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O Rato Roeu a Rolha da Garraaaaarrgh!

Anteontem, enquanto estava na horta comunitária, coloquei umas coisinhas na pilha de compostagem: cascas de ovos, cascas de batatas, uma banana preta, uns saquinhos de chá e borras de café. Depois, fui buscar água para ensopar tudo. Quando virei em direção ao regador, ouvi um som atrás de mim, dentro do contentor de compostagem. Não pensei muito no som, mas quando cheguei ao contentor novamente, vim a perceber o que era que tinha feito o som. Uma ratazana aterrorizada saltou da compostagem, voando pelo ar, passando a 15 centímetros do meu braço direito e desapareceu a correr por um buraco ao fundo da cerca. “MuaAaaaAAAUAaehaeHee” disse eu, num perfeito sotaque lisboeta.

Acho que a criatura fofinha viu uma oportunidade de comer as delícias que acabei de despejar lá dentro, enquanto as minhas costas estavam viradas. E havia indícios da sua atividade noutros lugares; dentes de alho com marcas de dentes de rato, bulbos de narcisos e tulipas, desterrados e abandonados por todo o lado. Que chatice.

Mas apesar do susto, a vantagem deste horror é que descobri o buraco por onde entrava, e já está bloqueado com palha de aço, com uma tábua no lado dentro e uma pilha de terra no lado fora.

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Triângualho

Chegou uma nova planta ao nosso lote de terra na horta comunitária. Tem flores delicadas e brancas. O tronco tem três lados planos, na forma de um triângulo. É muito parecido às várias flores como, por exemplo, whitebells (não sei o nome em português mas é uma espécie de jacinto), snowdrops (galanthus) ou lírio-do-vale. Fiquei curioso e perguntei a um outro subreddit: será que alguém conhece esta flor? A sua resposta surpreendeu-me. A planta é uma espécie invasiva que veio da Europa. A flor, cujo nome é “Allium Triquetrum” (“alho de três cantos”, ou, na Austrália, cebola daninha), é membro da mesma família do alho e do alho francês. É muito saborosa mas, logo que se estabelece num sítio, as sementes e as raízes espalham-se por todo o lado e, em breve, deslocam as plantas nativas. Por isso, é ilegal plantar em lugares selvagens neste país. Mas de onde veio esta planta na margem da lote? Dei uma volta pela horta. Do lado de fora da cerca existem centenas de flores brancas. No canto da rua, perto da escola, há mais umas dezenas. E, ligeiramente mais distante, à beira do Rio Tamisa há uma fila destas flores a acenar às ondas.

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Primavera

Como provavelmente já disse, temos um lotinho de terra na horta comunitária. No ano passado o tempo andava muito húmido (ai funesta Primavera!) e apesar de termos constituído uma estufa, muitas plantas faleceram (quem me dera, quem nos dera, não terem morrido nesses dias). Os tomates por exemplo, ficaram infetados de fungos* (todos os tomates que nós tínhamos plantado rebentaram-se** e desfizeram-se). Ainda por cima, a construção da estufa levou tanto tempo que não conseguimos plantar sementes no início da estação de cultivo***.

A horta comunitária

Mas neste ano, conseguimos pôr tudo em andamento muito cedo. Plantamos uns alhos franceses, favas e cebolinhas no Outono que estão quase prestes a colher. Além disso, temos sementes na estufa que estão a crescer e os morangueiros**** ainda têm flores. Quando vamos por lá, tudo tem aspecto prometedor. Com sorte, vamos ter umas boas saladas este ano!

* Infected with funguses (fungos) not just fungus (fungo). It’s more natural to use the plural in this kind of situation.

** I originally used “quebrar” but that’s more usual when you’re talking about hard, solid objects breaking. In this case they burst (rebentar) or split (rachar)

*** The growing season

**** A good example of a word where changing the last letter doesnt just change whether you are referring to a man or a woman but changes what it actually is that you’re referring to: morangueiro = strawberry plant / morangueira = strawberry seller

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Morte às Lesmas

Today’s text is back in the garden. Thanks to ThisCatIsConfused for the help with this one. Notes at the bottom.

Estou a pensar em comprar algo para acabar com as lesmas da minha horta porque andam a comer tudo. O tempo aqui em Londres permanece húmido, abafado* e nublado. Perfeito para os moluscos. E assim falecem as abóbaras e os feijões todos.
Mas existem produtos químicos nalgumas pelotas de lesma que podem prejudicar a saúde de outros animais no quintal, tal como ouriços e sapos. Portanto hoje de manhã passei uma meia hora a pesquisar outros métodos de controlar caracóis e lesmas sem assassinar os meus amigos de quatro patas.
Produtos baseados em Sulfato de Alumínio (tal como Fertosan) parecem eficientes** e existem um tipo de fita cola que provavelmente protegeria a estufa. Os outros métodos não me convenceram. Dúvido que um rasto de cascas de ovos moídas teria êxito***.

*=I originally wrote “morno” instead of abafado but morno is mainly used for food, not weather

**= I wrote efetivo which does exist and is in the right ballpark but the boundary between the meanings of effective and efficient is slightly different in Portuguese.

***=Seems better than my original wording “daria em êxito”

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A Besta do Jardim

Another daily text, kindly corrected by Butt Roidholds. Notes at the bottom.

Ao reitrar* umas ervas daninhas perto das framboeseiras, encontrei cerca de uma dúzia destes monstros aterrorizadores. São larvas de lucano** (ou “vaca loira”) portanto ainda que pareçam assustadoras tento não as transtornar. Coloco-as no solo atrás de uns troncos apodrecidos, abrigado por uma silva. Estarão felizes lá, acho.

Behold the Beast!

*=I don’t know why but I’d never come across this ao+infinitive combination before. It can be used to introduce a subordinate clause like this. “Pulling out weeds in the garden, I found…” I originally wrote it as a present participle: “retirando umas ervas daninhas” but that’s less natural.

**=this one probably won’t be in most people’s vocabulary. It’s a stag beetle larva. Stag beetles are our largest insects and I love them. The alternative name, Vaca Loura, means blonde cow, which is hard to explain.

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A Horta no Inverno

IMG_20190210_174856_289Não há muitas coisas para fazer nesta estação do ano. Há algumas flores a crescer perto da casinha; jacintos, narcisos e tulipas. Os primeiros botões estão a aparecer nos ramos das groselheiras e o ruibarbo está a acordar-se.  Mas já comecei a preparar. Espalhei composto no solo, amarrei as amoreiras (grande frase, esta. Soa bonita!) e cortei os ramos duma árvore que lançava uma sombra através do lote e reciclei-os para fazer um canteiro elevado para os morangos.