Ouvi falar do Quinto Império há muito tempo numa conversa com uma estudante de português que conheci no Insta, mas não pensei mais nele até recentemente quando traduzi o “A Vida na Estrada” dos Diabo na Cruz que se refere à ideia. Ainda mais recentemente, o nome de Padre António Vieira, (autor do Sermão de Santo António aos Peixes) surgiu numa aula, e aquele clérigo foi o divulgador principal do Império, portanto decidi resgatar este texto da pasta de rascunhos onde jaz desde 2022!

Mas afinal, o que é o tal Quinto Império? Eis um Resumo da página de Wikipédia:
O Quinto Império é uma crença milenarista que fazia parte da mitologia do país durante a expansão do seu império ultramarino, e emprestou legitimidade e apoio religioso a esta fase de conquista. Foi construído a partir de textos anteriores, principalmente o mito das três idades promulgado pelo monge Joaquim de Flora e teve como origem o livro do Daniel, onde aquele profeta viu uma estátua com pés de barro e, apesar de ser composta de várias metais, os pés eram vulneráveis a uma pedra atirada por um inimigo. Segundo o Padre, cada parte da estátua representa um império do mundo antigo e o Império Português seria a pedra que derrubaria tudo, sendo o quinto e último império que duraria durante mil anos, estabelecendo a paz por todo o mundo e realizando a vontade de Deus.
É quase indispensável para um novo reino expansionista ter uma ideologia forte para motivar os seus funcionários e soldados
Os três pilares do movimento são os seguintes
- O estabelecimento da nação portuguesa após a Batalha de Ourique*, supostamente com a ajuda de Jesus Cristo e o Anjo Custódio de Portugal (o assim chamado Milagre de Ourique). Isto seria a pedra descrita no texto supra.
- O messianismo de Gonçalo Annes Bandarra, ligado à obra do historiador D. João de Castro, inventor da ideia da “Quinta Monarquia”
- A restauração portuguesa sob a liderança de D. João IV após o desastroso período de domínio espanhol que se seguiu à morte de D. Sebastião na Batalha de Alcácer Quibir e cujo resultado foi a crença que o novo rei restauraria a glória de Portugal e seria a cabeça deste novo império.
Este mito persistiu e serviu como pano de fundo d’A Mensagem, uma coletânea de poemas da autoria de Fernando Pessoa. Já li estes poemas sem preparação mas acho que é um livro que precisa de mais conhecimento do contexto histórico e cultural.
*Sou burro, eu sei, mas este nome “ourique” lembra-me da palavra ouriço, portanto imagino esta batalha como um exército de porcos-espinhos a lutar contra os mouros para a glória de Portugal e um grande cozido de minhocas e besouros.