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Expressions of Expiration

Após ter escrito um blogue sobre expressões para descrever a morte em inglês, decidi voltar ao assunto com um resumo das expressões equivalentes em português. Roubei-as todas de um podcast mas vou parafrasear as definições para fazer um treino mental! A maioria são eufemismos, mas também existe a palavra “disfemismo” que é o oposto, e provavelmente existe em inglês mas nunca se usa, portanto é quase desconhecida, mas quer dizer uma expressão propositadamente irónica ou crua para distrair da realidade da morte quando perdemos alguém.

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Então, vamos a isto!

A hora dela tinha chegado – temos esta expressão em inglês também. Significa que a hora da morte da pessoa já chegou

Estar com os pés para a cova – estar quase a morrer

Abotoar o paletó – uma expressão brasileira. Um paletó é uma espécie de casaco largo com bolsos que se usa por cima de outra roupa. Podemos imaginar um cadaver vestido de “fato domingueiro.***

Dormir o sono eterno – esta não precisa de mais explicação, acho eu

Morar para a companhia dos pés juntos – uma expressão militar: uma companhia é um grupo de soldados

Bater as botas – Ainda que já conhecesse esta expressão, eu não sabia que tinha raízes na vida militar: bater as botas é o ato de bater com os calcanhares quando um soldado sai da presença de um superior.

Bater a caçoleta – provavelmente é oriundo da mesma fonte: uma caçoleta é uma arma de fogo.

A última morada – o cemitério, obviamente!

Estar nas Malvas e Jardim das Tabuletas – também se referem ao cemitério. O primeiro enfatiza a presença de uma flor chamada malva (o que nós ingleses chamamos “mallow“) enquanto a segunda faz referência às peças de madeira ou de pedra (lápides), entalhadas com os nomes dos falecidos.

Entregar a alma ao Criador – Uma expressão religiosa, clara

O catolicismo também nos deu Ir desta para melhor e Ir para a terra da verdade* – ambas razoavelmente compreensíveis sem explicação

Esticar o pernil – Este disfemismo faz referência à matança de um porco(!) que, na hora da sua morte, dá um coice reflexivo.

Dar o peido-mestre – é uma versão disfemístico do mais certo “Dar o último suspiro” o que será familiar entre os leitores anglófonos!

Fazer Tijolo(s) – o autor do texto deixou o melhor para o fim: após o grande terramoto de lisboa, os portugueses daquela época precisaram de barro para fazer tijolos. Incluído nesta busca de materiais foi um campo de terra argilosa onde os colonialistas** muçulmanos enterraram os seus mortos antes da reconquista. Os ossos deles (que naquela altura tinham à volta de quinhentos anos!) fizeram parte dos tijolos, e a expressão faz referência a essa profanação.

* This one came up in a previous blog post when I was trying to learn poems by heart. I was studying Rustica by Florbela Espanca and I was confused by her direction of travel. The line was Quando descer à “terra da verdade”… and I mused “I’m not sure what the land of truth means here(…). If it’s heaven, why is she descending and not ascending? I’ve read the bible and spent a lot of time in church but this makes no sense to me I’m afraid.”

**I originally wrote “colonistas” but note that this word doesn’t seem to mean the same as colonist in English. It’s a near synonym of colonialista. I changed it to the more common version, although I think colonizador is probably the word I should have used…?

***Not in the original text, but priberam also has “vestir o paletó de madeira” which is probably what I should have used in place of my earlier blog title “sobretudos de madeira” and might be an explanation of “abotoar o paletó” as well, instead of the one I’ve given in the text (which I found online somewhere…)

If you’d like to know more about this, the original podcast episode is here

Thanks to Cristina of Say It In Portuguese for correcting this text.

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Just a data nerd

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