There’s no point messing with perfection, so I’ve updated the presentation from C1 but not really altered it much.
O meu nome é Colin. Tenho 55 anos. Sou escocês por nascimento mas quase sempre morei em Inglaterra. Estou casado com uma madeirense e temos uma filha com dezanove anos que é escritora. Sou consultor de informática. Gosto de correr. Não sou muito desportivo mas cheguei a uma idade na qual fiquei com uma escolha: ou correria para perder peso ou correria risco de infarto e outros problemas de saúde. A corrida é um desporto solitário e não sou fã de desportos da equipa, portanto a seleção da atividade foi fácil. Adoro correr logo de madrugada quando há pouca gente no parque, apenas veados, coelhos, pássaros e outros homens gordinhos de meia idade. Consigo pensar, ouvir um audiolivro, e ver o sol nas copas das árvores. Treino forte e feio para aumentar o meu desempenho, mas é difícil porque como bolos a mais. Em Outubro, participei na Maratona de Lisboa. Não batei nenhum recorde, mas foi um dia incrível.
Comecei a aprender português a sério em 2016, mas já tinha feito algumas tentativas esporádicas anteriormente. Embora a minha esposa fale inglês fluentemente, a sua tia não falava e eu queria comunicar com ela.
Pedi dupla cidadania em 2019, mas houve um problema por causa da minha residência outrora nos Estados Unidos e o processo foi por água abaixo durante a época da pandemia. Fiz um segundo pedido mais recentemente e estou à espera da resposta. Não gosto de voar e por isso, fui a Portugal poucas vezes, mas visitei Lisboa, Cascais, o Porto, Coimbra, o Algarve e a Madeira que é, sem dúvida o meu lugar favorito, e não só porque a minha mulher vivia lá!
Sendo um pouco introvertido, falo pouco com outras pessoas mas gosto de ler, e isso, para mim, é o meu principal contacto com a língua portuguesa: leio muito. Há uma citação de Fernando Pessoa que diz “A minha pátria é a língua portuguesa”. Identifico-me com este sentimento, porque estou a pedir dupla cidadania mas acho que passo mais tempo a ler livros portugueses do que passei no país. É uma situação invulgar.
Às vezes, quando comecei, custava-me muito ler livros como “Bichos” de Miguel Torga (que tem muito vocabulário desconhecido que tem a ver com a vida bucólica), “A Costa dos Murmúrios” de Lídia Jorge (cujo estilo é um pouco denso) ou os livros do João Reis, que é um autor moderno e muito simpático (falamos no Instagram de vez em quando), mas achei o seu humor difícil de entender. Mas fui melhorando pouco a pouco e, nos dias que correm, é raro perder o fio à meada. Até me apetece voltar a ler alguns livros que li há anos e mal entendi. Leio qualquer espécie de livro: adoro os livros de Ricardo Araújo Pereira, de Miguel Esteves Cardoso, de João Tordo, e de Djaimilia Pereira de Almeida mas também leio não-ficção: uma Biografia do Marquês de Pombal, a Brevíssima História de Portugal e vários ensaios sobre a língua, a história e a cultura do país. Também li um livro sobre a corrida, escrito pela atleta portuguesa Jéssica Augusto.
Sou membro da Sociedade Anglo-Portuguesa, a qual tem os seus encontros ali no outro lado da rua. É um bom método para ficar a par de aspetos da cultura, mas convém lembrar que existem muitas maneiras de nos encontrarmos com a cultura portuguesa em Londres: concertos de Fado, restaurantes, exibições de arte, como a de Paula Rego que decorreu no Tate há um ano, e até existem comediantes portugueses que montam espetáculos em Londres, porque como há tugas suficientes aqui eles encontram público disposto a ouvir comédia no seu próprio idioma.
Em resumo, pretendo viver uma vida interna que é meio portuguesa, mesmo que não fale muito.