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Fado do Estudante

Vasco Santana is supposed to be a graduating student in A Canção de Lisboa, but he was actually 35 years old when they made it, so it’s all a bit Steve Buscemi…

Anyway, I decided to go back and listen to one of the songs again. I’m doing this one as a listening exercise rather than as a translation, because seeing that play on my first day in Lisbon reminded me that one of the difficulties of listening to old black and white films is that the quality of the sound recording means that a lot of the dialogue sounds muffled or flattened, so it’s quite challenging to follow. The songs are doubly hard because the words have to fit the rhythm of the music instead of normal speech.

Let’s see how much I can get purely by ear… I’ll put it in one side of a table then drop the real lyrics in next to it to show how far off I am.

NOTE – I’m leaving this as it is, but some of the footnotes and even the translation turned out to be wrong when I did a deeper dive into the song the following day, so if you want to know more about how that all happened, have a look at “Scavenging Song Lyrics

My TranscriptionActual Lyrics
Que nem quer assim de ver-me assim
Que só deve ir-me degradante
Ai que saudade sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de amor
Que dum rapaz é o melhor
É um audaz conquistador das raparigas
De capo ao ar, cabeça ao ___?
Só para amar vivia eu
Sem ??? e tudo mais eram cantigas
De nenhum delas me aprendi
De cha, lazer e de canja
Até o dia em que pareci
Essa fragura de franja
Sempre tenir(?)-se em tostão
Bati um ___ ou um rasgão
Botar _____ um bengalão
E artes, carago!
Invade o ar com outras mães
E a dançar pelos areais
P’ra namorar, beber, folegar,
Cantar o fado
Fora agora com soledade
Os calhamaços que lia
Os professores da faculdade
Minha amiga dá-me tremia
E ouve as minhas recordações
Que não tem fim dessas lições
P’ra o então jardim do velho campo da Santana
Aulas que eu dava e estudasse
Onde estava nesta classe
E eu faltava sete dias por semana*
O fado é toda a minha fé
Embala, encanta e nevaria
Ou chega a ser bonita até
Na radiotelefonia
Quando é tocado com calor
bem atirado e a rigor
É belo fado e ninguém há que o resista
É a canção mais popular
Tem emoção p’ra nos vibrar
E eis a razão p’ra ser doutor e ser fadista
Que negra sina, ver-me assim
Que sorte vil e degradante
Ai que saudade eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar, cabeça ao léu
Só para amar vivia eu
Sem me ralar e tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu
Deixá-las eu era canja
Até ao dia em que apareceu
Essa traidora da franja
Sempre a tenir, sem um tostão
Batina a abrir, por um rasgão
Botas a rir um bengalão
e ar descarado
A vadiar com outros mais
E a dançar nos arraiais
P’ra namorar, beber, folgar
Cantar o fado
Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa de anatomia
Invoco em mim Recordações
que não têm fim dessas lições
frente ao jardim No velho campo de Santana
Aulas que eu dava e se estudasse
ainda estava nessa classe
A que eu faltava sete dias por semana
O fado é toda a minha fé
Embala, encanta e enebria
Pois chega a ser bonito até
Na rádio telefonia
Quanto é tocado com calor
Bem afinado com fugor
É belo o fado ninguém há quem lhe resista
É a canção mais popular
Tem emoção faz-nos vibrar
E eis a razão de eu ser Doutor e ser Fadista

*As the kids say, “literally me!”

Oof! Wow, I started this exercise about 3 weeks ago and have only just picked up the post and restarted. I think I must have given up because it was so disheartening to realise how little of it I could write down first time. The effect of my “palpites” is pretty surreal in places, because sometimes I am just transcribing sounds and not really being able to link them back to written words I’ve seen, so I was just inventing verbs left and right. Amazingly, one of them “Tenir” turned out to be real, although I don’t know what it means and neither does Priberam.

Obviously even when I did come up with a real word, I knew some of them must be wrong “E artes carago!” was clearly stupid, but I couldn’t hear it any other way. Others were positively surreal: “Invade o ar com outras mães” is a very fine example. But misheard lyrics are nothing new. I remember at secondary school thinking there was a Gary Numan song called “I’m a Plastic Bag” (It’s actually called “That’s too bad”) and there are whole blog posts and even sites dedicated to misheard lyrics, so I’m not too downhearted!

The fact that a lot of small words – mainly pronouns – escape my ears hasn’t helped. Mostly, I should have known better: the “o” in place of “lhe” in the third-from-last line, for example. But the most maddening one was the “se” in “Aulas que eu dava e se estudasse” was the key to unlocking the sentence. I knew something wasn’t right, because there was no reason for it to change from indicative to subjunctive like that so I should have guessed there was a se in there somewhere, and if I’d realised that I probably could have unfucked the rest of the sentence too. Ugh…

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Mais Um Festival da Canção

Esta imagem faz parte da mesma BD de há uns dias. É mais um retrato autêntico de um evento na crónica de Lisboa que tem a ver com um festival da canção, mas neste caso, não é o Festival Eurovisão da Canção que tem lugar anualmente. Este é uma publicidade* a uma revista, ou seja, um espetáculo de variedades.

Existe um vídeo a preto e branco desta revista no site da RTP. Segundo o autor da vinheta**, o espetáculo foi renomeado depois da revolução porque deixou de ser necessário calar na época da liberdade de expressão.

PS – Um dos atores, Henrique Santana, é filho da estrela do filme “A Canção de Lisboa“, Vasco Santana

*Publicidade for an event, anúncio for a product

** a vinheta is a single square in a BD. I’d heard “quadrinho” for the same thing

Thanks to Cristina of Say it in Portuguese for pointing out the various errors and temporal paradoxes

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A Cancão de Lisboa

A Cancão de Lisboa com Vasco Santana

A Canção de Lisboa” é o primeiro filme feito por portugueses segundo o cartaz e o segundo, depois d’”A Severa”, segundo a Wikipédia. O realizador foi José Cottinelli Telmo, um arquiteto, artista e cineasta que colaborou com o Estado Novo em vários projectos, incluindo a Exposição do Mundo Português e as escadas monumentais de acesso à Universidade de Coimbra (o pior crime de sempre, na opinião da minha filha).

O filme conta a história de Vasco Leitão (protagonizado por Vasco Santana) que é inexplicavelmente sortudo: tem uma namorada linda e atrai a atenção de outras raparigas, apesar de ser pobre, gordo e pouco jeitoso.

Mas a sério, canta bem e é encantador, que provavelmente ajuda-o a engatar as raparigas. Ainda por cima, do ponto de vista dos espectadores, tem qualidades tipicamente portuguesas que permitem uma audiência nacional identificar-se com o protagonista.

Há, sem dúvida, muitas cenas engraçadas no filme (a minha favorita é quando o Vasco se arma em veterinário no jardim zoológico para ganhar dinheiro), mas não é o mais fácil de entender. Os sotaques daquela época soam diferentes (assim como os filmes ingleses dos anos 40 do século passado) e a qualidade da gravação antiga estraga os tons mais altos e torna mais incompreensível o diálogo. Portanto, ainda que o filme seja um dos mais populares de sempre, não é muito acessível para nós estrangeiros. Talvez tivesse sido mais fácil entender a remake* de 2016, mas este blogue tem os seus princípios. Não suportamos remakes nenhumas. O que será a próxima? Se tolerarmos uma versão da Canção de Lisboa com César Mourão, teremos de aceitar uma versão do Ghostbusters com elenco feminino? Nunca!

*Wikipedia says refilmagem but our survey says (*uh erghhhh*). Might be a Brazilian thing?

Thanks as ever to Cristina of Say It In Portuguese for the helpful corrections