Posted in Portuguese

Nesses Dias Não Faltava Sol No Quintal

Quando mudámos de cidade para Preston, o lote de terra ao lado do nosso jardim estava vazio, sem casa e cheio de ervas daninhas, principalmente urtigas mais altas do que nós. Nesses dias não faltava sol no quintal porque o verão de 1976 foi o mais quente neste país da época pré-aquecimento-global.  

Chamávamos o lote “África” porque, tendo 7 anos, 5 anos e 2 anos, respetivamente, não sabíamos muito sobre aquele continente exceto que nos filmes, Tarzan e os seus animais andavam sempre rodeados por plantas gigantescas.

Um dia, eu e um grupo de amigos decidimos entrar no lote para estabelecer um covil para nós brincarmos. Correríamos o risco de sermos picados pelos pêlos urticantes mas não nos importávamos (teria dito “mandámos este facto às urtigas” mas… não quero confundir ninguém). Depois de umas horas, tínhamos criado várias divisões nas quais armazenaríamos os nossos carros, metralhadoras, tesouros e prisioneiros de guerra. Tínhamos sonhos grandes.

Infelizmente, explorando uma zona debaixo de uma árvore, pisei um ninho de vespas. Em breve, imitámos a retirada dos exércitos europeus da verdadeira África. Eu fui a única criança picada pelos nossos inimigos riscados.

Editor’s note: This memoir was originally published in english in “The Rough Book of Colin Lusk” (Kennington County Primary School, 1977) and is reproduced here by permission. Sadly, rights to publish the picture of the author running away through the nettles and saying “Aaaaaaaaaaarrggghhh Wosps!!!!!!” could not be obtained from the copyright holder. Thanks to Cristina for the corrections.