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Licença Para Protagonizar

Havia uma questão bastante polémica nas redes sociais na semana passada; um boato de que o realizador dos filmes de James Bond pensa em escolher Idris Elba para protagonizar o espião no próximo episódio. Ele seria o primeiro actor negro neste papel caso isso aconteça.

UntitledOra bem, para os fãs dos livros (e para racistas também, obviamente!) isto pode ser um problema. Leitores frequentemente se queixam que realizadores de filmes não usam fidelidade o suficiente quando adaptam livros para o cinema. Há excepções, claro: de vez em quando, um realizador escolhe um elenco muito diferente para sublinhar um aspecto do enredo (por exemplo, um Othello Branco numa cidade de mouros, ou um Hamlet feminino). Noutros casos, realizadores fazem filmes baseados em livros estrangeiros e adaptam-nos para usar actores da sua própria nacionalidade para evitar a necessidade de usar legendas. Nenhum destas situações descreve o situação com James Bond.

Mas há uma problema para quem quiser se opor qualquer actor que não cabe no modelo de Ian Fleming: de acordo com os livros, Bond é branco sim, mas também é velho o suficiente para ter lutado na segunda guerra mundial. Se se importa com o personagem original, deve perceber que o Elba é velho demais para protagonizá-lo, mas é mesmo assim para qualquer outro candidato!

Na minha opinião, existem duas opções: um é aceitar o facto de que Bond deixou de ser um personagem literário. Tornou-se uma “marca”, tal como o Doctor Who que pode (por causa de ser um alienígena!) assumir qualquer rosto, nacionalidade ou sotaque. O segundo é deixar James Bond reformar-se. Ele é um guerreiro antigo de uma época passada. Hoje em dia, precisamos de novos heróis!

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O Amor Infinito Que Te Tenho

Livro do Paulo Monteiro

Hum… O livro tem 60 páginas e contém 10 contos. Obviamente, estamos na presença dum autor que usa um estilo bem lacónico. As histórias são esquisitas, escuras, perturbantes – mais parecidas com os contos de Franz Kafka do que um BD tradicional. Na verdade, apenas dois contos têm a marca duma BD: balões de texto. Os outros são, propriamente, pequenas peças de ficção, alguns pouco maiores do que um tweet, ilustrados com desenhos escuros ou arrepiantes. Fico contente por ter lido mas não tenho a certeza se apreciei. Vou colocá-lo numa prateleira longe da minha cama para não ter pesadelos.