Anteontem, enquanto estava na horta comunitária, coloquei umas coisinhas na pilha de compostagem: cascas de ovos, cascas de batatas, uma banana preta, uns saquinhos de chá e borras de café. Depois, fui buscar água para ensopar tudo. Quando virei em direção ao regador, ouvi um som atrás de mim, dentro do contentor de compostagem. Não pensei muito no som, mas quando cheguei ao contentor novamente, vim a perceber o que era que tinha feito o som. Uma ratazana aterrorizada saltou da compostagem, voando pelo ar, passando a 15 centímetros do meu braço direito e desapareceu a correr por um buraco ao fundo da cerca. “MuaAaaaAAAUAaehaeHee” disse eu, num perfeito sotaque lisboeta.

Acho que a criatura fofinha viu uma oportunidade de comer as delícias que acabei de despejar lá dentro, enquanto as minhas costas estavam viradas. E havia indícios da sua atividade noutros lugares; dentes de alho com marcas de dentes de rato, bulbos de narcisos e tulipas, desterrados e abandonados por todo o lado. Que chatice.
Mas apesar do susto, a vantagem deste horror é que descobri o buraco por onde entrava, e já está bloqueado com palha de aço, com uma tábua no lado dentro e uma pilha de terra no lado fora.



Não há muitas coisas para fazer nesta estação do ano. Há algumas flores a crescer perto da casinha; jacintos, narcisos e tulipas. Os primeiros botões estão a aparecer nos ramos das groselheiras e o ruibarbo está a acordar-se. Mas já comecei a preparar. Espalhei composto no solo, amarrei as amoreiras (grande frase, esta. Soa bonita!) e cortei os ramos duma árvore que lançava uma sombra através do lote e reciclei-os para fazer um canteiro elevado para os morangos.