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O Quinto Império

Ouvi falar do Quinto Império há muito tempo numa conversa com uma estudante de português que conheci no Insta, mas não pensei mais nele até recentemente quando traduzi o “A Vida na Estrada” dos Diabo na Cruz que se refere à ideia. Ainda mais recentemente, o nome de Padre António Vieira, (autor do Sermão de Santo António aos Peixes) surgiu numa aula, e aquele clérigo foi o divulgador principal do Império, portanto decidi resgatar este texto da pasta de rascunhos onde jaz desde 2022!

Visão de D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique (c.1665), Por Frei Manuel dos Reis – MatrizPix, Domínio público

Mas afinal, o que é o tal Quinto Império? Eis um Resumo da página de Wikipédia:

O Quinto Império é uma crença milenarista que fazia parte da mitologia do país durante a expansão do seu império ultramarino, e emprestou legitimidade e apoio religioso a esta fase de conquista. Foi construído a partir de textos anteriores, principalmente o mito das três idades promulgado pelo monge Joaquim de Flora e teve como origem o livro do Daniel, onde aquele profeta viu uma estátua com pés de barro e, apesar de ser composta de várias metais, os pés eram vulneráveis a uma pedra atirada por um inimigo. Segundo o Padre, cada parte da estátua representa um império do mundo antigo e o Império Português seria a pedra que derrubaria tudo, sendo o quinto e último império que duraria durante mil anos, estabelecendo a paz por todo o mundo e realizando a vontade de Deus.

É quase indispensável para um novo reino expansionista ter uma ideologia forte para motivar os seus funcionários e soldados

Os três pilares do movimento são os seguintes

  • O estabelecimento da nação portuguesa após a Batalha de Ourique*, supostamente com a ajuda de Jesus Cristo e o Anjo Custódio de Portugal (o assim chamado Milagre de Ourique). Isto seria a pedra descrita no texto supra.
  • O messianismo de Gonçalo Annes Bandarra, ligado à obra do historiador D. João de Castro, inventor da ideia da “Quinta Monarquia”
  • A restauração portuguesa sob a liderança de D. João IV após o desastroso período de domínio espanhol que se seguiu à morte de D. Sebastião na Batalha de Alcácer Quibir e cujo resultado foi a crença que o novo rei restauraria a glória de Portugal e seria a cabeça deste novo império.

Este mito persistiu e serviu como pano de fundo d’A Mensagem, uma coletânea de poemas da autoria de Fernando Pessoa. Já li estes poemas sem preparação mas acho que é um livro que precisa de mais conhecimento do contexto histórico e cultural.

*Sou burro, eu sei, mas este nome “ourique” lembra-me da palavra ouriço, portanto imagino esta batalha como um exército de porcos-espinhos a lutar contra os mouros para a glória de Portugal e um grande cozido de minhocas e besouros.