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O Pintor Debaixo Do Lava-Loiças

11732049“O Pintor Debaixo Do Lava-Loiças” é o quarto livro que já li de Afonso Cruz. Até agora, é a mais difícil de todas as suas obras para mim, um aluno da língua portuguesa, mas ainda é bastante fácil. A história começa no Império Austro-Húngaro ao final do século XIX e continua pela primeira guerra mundial até a segunda. Pelo caminho, o protagonista, Jozef Sors (baseado em Ivan Sors, o avô do autor) serve o seu país na primeira guerra, posto num balão, apaixona-se, enche muitos cadernos de desenhos, sobretudo de olhos, viajam para os estados unidos e perde os seus pais.

Há muitos capítulos curtos e muitos tratam-se dum discurso sobre uma questão filosófica. O autor brinca com ideias da mesma maneira que no seu livro infantil “A Contradição Humana”, mas de forma mais desenvolvida. O livro também me lembra do audiobook que acabei de ouvir hoje: “Night Train to Lisbon” porque ambos contam histórias de homens da Europa central que chegam em Portugal. O escritor do último leva-o muito mais a sério. Em ‘O Pintor Debaixo do Lava-Loiças’ existe absurdidade, piadas e até desenhos. Infelizmente, cada um é um duplo imagem por causa da baixa qualidade do papel: o leitor pode vê-las no verso do papel também.

Enfim, gostei de ler o livro, mas o final deixou-me insatisfeito porque senti que a história ficou inacabada.

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A Contradição Humana – Afonso Cruz

12422137Este livro é o terceiro que já li do mesmo autor. Adorei os dois primeiros mas este é um livro infantil e um livro infantil é uma cena completamente diferente do que um livro para adultos. Confesso que o livro não funciona para mim. Faz-me lembrar um comediante inglês chato .
“Senhores e senhoras”, diz a estrela do espectáculo de comédia, “Já perceberam que as pessoas que gostam de pássaros os prendem em gaiolas? Porque é que fazem isso?”
[pausa. silêncio]
“…Olá… Olá…”
[ele bate o microfone]
“Esta coisa está ligada?”

Mas talvez eu esteja demasiado crescido. Vejo desenhos de jiboias a comer elefantes e penso “que lindo! Um chapéu”. Já que penso nisso, é verdade: há muita “comida para alimentar o pensamento” cá nas páginas deste livrinho que pode estimular as mentes de crianças através uma série de cenas divertidas… E, sem dúvida, os desenhos (que não incluem uma jiboia a comer um elefante nem um chapéu) são muito fixes.
Sim, ignorem-me. Cento e trinta e dois portugueses deixaram comentários no Goodreads, e a média da nota é 4.48/5, igual ao “Senhor dos Anéis” e ao “Moby Dick”, melhor do que “Anna Karenina”, “1984” ou a peça mais famosa de Shakespeare – “Hamlet”. Sim, é provável que o seu filho vá gostar deste livro.

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Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas

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Acabei de ler “Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas”, a obra-prima de Afonso Cruz. Já tinha lido um livro do mesmo escritor que se chamado “Os Livros que Devoraram O Meu Pai”, que adorei. Neste caso, demorei muito antes de realmente começar a apreciá-lo, mas, assim que comecei, fiquei viciado e acabei as últimas 400 páginas dentro de 5 dias, o que não é mau, dada a velocidade da minha leitura em português.

O livro conta a história de Fazal Elahi, um cidadão dum país sem nome do Médio Oriente, e da sua família. A maior parte das personagens são muçulmanos, mas também há um hindu e um cristão, e a religião é um tema muito forte no livro. Porém, não permanece exclusivamente na igreja e na mesquita: o enredo segue um caminho através dos altos e baixos das emoções que sofrem os seres humanos – tragédia e comédia, filosofia e absurdidade, o mágico e o quotidiano.

O livro está cheio de surpresas: piadas, contos, imagens, jogos tipográficos, e citações dum livro imaginário que se chama “Fragmentos Persas”. Passa das lágrimas às gargalhadas no espaço de de 5 páginas. É mesmo ótimo, e acho que tenho um novo escritor preferido!

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Opinião – Os Livros Que Devoraram o Meu Pai

#UNCORRECTEDPORTUGUESEKLAXON

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Este livro era uma grande surpresa. Só comecei de lê-lo porque o Bichos de Miguel Torga pode ser um pouco cansativo para um aluno como eu. A historia é dum homem que perdeu o seu pai, não ao morte, mas sim aos livros no sótão:

“E foi nessa tarde que ele, de tão embrenhado, tão concentrado na leitura, entrou livro adentro. Perde-se na leitura. Quando o chefe da repartição chegou à secretaria do meu pai, ele já lá não estava. Havia, em cima da mesa, uns impressos do IRS e um exemplar da A Ilha do Dr Moreau aberto nas últimas páginas.”

O protagonista entra no mundo literário à procura do seu pai, a viajar de livro para livro, e no caminho encontra um cão (que ele acredita seja o Edward Prendick, herói do livro “A Ilha do Dr Moreau” de Jules Verne), o senhor Hyde, o Raskolnikov do “Crime e Castigo” e outros personagens da literatura do mundo. O livro é curtinho, com capítulos curtos também. Lê-se muito bem, muito suave, e (qual é o mais importante para mim!) muito fácil. Quase nunca precisei do dicionário e consegui rir as piadas e os absurdos da historia sem explicação. Já tenho mais um livro pelo mesmo autor e já meti-o perto do pináculo do gigantesca montanha que chamo o meu TBR.