Posted in Portuguese

Barco Negro

Amália Rodrigues

Acabo de ler o panfleto deste nome da autoria de Gabriele Giuga, sobre a obra de Amália Rodrigues, com ênfase na canção Barco Negro. É claro que o autor* tem melhores conhecimentos da teoria de música do que eu (o que não é grande elogio porque não sei nada). Ele escreve minuciosamente sobre a sequência de colcheias aumentadas e semicolcheias e ostinatos rítmicos e não sei mais o quê. Não entendo muito mas em suma, afirma que um fado bem escrito tem as suas sílabas dispostas de tal modo que não impedem o ritmo da música. Ou melhor, se for bem escrito, a letra terá um ritmo natural e quando é lido em voz alta, sugere a forma da música, ainda que as guitarras fiquem caladas.

Não sabia que este Fado tem raízes no Brasil. O original é chamado Mãe Preta escrito por Caco Velho. Tem um ritmo muito semelhante mas mais animado. A letra foi proibida em Portugal pela censura do Estado Novo, mas com uma letra de David Mourão-Ferreira (o criador da maioria dos fados mais famosos de Amália), o samba tornou-se uma canção de amor e o ritmo abrandou-se para ser mais adequado às casas de fado.

*apparently Gabriele Giuga is a dude. The e on the end of his first name really threw me. Thanks to Cristina for spotting this and other errors.

Posted in English

Barco Negro

I’m pretty sure I’ve at least mentioned this song before because it’s so great, but I’ve never got around to doing a translation of it. Amália Rodrigues is an interesting character in her own right, and she’s had a huge influence on musicians, both traditional and avant-garde. This song is about a woman who’s lost her husband at sea and she’s sleeping on the beach waiting for him to come home and feeling like he’s still with her somehow even though everyone tells her its hopeless.

Thank you very much, Monsieur Trenet

Barco Negro (Black Boat)

PortugueseEnglish
De manhã, que medo que me achasses feia
Acordei tremendo deitada na areia
Mas logo os teus olhos disseram que não
E o sol penetrou no meu coração
Mas logo os teus olhos disseram que não
E o sol penetrou no meu coração
In the morning, so scared that you’d find me ugly
I woke up shaking, lying on the sand
But then your eyes told me no
And the sun penetrated my heart
But then your eyes told me no
And the sun penetrated my heart
Vi depois numa rocha uma cruz
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia que não voltas
Then I saw a cross on a rock
And your black boat was dancing in the light
I saw your arm waving between the loose sails
The old women at the beach say you’ll never come home
São loucas! São loucas!
Eu sei meu amor, que nem chegaste a partir
Pois tudo em meu redor me diz
Que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir
Pois tudo em meu redor me diz
Que estás sempre comigo
They’re crazy! They’re crazy!
I know, my love that you never even left
Because everything around me tells me
That you’re always with me
I know, my love that you never even left
Because everything around me tells me
That you’re always with me
No vento que lança areia nos vidros
Na água que canta no fogo mortiço
No calor do leito dos bancos vazios
Dentro do meu peito estás sempre comigo
No calor do leito dos bancos vazios
Dentro do meu peito estás sempre comigo
In the wind that throws sand against the windows
In the water that sings, in the dying fire
In the bed of empty benches
In my breast, you’re always with me
In the bed of empty benches
In my breast, you’re always with me
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir
Pois tudo em meu redor me diz
Que estás sempre comigo
Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir
Pois tudo em meu redor me diz
Que estás sempre comigo
I know, my love that you never even left
Because everything around me tells me
That you’re always with me
I know, my love that you never even left
Because everything around me tells me
That you’re always with me