para leitores juvenis mas tem um enredo que muitos leitores adultos provavelmente conhecem.
A Menina Do Mar – Sophia de Mello Breyner Andresen
Este livro infantil é encantador. É um conto antigo: um menino e uma menina encontram-se. A menina é um peixe. Fica preocupada porque receia que o rapaz a vá fritar. Tipicamente, a rapariga torna-se humana mas nesta história não…

Rosa, Minha Irmã Rosa(Alice Vieira) – Opinião
Já li dois livros da mesma autora e este terceiro também é muito divertido. A protagonista é uma menina que tem 9 anos. Mora com a família e tem uma nova irmã. Apesar do título, uma grande parte da história trata das suas duas avós (das quais apenas uma ainda está viva), e as vidas duras delas quando eram novas. Um homem que mora lá na rua ficou preso antes da revolução (o livro foi escrito em. 1980). A história da família espelha a história recente do país. E a bebé? A narradora não se dá com ela no início mas ao longo dos meses, ela aprende, pouco a pouco, aceitar e amar a sua irmã.
É um livro juvenil, claro, mas Alice Vieira escreve tão bem que um adulto pode gostar também.



