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A Miséria na Estrada Para Sintra

Apesar de ter corrido 42.2 quilómetros anteontem, acordei esta manhã sem dores nas pernas. Aluguei uma bicicleta e pus-me a pedalar em direção a Sintra. Escolhi a rua à beira do mar mas esta acabou por atravessar as colinas do parque. Enfim, 4 horas depois, cheguei à Quinta das Regaleiras, suado mas feliz. Houve vezes durante a viagem nas quais me arrependi de não ter ido de autocarro, mas se tivesse optado pelo transporte público, não teria visto as nêsperas selvagens, as borboletas gigantes, a ave de rapina e todas as flores e plantas desconhecidas.

Estou a escrever este texto na fila onde estou há quase uma hora. Planeei em visitar o Palácio Nacional da Pena depois disto mas sinceramente não acho que tenho paciência para mais sítios turísticos, e ainda por cima não me apetece voltar para Cascais na escuridão. O filósofo Eduardo Lourenço disse uma vez “Mais importante que o destino é a viagem” e acho que tinha razão, mas o destino não é irrelevante. Fico contente por ter um dia fantástico na rua e (em breve) uma vista do Poço Iniciático.

Confesso que não sabia que havia tantas tantas estruturas incríveis nesta cidade. Há cenas espantosas por todo o lado. A entrada deste parque custa €12 euros que é menos do que os jardins botânicos de Kew, e… Peço desculpa, Kew, mas não há nada aí que chegue aos calcanhares do Poço Iniciático.

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O Mistério da Estrada de Sintra

This is a text I wrote about an audiobook I’ve been listening to. The link to the Audible version is on the audiobooks page (here) but Bertrand also have an audio and a printed copy. There’s even an English translation on amazon called The Mystery of the Sintra Road but it looks like a print on-demand job, probably very low quality, so I wouldn’t bother tbh. As usual, thanks are due to the lovely correctors on WritestreakPT for their help with the corrections.

Estou quase a terminar este Audiolivro (update: finished now!). Não é nada fácil. Custa-me muito ler livros do século XIX em inglês, ainda pior quando tenho de pensar muito para entender o português. Comecei o livro durante a minha “peregrinação” pela a barreira do rio Tamisa há 3 semanas mas perdi o fio à meada.

O Mistério da Estrada de Sintra

A “história da história” é muito interessante: os autores, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão escreveram uma série de notícias e artigos anónimos no jornal Diário de Notícias sobre um crime cometido nos arredores de Sintra à noite. Um grupo de mascarados tinham raptado dois homens e levado-os a uma casa onde foi encontrado o cadáver dum inglês. O povo da cidade ficou chocado e aterrorizado: será que estamos em perigo? Quem são esses bandidos? Logo depois, umas personagens da história escreveram cartas à redatora do jornal para explicar as suas acções e motivos. Cada um reagiu às cartas do dia anterior e ninguém deu pelo estilo de escrita muito polido destes cidadãos aleatórios, até ao fim da narrativa, quando os autores revelaram a verdade: os subscritores do jornal tinham estado a ler uma obra de ficção!

Adoro. Todos nós conhecemos a história da “Guerra dos Mundos” de Orson Welles mas Eça de Queirós conseguiu o mesmo engano* sete** décadas antes em meados do século XIX.

*I originally wrote “decepção” forgetting that that’s a false friend, meaning disappointment, not deception.

**Style guides say numbers up to 12 should be written as words and after that, digits kick in.