Posted in Portuguese

Capitão Falcão

I’ve been trying to find a copy of Capitão Falcão on DVD for a while now but I’ve just found a free copy for download on the Internet Archive*. That’s a pretty respectable site, not a nest of pirates, so it appears to be legit. Anyway, can’t get it anywhere else, so I downloaded it. I couldn’t quite believe my luck. I’d have happily paid a hefty pile of cash for this but nobody wanted my money, apparently.

Anyway, here’s my review:

Este filme é incrível. Ouvi dizer que é um dos filmes portugueses mais engraçados de sempre e não mentiram. O protagonista é um militar (protagonizado por Gonçalo Waddington da série Odisseia) que é selecionado pelo General Gaivota para um novo cargo de super-herói e defensor do estado. O seu nome é Capitão Falcão e o seu auxiliar chinês é conhecido por Puto Perdiz. Os dois usam máscaras à moda antigo: ou seja, são máscaras que escondem a parte superior do rosto, não dessas máscaras cirúrgicas que cobrem a fuça.

Mas porque é que os protagonistas têm nomes de aves? Suponho que é uma referência aos super-heróis do passado. Quanto ao Puto Perdiz, a sua alcunha é parecido com a do Robin (o “Boy wonder”), da série Homem-Morcego. Mas existem ainda mais paralelos porque sem dúvida este filme trata-se de uma sátira daquele género de super-heróis. Os vilões riem-se em voz alta de modo exagerado, como o Doutor Evil do “Austin Powers”, por exemplo, e os métodos de interrogação gozam com as séries policiais duras.

Mas acima de tudo, acho que há duas personagens nas quais este filme é baseado: Primeira: O Besouro Verde** uma personagem americana que também usava mascara e também tinha um ajudante chinês (protagonizado pelo lendário Bruce Lee!). É óbvio que o seu “vibe” (como dizem os jovens) é cem por cento o do Besouro Verde. Mas mencionei a série no Insta e a minha amiga Olga respondeu com uma segunda personagem: “Major Alvega!”

“Hum, o quê? Diz lá, quem é esse Major?”

Major Alvega, também conhecido por “Battler Britton” era um piloto da RAF (Força Aérea Britânico) que estreou na revista Sun*** em 1956 e depois mudou-se para Portugal mas naquela altura a ditadura nacionalista exigiu todos os heróis terem nomes portugueses, e foi assim que nasceu o Major Alvega****. Este vídeo dá mais informações. É evidente que o escritor do diálogo é consciente do legado do Major Alvega porque há uma cena numa prisão onde Capitão Falcão perguntou a um homem como se chamava. O homem respondeu que antes de ser preso tinha sido um major. “Major Al…. ah ah ah… Major Alberto”

Enquanto o Major Alvego assumiu um nome Salazarista, Capitão Falcão é um servidor do próprio Salazar, porque o filme tem lugar nos anos sessenta e os criminosos são liberais, ateus e comunistas. Pior ainda, “São comunistas e ninjas…. Comuninjas”

This should give you a pretty good flavour of it! (Don’t worry though, that blaring music doesn’t play all the way through – it’s much easier to understand than this!)

*If you also need subtitles, try these

**Green Hornet in english, but Besouro means beetle, not hornet

***Yes, a now defunct magazine, not the still existing paper

****Confusingly it seems that when Major Alvega was turned into a TV series it was sold back to anglophone audiences with a totally different name: Ace London!

Once again I’m indebted to Cristina of “Say it in Portuguese” for correcting the errors in the original draft

Posted in Portuguese

Odisseia

I can’t quite believe I haven’t written this one up yet. It must be about a week old by now. Anyway, thanks to Dani for the corrections.

Odisseia

Parte 1 de 17

Vi ontem o último episódio da série Odisseia que mencionei há uns dias. Gostei mas confesso que não entendi tudo. A grande tragédia da minha vida é ser fã de comédia. Infelizmente, mais do que em todos os outros géneros de arte, os praticantes falam rápido, usam calão e falam numa maneira fora do padrão. Entendi muito, claro, mas houve cenas nas quais me senti como um boi a olhar para um palácio*. Talvez deva escolher um programa sobre a gastronomia a seguir. Há de ser mais fácil.

Parte 2 de 17

Lamento que os próximos 15 episódios da minha opinião sobre esta série tenham sido cancelados** pelos realizadores de Reddit mas eu e os meus amigos juntámos mil euros e eu apostei o dinheiro todo num casino para ganhar o suficiente para continuar. Com os meus lucros (37 cêntimos), apresento-vos o texto que se segue.

Apreciei o surrealismo da série: os encontros absurdos e as cenas que se passam “fora” do mundo imaginário, quando o realizador, o elenco e a tripulação falam uns com os outros sobre o enredo e o orçamento. E adorei as referências a vários filmes americanos (pelo menos os que reconheci eram americanos mas talvez houvesse outros dos quais não me percebi***). Mesmo que não tenha entendido o diálogo todo, nunca me senti aborrecido.

*I wrote something else entirely here but the corrector suggested this expression and I live it so it’s a yes.

** This is an in joke which you’ll only get if you’ve seen the series

*** Yeah, there were a couple I missed, including “Talk to Her” by Spanish director Pedro Almodôvar, according to this summary.

Posted in Portuguese

Odisseia

I’ll probably do a fuller review of this when I’ve finished sit but for now, here are a couple of initial impression of this old RTP series

Odisseia
Gonçalo Waddington & Bruno Nogueira

Estou a ver uma série com Bruno Nogueira (cujo sotaque é incompreensível). O título é Odisseia e acho que estreou em 2013. Acho que o narrador da primeira parte imitava a introdução da odisseia original: o poema de Homero. Não tenho certeza porque não tenho um exemplar da edição portuguesa em casa mas o estilo tem um ar muito grego. Além disso, há uma autocaravana chamada Calipso. É uma comédia mas o humor é mais negro do que um morcego que mora numa mina de carvão e gosta de música gótica.

Em inglês, quando um ator se vira para o público a começa falar diretamente com eles, como se fossem participantes no drama, ou como se o ator não fosse, chamamos este truque “breaking the fourth wall” (partindo a quarta parede) porque podemos falar do palco como uma divisão que tem “paredes”, embora sejam apenas paredes de cortina, no pano de fundo e às duas alas, mas a quarta é a parede invisível que separa os atores do público. Não sei se o mesmo conceito existe em português.

Esta rutura da barreira entre a realidade e a ficção acontece de vez em quando na televisão: um ator dirige o seu discurso à câmara, ou bate na lente com os nós dos dedos. Na série “Odisseia”, isto acontece, mas ainda por cima, membros da tripulação – funcionários, cinegrafistas, o realizador – entram na cena e falam com as protagonistas. É um estilo mesmo interessante.

Raios. O primeiro ministro acabou de se demitir mas já gastei o meu texto do dia nesta merda? Que desperdício!