Tiveram uma vez uma discussão* ou um debate com outra** pessoa que não entendeu o vosso ponto de vista ou que reagiu mal a alguma coisa que nem sequer disseram? Acho isso muito frustrante. Estou a passar a manhã inteira a repetir a discussão. É ridículo. Estou em risco de desperdiçar o dia todo porque não consigo focar-me noutras coisas. Preciso de esquecer. Felizmente sou um velhote e geralmente esqueço-me de coisas facilmente.
Mas… É que… Não quero. Sinto-me como se perdesse um dente e quero enfiar a língua*** no buraco onde estava. Digo-me a mim mesmo:
“Calma pá. Pega nos auscultadores, meu burro**** e escuta, mas é, uma música punk até a memória fica perdida”.
“Pois é”, respondo “mas antes disso, só quero praticar mais uma vez o que teria dito, e o que irei dizer se alguma vez inventar uma máquina do tempo e viajar no tempo até àquele momento…”
E assim se passa uma, duas, três horas a fio. Burro, burro, burro.

* I made the schoolboy error of using “argumento” here but it doesn’t mean quite the same thing as argument and certainly doesn’t fit here.
** tempting to write “uma outra” (another) but you only need outra. The corrector said “Uma outra” is “um gallicismo oitocentista” – a French import from the nineteenth century.
*** a língua not a minha língua as per the post I wrote a few weeks back abiut how possessive pronouns are sometimes unneeded.
**** When I first saw this sort of construction “seu burro” I couldn’t see what was going on. Its an exclamation, calling someone “you donkey” not discussing their donkey, if you see what I mean. Anyway, you can say “seu burro” (or tolo or palermo or whatever) and you can say “meu burro” but not – for some reason – “teu burro”.