Posted in Portuguese

Mariza

(Edited this and the previous one. Lots of typos recently. Sorry. All this typing while walking and typing while on the bus is taking its toll, apparently. Thanks to Cristina for the corrections)

O concerto de ontem foi esmagador. Ela cantou muitas canções que adoro, como por exemplo “Gente da Minha Terra”, “Senhor Vinho” e “Estranha Forma de Vida”. Havia quase dois mil portugueses na sala mas eu sentei-me ao lado de dois brasileiros. Que azar! Aproveitei a oportunidade de lhes ensinar o básico da língua portuguesa.

Após a última música, ela voltou ao palco para cantar mais uma que não conheço, mas deve ser muito famosa. Porque toda a gente cantou em uníssono. Vou estudar as letras em breve.

Posted in English, Portuguese

Cantiga da Burra

Ouvi uma versão desta canção recentemente no canal de David Antunes + the Midnight Band, que é sempre uma fonte de maravilhas e o desempenho neste caso é mesmo esmagador, uma vez que é tocado quase exclusivamente em instrumentos infantis (o vídeo está debaixo da tabela de letras nesta página) O original saiu em 2012 e foi lançado por Sebastião Antunes e Quadrilha. O Sebastião não é um familiar do David apesar de os dois partilharem um sobrenome, mas o David tocou várias vezes a canção ao vivo nos seus próprios espetáculos e o Sebastião até apareceu no canal do David também.

A música teve muito sucesso e (tanto quanto sei) muita gente gosta dela. A versão original é invulgar por incluir uma gaita de foles. O meu pai sabia tocar a gaita de foles escocesa e por isso estou predisposto a gostar a canção apesar de me sentir por outro lado dum abismo cultural de cem milhas de largura.

PortuguêsInglês
Deram-me uma burra
Que era mansa que era brava
Toda bem parecida
Mas a burra não andava
A burra não andava
Nem prá frente nem pra trás
Muito lhe ralhava
Mas eu não era capaz
Eu não era capaz
De fazer a burra andar
Passava do meio dia
E eu a desesperar
E eu a desesperar
Ai que desespero o meu
Falei-lhe no burrico*
E a burra até correu
They gave me a donkey
That was tame and that was wild
Everything seemed fine
But the donkey wouldn’t move
The donkey wouldn’t move
Neither forward nor backward
I yelled at it a lot
But I couldn’t
I couldn’t
Make the donkey move
It was after midday
And I was in despair
And I was in despair
Oh, I was in such despair
I told her about the (male) donkey
And it even started running

*This seems to be disputed. When I first wrote this I copied the lyrics from A Música Portuguesa and it says “falhei-lhe”. It seems like that version appears on quite a lot of pages dotted around the web, but I am reliably informed that the non-h version is the right one, so there you go!

Posted in English, Portuguese

Como É Linda

Carolina Deslandes is definitely growing on me. Her lyrics seem really well-crafted. Her voice doesn’t have the earth-shattering power of Sara Correia (the last portuguese singer I went to see), but she’s a different kind of singer and her voice works for the kind of music she’s making. I really like this one.

When I found the lyrics I saw they had transcribed it with “luta” in place of “puta”. You can find videos of her singing it that way on Rádio Comercial, but this video is bleeped out and I’m pretty sure they wouldn’t have bleeped luta, so I’m changing it back to what I think must be the original. Como é Linda a Puta de Vida is the name of a book by Miguel Esteves Cardoso, and I don’t know if she pinched the line from him or if it has older roots.

PortuguêsInglês
Esfolar os joelhos
A achar que sabia voar
Ignorar os conselhos
Que no fim nos iam salvar
Skinning your knees
And finding you don’t know how to fly
Ignoring the advice
That would save us in the end
Ser abandonada
Não ter onde arrumar o amor
Não querer saber de nada
E saber-te ao pormenor
Being abandoned
Not having a place to put love
Not wanting to know anything
And knowing yourself in detail
Como é linda e caótica
A puta da vida, amor
Vê lá bem a nossa sorte
Vê lá bem o nosso azar
Como é linda e caótica
A puta da vida, amor
Viver a fintar a morte
Hoje saímos pra dançar
It’s so beautiful and chaotic
The bitch of life, my love.
Just look at our good luck
Just look at our bad luck
It’s so beautiful and chaotic
The bitch of life, my love.
Living to trick death
Today we’re going out dancing
Partir o coração
Dar razão a quem nos avisou
Uma desilusão
Uma ferida que nunca sarou
Breaking your heart
Proving the people who warned us right
A disappointment
A wound that never healed
Ser traído, chorar
Desatar os nós da garganta
Querer esquecer e lembrar
Quando a saudade é tanta, tanta
Being betrayed, crying
Untying the knots in our throat*
Wanting to forget and remember
When there’s so, so much longing**
Como é linda e caótica
A puta da vida amor
Vê lá bem a nossa sorte
Vê lá bem o nosso azar
Como é linda e caótica
A puta da vida amor
Viver a fintar a morte
Hoje saímos pra dançar
It’s so beautiful and chaotic
The bitch of life, my love.
Just look at our good luck
Just look at our bad luck
It’s so beautiful and chaotic
The bitch of life, my love.
Living to trick death
Today we’re going out dancing

* Um nó da garganta is what english speakers would call “a lump in the throat”, so she’s talking about grief, panic or some other strong emotion

`**Should I even be translating “saudade” at this point?

Posted in Portuguese

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades

Há um capítulo do Português em Foco que explica alguns pontos altos da literatura portuguesa. Um destes pontos altos é o Soneto. Esta forma de poesia é conhecida tanto em inglês quanto em português. Shakespeare escreveu muitos e neste exemplo o seu primo zarolho, Luís Vaz de Camões* também escreveu. Creio que tem mais influência em Portugal, Não tenho nenhuma perícia neste campo mas não acho que houvesse poetas famosos a escrever sonetos em Inglaterra no início do século XX. Em Portugal, sim**.

Um soneto consiste em 14 versos*** arranjadas em quatro estâncias – duas quadras e dois tercetos. Cada verso tem 14 decassílabos. Que raio é um decassílabo? Não faço a mínima ideia mas 14 deles é igual a dez sílabas. Neste exemplo, a rima segue um padrão: ABBA ABBA nas quadras e CDC DCD no tercetos (assinalado acores no transcrito infra), mas este padrão não é obrigatório. O poema “Rústica” de Florbela Espanca que memorizei em 2021 e que tentei, com o hubris dos ignorantes recitar ontem numa aula porque não tinha feito o TPC é um soneto mas corre ABAB ABAB CCD EED.

A forma poética é importante; o autor do livro afirma que “estamos perante um soneto perfeito” por causa do modo em que o poeta distribui os conteúdos pelas estrofes de maneira que cada estância tem o seu próprio tema.

O título do soneto é igual ao primeiro verso:

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades (Times change, intentions change)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

*Obviously joking about their being cousins but this made me wonder if they were contemporaries. Sort of. They overlap by 16 years. Camões was about forty years old when Shakey was born.

**I don’t think I’ll be writing a history of anglo-lusitanian poetry anytime soon though, so definitely take this with a pinch of salt!

***OK, well here’s the first false friend for you: Verso doesn’t mean verse, it means a line of the poem.

Posted in Portuguese

Carolina Deslandes

Carolina Deslandes no programa Maluco Beleza (licença aqui)

Como Londrinos, em 2024, estamos a ser mimados . Temos tido tantos espetáculos portugueses para escolher. Recentemente vi nas redes sociais que vai haver mais um concerto de Carolina Deslandes, uma estrela da música pop e da televisão. Vai aparecer no Jazz Café em Outubro. Vou assistir ao concertou e estou a tentar persuadir a minha esposa a vir comigo.

Posted in Portuguese

Chanfana

A única vez na minha vida que comi carne de cabra foi em Coimbra, num restaurante perto do centro comercial. O prato é chamado chanfana, e é uma receita tradicional à base de carneiro ou de cabra.

Chanfana

Se a carne for velha, não importa, porque será assada até se tornar tenra e por isso esta receita é vista como boa opção para carne dura de animais mais maduros. Tradicionalmente, a carne é assada numa caçoila de barro preto com vinho tinto, alho, pimenta e folhas de louro.

A receita é muito antiga mas existem diversas histórias sobre a origem. Como resultado, há duas regiões que disputam a coroa da terra da chanfana. O concelho de Miranda do Corvo é conhecido por ser a Capital de Chanfana. Entretanto, Vila Nova de Poiares é a Capital Universal da Chanfana e tem uma marca registada para demonstrar a sua supremacia no mundo da carne assada.

Quando estudas português durante anos e finalmente chegas na secção C-H-A-N-F no dicionário.

É muito importante não confundir “chanfana” com “chanfrado” porque ninguém quer pedir um prato de carne assada e receber um guru de auto-ajuda, mesmo se for bem passado com umas boas mãos cheias de alho.

I actually made chanfana the day after writing this. It was so bad it almost caused a diplomatic incident between Portugal and Britain. Halved the ingredients but didn’t reduce the cooking time enough and it was very, very dry.

Posted in English, Portuguese

Diabo na Cruz – Vida de Estrada

OK, well this is one of the bands I listened to the other day and liked enough to want to dive into their lyrics. It’s not an easy one because a lot of it is lists of things and events, like the lists in “Its the End of the World as we Know It” by REM or “We Didn’t Start the Fire” by Billy Joel and I am pretty sure I am missing some of the references. I’ll put links on the ones I recognise because it’s probably easier than writing 30,000 words of footnotes. Speaking of feet, there’s a really excellent live video out there and teh lead singer has a cast on his ankle, so well done him for not calling in sick that day!

🇵🇹🇬🇧
Siga em fila vai
Nove emprego cinco sai
Quinto império do atalho
Bomba, escola, pão, talho
Form a line, go
Nine employed, five leave
Fifth empire by a shortcut
Bomb, school, bread, meat
Trívia e televisão
Aurora do quadrilião
No ar um cheiro a esturro
Bom pró esperto, mau pró burro
Trivia and television
Glow of the quadrillion
In the air a smell of burning
Good for the smart, bad for the stupid
Perto, tão perto do oásis no deserto
Longe, tão longe de ir lá hoje
Mora, demora
O que é bom nunca é pra agora
Quem me dera ir daqui pra fora
Close, so close to the oasis in the desert
Far, so far from getting there today
Lay, delay
What is good is never for now
I wish I could get out of here and away
Trânsito no Jamor
A ouvir notícias do terror
Troika, bolha imobiliária
É cara a vida e a pensão precária
Traffic on the Jamor
Hearing news of terrorism
The Troika, a property bubble
Life is expensive, and pensions at risk
Água, cabo, net
Luz, ginásio, yoga, creche
IUC, IMI, IRS
Paga paga, esquece esquece
Water, cable, internet,
Lighting, gym, yoga, creche,
IUC,IMI,IRS
Pay, pay, forget, forget
Fraco tão fraco o sol neste buraco
Boa, tão boa a vida boa
Mora, demora
O que é bom nunca é pra agora
Quem me dera ir daqui pra fora
Weak, it’s so weak, the sun in this hole
Good, so good, the good life
Lay Delay
What is good is never for now
I wish I could get out of here
Mergulhar mãos no volante e adiante
Pra qualquer lugar
Vidro aberto, rádio alto, no asfalto
Sem me apoquentar
Saborear o mar, as serras
Cobrir-me de pó e geada
Roer o osso desta terra
Na vida de estrada
Grab the steering wheel and go
To anywhere
Window open, radio loud, on the asphalt
Without fear
To enjoy the sea, the mountains
get covered in dust and frost
Chew the bones of this land
In life on the road
Sismo no Japão
Zara, nova coleção
Espionagem, guerra, muda o tema
Woody Allen no cinema
Earthquake in Japan
Zara, new collection
Espionage, war, change the subject
Woody Allen at the cinema
Zapping e jornal
Série e logo futebol
O vizinho num concurso
A fazer figura de urso
Channel-hopping and news
Series and then football
The neighbour in a competition
To act like an idiot
Chato, tão chato papar grupo barato
Oco, tão oco o circo louco
Mora, demora
O que é bom nunca é pra agora
Quem me dera ir daqui pra fora
Annoying, so annoying, support cheap group*
Hollow, so hollow, the crazy circus
Live, delay
What is good is never for now
I wish I could get out of here
Mergulhar mãos no volante e adiante
Pra qualquer lugar
Vidro aberto, rádio alto, no asfalto
Sem me apoquentar
Saborear o mar, as serras
Cobrir-me de pó e geada
Roer o osso desta terra
Na vida de estrada
Grab the steering wheel and go
To anywhere
Window open, radio loud, on the asphalt
Without fear
To enjoy the sea, the mountains
get covered in dust and frost
Chew the bones of this land
In life on the road
Onde não há prazos nem obrigações
Não há debates nem euromilhões
Onde o sol eleva e a frescura acata
Sem consulta ao homeopata
Onde a cura é sem vacina
E a cardina é sem pesar
Por lagoas e colinas
Vê-se a lágrima a secar
Dá o vento na cara
E nada nos pára
Nada nos pára
Where there are no deadlines or obligations
No debates, no euromillions
Where the sun lifts you and the coolness follows you
Without an appointment with the homeopath
Where the cure doesn’t take a vaccine**
And the grime doesn’t weigh you down
Through lakes and hills
Feel the wind in your face
And nothing will stop us
Nothing will stop us
Perto, tão perto do oásis no deserto
Longe, tão longe de ir lá hoje
Mora, demora
O que é bom nunca é pra agora
Quem me dera ir
Quem me dera ir daqui
Quem me dera ir daqui pra fora
Close, so close to the oasis in the desert
Far, so far from getting there today
Delay, delay
What is good is never for now
I wish I could get out
I wish I could get out of here
I wish I could get out of here and away
Mergulhar mãos no volante e adiante
Pra qualquer lugar
Vidro aberto, rádio alto, no asfalto
Sem me apoquentar
Saborear o mar, as serras
Cobrir-me de pó e geada
Roer o osso desta terra
Na vida de estrada
Grab the steering wheel and go
To anywhere
Window open, radio loud, on the asphalt
Without fear
To enjoy the sea, the mountains
get covered in dust and frost
Chew the bones of this land
In life on the road

*best guess is that he’s saying you should support independent artsists

**They broke up in 2019, in case you were wondering if this was some sort of covid reference

Posted in Portuguese

O Dia 25 de Abril em Londres

Perguntei-me se havia alguns eventos agendados aqui em Londres para comemorar o dia 25 de Abril. A maior parte do programa decorre na Tate South London Library em Lambeff. Desculpa: Lambeth, uma zona onde moram muitos lusófonos.

Tate South London Library

Há um discurso lá hoje (quarta-feira) de noite e vários outros eventos em April, em Maio e em Junho, mas não há nada marcado para o dia 25.

Não vi qualquer anúncio de eventos na página da embaixada portuguesa, mas a minha visita não foi um desperdício de tempo porque encontrei uma notícia sobre um concerto de Mariza aqui em Londres. Nem a página de eventos no Face nem a Sociedade Anglo-Portuguesa têm nada.

Sem dúvida haverá outras festas privadas ou comunitárias mas o único evento público que tem lugar no dia do aniversário é no café “A Portuguese Love Affair”, que irá apresentar um evento chamado 25 de Abril Sempre. Apetece-me participar, ainda que seja em Hackney.

Posted in Portuguese

Free Buarquing

Já publiquei uma tradução de outra canção de Chico Buarque, mas ouvi falar desta em relação às comemorações do aniversário da Revolução dos Cravos. Hum… não me sinto grande fã deste artista, mas cada vez que escuto com mais atenção uma música dele, adoro-a e aprendo muito. Acho que chegou a hora de ouvir os seus discos todos.

(Ah ah ah, discos, sim, escute os seus discos, avô, nós estamos a ouvir no Spotify)

“Tanto Mar” é uma música que ilustra certas coisas sobre a época e sobre a relação entre os dois países, Portugal e o Brasil. Existem duas versões na Internet, e eu pensei, “está bem, a segunda é uma gravação nova da mesma canção”. Mas não é! O cantor escreveu a primeira versão em 1975, um ano depois da revolução e dedicou-a ao povo português – ou melhor, à revolução em si. Naquela altura, o Brasil também estava em plena ditadura militar (um governo que permaneceu em vigor desde 1964 até 1985), portanto a revolução no país menor deu motivo para esperança no maior. As letras refletem aquela esperança mas por isso mesmo, foram censuradas pela ditadura brasileira.

A segunda versão foi lançada 3 anos depois, em 1978, mas desta vez com letra atualizada. Existe um sentimento agridoce perante a crise de 25 de Novembro, o enfraquecimento dos objetivos da revolução e a realidade que a passagem dos anos trouxe. Mas apesar de tudo, a esperança é ainda evidente.

Em baixo, traduzi as duas versões. Gosto da simplicidade da poesia. Um escritor menos talentoso teria tentado escrever algo maior, e teria enchido cada verso de sentimentalismo e cliché, mas esta letra é curta e limpa e não tem uma única palavra a mais.

Just a reminder, obviously, this is in PT-BR, so in case anyone is avoiding brazilian accents on their learning journey, allow me to sound the 📢#BRAZILIANPORTUGUESEKLAXON📢 as a warning.

PortuguêsInglês
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
I know you’re having a party, man
I’m glad
And while I’m away
Save a carnation for me
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente alguma flor
No teu jardim
I wanted to be at the party, man
With your people
And pick a flower in person
in your garden
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
I know there are miles* between us
So much sea, so much sea
And I know how much we’d have to
Navigate, navigate**
Lá faz primavera pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
It’s spring there, man
Here, I’m sick
Send, urgently, some
Fleeting scent of rosemary
PortuguêsInglês
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
It was a great party, man
It made me happy
I still hold stubbornly
An old carnation for myself
Já murcharam em tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Em algum canto de jardim
The (flowers) withered at your party man
But certainly
They left a seed
In some corner of the garden
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
I know there are miles* between us
So much sea, so much sea
And I know how much we’d have to
Navigate, navigate**
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
Sing the spring, man
Here I am in need
Send me again
Some fleeting scent of rosemary

* =Léguas is more like leagues but it would sound confusing in english so I fudged it

**Maybe I should have fudged this one too: naveger is much more specifically about travelling in a ship, as opposed to english where it’s more like “finding your way”

Posted in Portuguese

Sara Correia

Vou viver / Até quando eu não sei / Que me. Importa o que serei / Quero é viver

Eu e a minha esposa fomos assistir ao espetáculo de Sara Correia em Cadogan Hall. Foi incrível.

Antes do concerto dela, houve uma meia hora com um jovem que cantou bem acompanhado de um guitarrista. O público estava muito entusiasmado. Houve uma grande salva de palmas após cada canção. Nunca antes vi o primeiro artista a receber uma ovação de pé. Mulheres gritaram “amamos-te”. Havia muito estrogênio na sala, percebem? Perguntamos às mulheres do nosso lado direito quem era aquele rapaz. Foi Luís Trigacheiro, um vencedor do “The Voice Portugal”. Aaahh, percebo!

Sara apresentou o seu novo álbum e uns temas mais antigos tipo “Quero É Viver” (de Pedro Abrunhosa*) e “Estranha Forma de Vida” (de Amália Rodrigues) . A atmosfera na sala de concertos foi mil vezes mais animada do que a da minha última visita. Pessoas na varanda batiam os pés e gritavam “Ah fadista! Bravo! Sa-ra Sa-ra!”

Tinha corrido 10 milhas antes do concerto e estava com dores nos pés e as minhas pernas estavam fatigadas mas consegui estar de pé com os outros. Aí, que chatice.

(Update… er… well, look I’m absolutely sure she said it was one of his but I’ve just looked up the original on Spotify and it seems like it was a track by António Variações, released postumously on an album called Humanos, as part of a project by a group of musicians, including David Fonseca, Camané and some members of Clã. They went on to perform some of his music at a series of tribute concerts, which is available on Spotify. I had no idea this had happened. Very glad to find it though!)