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Explicando o Brexit aos Brasileiros

O meu amigo brasileiro* fez a seguinte pergunta: ‘O que é que se passa aí com o “brexit”‘? e para ser sincero, ando farto de falar nisto. Nós os que votámos contra a proposta do referendo queríamos apenas que as relações entre o nosso país e os nossos vizinhos continentais continuassem sem transtorno, e que continuássemos a ter direitos para viajar, trabalhar e fazer quaisquer coisas nos apetecessem, tal como os outros cidadãos da Europa, mas ao que parece, havia muitas pessoas que tínham uma opinião oposta, quer por motivos de racismo, quer por acreditarem que na união prejudica a democracia, quer por sentirem que o seu modo de vida tinha piorado até um ponto de ser insuportável e que qualquer mudança no sistema iria melhorar as coisas. Mas não é o caso. Comprámos uma mistura de patriotismo, optimismo, mentira e ódio, e agora encontramo-nos ao pé duma catástrofe épica. O único motivo para ser optimista é que finalmente podemos acabar com o nosso hábito de culpar a UE por qualquer problema na nossa vida. Mas cada vez que ligo a televisão, lá está mais um político que fala como se fosse precisamente por causa da UE que tudo isto aconteceu. É óbvio que a retórica vai continuar tóxica durante os próximos anos também.

 

*=sim, após de 3 anos a evitar brasileiros aleatórios que queriam mudar os meus estou-a-fazers para estou-fazendos, agora estou a fazer um intercâmbio linguístico com um brasileiro, mas mora lá em Portugal e por isso as aulas não são assim tão confusas!

Thanks to Fenrnanda for more rigorous corrections on this one. Previous version still full of undetected fuqueups.

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As Notícias Do Brexshit

_98357533_mediaitem98357532Talvez já saibam que não sou fã do Brexit. O nosso governo aqui em Inglaterra está dividido, um contra o outro por causa deste referendo, efectuado numa atmosfera de hostilidade e nostalgia duma época dourada imaginária. Hoje, foi anunciado que o governo pretende começar a adicionar cidadãos europeus a um novo registo. Apenas europeus, mas não cidadãos dos outros países. E por quê? Porque devemos aguentar tanta estupidez? Porque querem trazer tantas chatices às vidas dos portugueses, alemães, franceses, dinamarqueses que vivem cá? Não faz sentido nenhum. Todos nós merecemos liberdade e temos o direito a uma vida sem interferência.

Os europeus, incluindo os ingleses hão-de permanecer juntos e trabalhar pelo benefício de todos.

 

Thanks Joaquim, Máyra, Andressa and Renata for helping me correct the text

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Vamos Caçar Uma Raposa

basil-brush-largeMais política – peço desculpa! 🙂
Um aspecto muito estranho nesta eleição é a prometa do partido conservador deixar-nos a votar sobre a reintrodução da caça das raposas com cães. Esta tradição rural tornou-se ilegal há mais ou menos treze anos durante o governo de Tony Blair.
A caça consiste em uma malta de pessoas ricas ou dos restos das classes feudais, montadas em cavalos, e vestidas com casacos cores-de-rosa, perneiras brancas, capacetes e botas, tudo a correr atrás duma raposa. Junto com eles, há um grupo de cães e um grupo de pessoas de classes baixas que ajudam por identificando uma raposa para caçar. Quando os cães apanham a raposa, é rasgada entre eles, e a tradição diz que o sangue do animal deve de ser pintado no rosto duma pessoa que participa pela primeira vez.
Claro que os agricultores precisam de controlar a população de raposas na quinta para manter as galinhas seguras, e os apoiantes da caça dizem que essa é a melhor forma de fazer isso. Afirmam que é menos cruel do que o uso de armas de fogo. Além disso, alegam que a caça é uma forma de. “sobrevivência do mais aptos”, porque apenas as raposas mais fortes, mais rápidas, mais jovens podem evitar os maxilas dos cães. Mas na minha opinião, este argumento serve os seus próprios interesses. É óbvio que a caça não é nada boa neste sentido.
Um melhor argumento é aquele que diz: o povo rural têm as suas próprias tradições. Estas tradições dão ordem na sociedade rural e criam empregos para as pessoas da área. Os políticos, e pessoas nas cidades em geral não compreendem o modo de vida rural e não têm o direito de exigirem a alguém de fazer o que quer com na sua própria terra.
Mas creio que o crer, para mim, a questão que resta: porquê agora? Com todos os problemas do país: o terrorismo, a economia, o “brexit”, porque é que acham que o mais importante é o direito de correr atrás duma raposa?

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Demasiado Democracia

Desde a eleição nacional de 2015, o povo do meu bairro tem tido três oportunidades para utilizar o seu poder para escolher o governo de qualquer nível:
Em Maio de 2016, aconteceu a eleição do Presidente da Câmara de Londres. O nosso deputado (do partido conservador) candidatou-se mas falhou porque a sua campanha foi racista. Ficamos surpreendidos porque naquele ponto, parecia um homem decente.
No mês seguinte, o Reino Unido inteiro votou para sair da União Europeia. Os eleitores daqui opuseram-se à decisão por 70:30 mas este mesmo deputado apoiou-a. Claro que ficávamos chateados com isso, e para mim, casado com uma portuguesa, isto foi inaceitável!
Então, no fim do ano, o governo tomou a decisão de acrescentar a capacidade do aeroporto Heathrow apesar das manifestações. O deputado demitiu-se, o que forçou a uma nova eleição. Nesta altura, estávamos todos fartos dos bitaites dele. Votámos na candidata liberal-democrática, a Sarah Olney.
Hoje, estamos no meio de mais uma campanha. A primeira ministra, Theresa May, iniciou uma eleição geral para consolidar o seu poder antes dos negócios do Brexit em que pretende seguir um curso confronto; sair do mercado único e do tribunal europeu. Os seus principais oponentes, o partido trabalhador adoptou a mesma proposta: eles também pretendem sair do mercado único. Além disso, o candidato outrora do partido conservador voltou a candidatar-se apesar da politica do governo sobre o aeroporto. Por isso, decidi de entrar no partido liberal democrática. Passei 4 horas desta tarde a tocar nas portas da cidade para perguntar aos eleitores “em quem pretendem votar?” entre outras perguntas. É muito importante: se votássemos no conservador, depois de tudo, deveríamos de estar envergonhados. Mas paradoxalmente, há pessoas que se queixam demasiado da democracia: uma e outra vez, temos que votar. Nós ingleses acostumamo-nos a escolher entre partidos de centro-direita sem diferenças. Enfim, tudo muda; os votos importam e devemos de prestar atenção ao mundo da política.

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O Dia B

This texto has been on iTalki for a while now, which is why it’s not as topical as it once was!

Para nós ingleses que votámos contra o Brexit, a semana passada foi triste. Afinal, a primeira ministra, Theresa May mandou uma carta ao Presidente do Conselho europeu, para iníciar o que consta no artigo 50 do Tratado de Lisboa e começou o processo de saída da UE. Sem adiar, um líder outrora do partido conservador tentou provocar uma guerra contra os nossos amigos espanhóis. Tanta loucura!

Li uma piada seca numa rede social “Uma grande vantagem de ser gay é isto: Nunca vou ser obrigado a explicar aos meus netos o que aconteceu hoje”.

Infelizmente não sou gay.

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O Candidato

1/12/2016
Realiza-se hoje na minha cidade uma eleição. Vivemos perto do aeroporto Heathrow no oeste de Londres. Há muitos anos, o governo britânico anunciou a sua decisão de construir mais uma pista em Londres para melhorar o sistema de transportes. Mas onde construir? Esta era a grande pergunta. O nosso deputado, Zac Goldsmith é membro do partido conservador, o partido do governo, mas o que tem em comum com muitos londrinos é que odeia notebook_image_752151o barulho do aeroporto. Por isso, prometeu demitir-se do governo se ficasse decidido construir a nova pista aqui. No mês passado, a decisão publicou-se: a nova pista será em Heathrow. O Zac, um homem de palavra, demitiu-se. Espera-se  que os eleitores irão apoiá-lo como candidato independente*. E talvez tenha razão mas acho que não. Lembramo-nos da eleição da prefeitura [em que ele usou argumentos racistas contra o candidato do partido trabalhador. Os Londrinos não aceitam isso caraças. Lembramo-nos também do seu apoio pelo “Brexit”. Setenta por cento de nós votámos não. Todos queremos parar a pista mas neste caso, acho que o Zac não é o nosso candidato.

 

*=One correction that changed the meaning of the sentence but was interesting anyway was “Resta aos eleitores apoiarem-no como candidato independente” (it remains with the electors to…” instead of “he hopes the electors will…”

 

Uma actualização

O Zac perdeu a eleição!

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Learning from the Brexiteers

I learned a fantastic new word today from Miguel Esteves Cardoso’s piece “Não ao Brexit” in the Portuguese tabloid Publico. In it, he’s describing the contrasting personalities of the two main Brexit advocates, Gove and Johnson. The word is “queque” which I think is pronounced like “cake” with perhaps a bit more tail on the end. It literally means cupcake and he uses it in the sentence “Johnson é simpático e queque.” Johnson is likeable and cupcake. So what does that mean, I ask my wife. Basically it means… well, someone like Johnson – vain, snobbish, wanting public admiration. I guess the closest english equivalent would be “toff”, not that it’s exactly the same word, but it’s in the same area and of course has a link to confectionery (being short for “toffee nosed”).

Johnson doesn’t get off so lightly as this sentence though. All the way through, Cardoso seems to be contrasting Gove’s honest nationalism and intellect with Boris, who he describes as “um  aldrabão” (a crook), “um palhaço esperto, indolente e mentiroso” (an expert clown, lazy and dishonest), and “um traidor e um oportunista” (a traitor and an opportunist). In summary, to contrast the two “Johnson é um Trump educado e europeu enquanto Gove é um Larkin prosaico e incapaz de poesia”, all of which is so close to the English that even if you don’t speak Portuguese, you probably get the gist, but in case not “Johnson is an educated, European Trump, while Gove is a prosaic Larkin, incapable of Poetry”.

Such a great character sketch and yes, I’m definitely saving that word, queque for later.

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O Prefeito De Londres

No dia cinco de Maio, haverá uma eleição aqui em Londres, para escolher um prefeito novo. Os dois candidatos maiores chamam-se Zac Goldsmith e Sadiq Khan.
Sadiq Khan representa o Labour Party (o partido dos trabalhadores). Se estivesse perfeitamente cândido, não sei muito dele. Hoje o primeiro ministro acusou-o de ser associado ao daesh porque é muçulmano e tem o apoio dum pregador radical muçulmano, mas quando as alegações estavam a ser investigadas, pareciam vazias (obviamente!).
Entretanto, o seu rival, Zac Goldsmith é interessante. É riquíssimo, jovem e um bom falador. Tem um compromisso forte com o ambiente, que o faz estranho no seu partido, o Conservatives (o partido de centro-direita). Muitas pessoas admiram-no, mas nesta eleição, a sua campanha é horrível, divisionista e com um ar de racismo.
As principais questões da eleição são os preços dos imóveis (porque ninguém pode comprar uma casa a menos que tenha um trabalho muito bom) e a infraestrutura do transporte (para evitar engarrafamentos, mortes de ciclistas, e falta de tempo de trabalho).

 

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O “Brexit”

O Primeiro Ministro do Reino Unido anunciou recentemente a data do referendo para decidir a saída da União Europeia. Para muitos britânicos, esta questão é cheia de emoção. Mas quais emoções? Saudades duma idade do ouro quando a Grã Bretanha tinha grande poder no mundo? Medo dum futuro incerto? Antipatia aos novos vizinhos da Polónia, do Roménia ou mesmo da Síria (chegando dos países perto do Mediterrâneo).
Como muitas vezes, quando ouvia os debates, acho que a realidade perdeu-se nas discussões emocionais. Não temos um Donald Trump Inglês… ainda, mas há um perigo de despertar os aspectos mais feios do nosso carácter nacional.

[Uau – Penso que estou mais optimista do que o normal. Acho que escrever em Português faz-me mais pessimista!]

Fotografia – Boris Johnson. Tem o cabelo do Trump mas não é tão mau como o do Trump

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This was originally on iTalki but it’s not possible to write a proper corrected version there. Thanks to my teacher, Sophia for correcting my terrible errors.