Posted in English

A Couple of Interesting Things Happening in London, One of of Which Might Not Be Happening, Who the Heck Knows?

Just by pure chance I heard about another two Lusophonic Occurrences here in London this week.

One is the Utopia Film Festival, which started yesterday and goes on till the twelfth. The films look quite serious and not exactly entertaining but if I can shake the lurgy, I might go and see one towards the end of its run.

And the other is a weird one. It’s a brand new international Portuguese literary festival in London, on Saturday the 7th. But hang on, haven’t we already had a brand new international Portuguese literary festival in London, FLILP, in June this year? I mean, I’m grateful for all these international Portuguese literary festivals you’re bringing to my town, but there must be other towns and other countries that need brand new international Portuguese literary festivals!

Anyway, it’s called Letras Lusas Em Londres and it was organised by Alcino Francisco, who I actually met and spoke to at FLILP in June, where he was one of the guests, and bought a copy of his book.

It’s surprisingly hard to find details of the festival though. I can see a few people on Insta refer to it, and even an interview with Alcino himself, but I can’t find an official account for the event on Insta. Alcino Francisco’s own Instagram account is dormant. If I Google the name of the festival, there’s a Facebook page right at the top of the ranking, but when I click on the link I land on some random video clip, so I think the page was deleted. This news article describes it, but there are two links to the organisers’ websites and both of them are deadlinks.* I can see there’s a reasonably full list of guests on this page, but nothing like this glossy publicity materials FLiLP put out in the run-up to their launch. It’s all weirdly hush-hush really. I dug around all over the place. I found another blogger who had done a couple of posts about it, so he must be better informed than I am, but, again, I’m not seeing anything linking to some central place on the Web where the organisers have set out a programme, or what to expect or… Well, anything really. The woman who put together FLiLP seems much better organised, as well as… Ahem… More original.

An old friend of the family has suggested we go together but even if I wasn’t full of cold germs, I don’t think I’d want to trek over there because I’m not even sure it’s actually happening. That’s how bad the lack of information is.

*By the way, it also contains the phrase “@s leitor@s” which almost made me want to take Solanium’s example and learn Spanish instead.

Posted in Portuguese

A Viúva – José Saramago

Pela segunda vez neste mês, encontro-me sentado à mesa a escrever uma opinião sobre um livro mas com mais vontade de escrever sobre as circunstâncias da leitura em vez do seu teor.

Deixem-me explicar: este é um Audiolivro mas li-o na aplicação da Bertrand e a app da Bertrand é um verdadeiro monte de merda. De vez em quando, fecha-se inesperadamente e quando se reabre, a app esqueceu-se de onde ia. Isto aconteceu centenas de vezes.

Como resultado, li grande parte do livro mais do que uma vez, provavelmente saltei uns parágrafos e perdi (a) o fio à meada e (b) a minha vontade de viver.

Nada disto é culpa de Saramago, mas ainda assim, responsabilizo-o por ter escrito um livro que acabou por me causar tanta dor. Passou a ser o meu inimigo.

O livro não é típico da obra dele. Escreveu-o em 1947, e foi publicado sob o título d’A Terra do Pecado. O estilo idiossincrático de Saramago não se tinha ainda desenvolvido. O enredo, as frases e a voz autorial, todos fizeram-me lembrar dos poucos romances do século XIX que já li. Um Eça de Queirós ou um Camilo Castelo Branco.

Posted in Portuguese

Em Busca da Identidade

Já li 75% deste livro mas… Eh pá, não acredito que estou a escrever isto… Fui assistir a um concerto dos Goldie Lookin Chain (estou aqui agora, mas o support act é chato, portanto aqui estou eu a escrever!) e li o livro no trânsito público a caminho para aqui… Mas… Que vergonha… Não há maneira fácil de dizer isto… Enfim… Fui à casa de banho e o livro caiu do meu bolso pela sanita abaixo.

Na verdade, não me importa assim tanto. O autor é um filósofo mas não estou acustomado ao jargão da especialidade dele: “fragmentação da subjectividade”? Pois é, pois é. Onde está o autoclimso?

Ah ah, estou a brincar, mas aquela espécie de escrita, muito abstrata e rarefeita, sem referência aos dados deixa-me insatisfeito, até em inglês. Experimentei o “sabor” do seu raciocínio mas não tenho vontade de ir buscar mais um exemplar para constatar a sua “conclusão”.

Bom, acho que os Gales estão quase a chegar. Vou publicar este texto sem revisão. Espero que seja aceitável!

Posted in Portuguese

Sentinel – Luís Louro

Convém lembrar que ninguém consegue trabalhar sem pausa. Prescindir de descanso aumenta os níveis de stresse até estarmos prestes a saltar pela janela fora. Dito isso, a não ser que estude, vou chumbar no exame e logo vem aí a depressão, o sofrimento e a vergonha.

Tendo em conta estas duas conclusões desoladoras, larguei as canetas e, a partir da 1h30 da manhã do Domingo, escovei os dentes e deitei-me na cama com uma banda desenhada portuguesa. Pus-me a ler.

O Sentinel é a sequela do Watchers e é igualzinho: tem desenhos giros de uma Lisboa realista, no sentido de ter prédios, lojas e ruas idênticos à cidade verdadeira, mas também irrealista com elétricos voadores, e “bichinhos” (mini-girafas, hipopótamos pequeninos, elefantes de bolso) por todo o lado e árvores a irromper pelos telhados. Esteticamente, lembra-me de mais uma BD, a “Dog Mendonça e Pizzaboy”, que tem a mesma mistura de realismo, magia e humor.

Sentinel Luís Louro

O artista também tem o seu lado galhofa, como pequenos pormenores engraçados escondidos nos cantos dos quadrinhos. É claro que Luís Louro nasceu para desenhar BDs. Tem um jeito incontornável.

Então, que pena que a história não tenha pés nem cabeça.

Encontramo-nos num mundo futurista, em Lisboa, algum tempo depois dos eventos do primeiro livro. Os discípulos do “Sentinel” querem continuar a sua interpretação da sua missão por… Ora bem, não me lembro bem o primeiro livro, mas mexem nas vidas das pessoas com os seus drones de espiam-nas com as suas câmaras em prole da sua ideologia patética. Em suma, é uma chatice.

Certo dia a esposa de um homem morto no primeiro livro decide consertar o seu coração despedaçado por vingando-se da memória do Sentinel. Saca uma arma (De onde? Como? Sabe-se lá!), calça um fato de girafa (De onde? Como? Sabe-se lá!) e aprende as competências de um espião ou um agente do Serviço de Informações de Segurança* (DO? C? S-SL!). Em breve, mete-se em sarilhos mas conta com a ajuda de um bandido ucraniano que ela encontra durante um assassínio de um discípulo. Basicamente dá por ele porque está a tentar dar cabo de uns criminosos. Salva-lhe a vida. Ele quer retribuir o favor. A sua deformação profissional é exatamente o que ela precisa para continuar a matar os pilotos dos drones.  Durante este tempo todo há uma espécie de coro grego na forma de mensagens numa rede social qualquer. Adoro isto. Não devia funcionar mas funciona mesmo contrariando todas as leis de Deus e do Diabo**.

Infelizmente, a vingança é um beco sem saída. Por fim, ela assassina um inocente a tiro e pinta o símbolo dela na parede com o seu sangue. Os dois ficam presos e temos de enfrentar a reviravolta mais rebuscada e mais parva de sempre.

Quando sair o terceiro tomo, espero que o autor largue as citações cinemáticas (bué cringe) e adicione mais uma semana de reflexão sobre o enredo e o diálogo, porque com mais investimento de tempo pode criar algo verdadeiramente impressionante.

*I should have just written it SIS but since it was followed by a string of abbreviations I thought I’d spell it out in full. Portuguese MI5, anyway.

**I originally wrote “de Deus e do Homem ” (all the laws of god and man!) but this is the actual expression, apparently. I was just being lazy and translating literally.

Posted in English

A Educação Física – Joana Mosi

Joana Mosi - a Educação Física

Gostei d’O Mangusto, mas o livro mais recente da mesma autora é uma desilusão. Não havia nada que me agarrou. As personagens não me interessaram, não havia um enredo, nem diálogo divertido e é tão mal desenhado que muitas vezes eu nem sequer sabia quem estava a falar.

Se este livro tivesse algo que pode ser chamado “um enredo”  seria sobre um grupo de mulheres que combinam ir ao ginásio diariamente, mas na verdade, isso acontece pousas vezes, e a protagonista (se for possível dizer “este livro tem uma protagonista”) é chata. Não faz jus a nada, está a namorar com um homem casado, não tem sentido de humor nem qualidades notáveis. Não me lembro do nome dela, e quero lá saber.

Levou-me imenso tempo a ler.

Posted in Portuguese

O Guardador de Rebanhos – Alberto Caeiro

Tendo lido um excerto deste conjunto de poemas de Alberto Caeiro (um dos Heterónimos de Fernando Pessoa), decidi ler o resto, para acompanhar uma das minhas sessões de fazer um puzzle e ouvir audiolivros. Existe uma versão no youtube que é ótima, mas não pago pelo serviço sem anúncios e… ora bem, basta dizer que a poesia soa melhor sem anúncios…

Os poemas descrevem a sua vida solitária, a escrever poesia para estar sozinho, e a cuidar os seus pensamentos como se fosse um pastor a guardar um rebanho no campo. A filosofia deste poeta está em sintonia com a ruralidade no seu redor: “penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés” e sente-se maior quando vê um céu aberto do que quando está numa cidade, rodeado por prédios. Um poema que me marcou é o número XX que compara o Tejo com o rio que corre pela sua aldeia. Ainda que o Tejo seja belo, é mais famoso, ou seja, mais público, e quando as pessoas o veem, pensam na sua história e no seu percurso da Espanha para o Atlântico e daí em direção à America. Mas o seu rio é o seu rio e mais nada, e “quem está ao pé dele está só ao pé dele”.

Acabei por ouvir três vezes, e acho que a gravação do poema seria um excelente acompanhamento para um passeio ou uma hora de jardinagem

Posted in Portuguese

O Poeta E O Social

O Poeta E O Social

Ao contrário da opinião anterior, não tenho muita coisa para dizer sobre este livrinho. Consiste em 40 teses mas realmente são 20 pares de epigramas mordazes, que comparam o papel do poeta com o do crítico da sociedade (ou pelo menos acho que é isso que ele quer dizer com “o social”).

Por exemplo:

Se o social chegou à fase adulta, o poeta ficou na infância.

Se o social não passou da infância, o poeta tornou-se adulto.

Parece que têm métodos e modos de viver que são diametralmente opostos mas sabendo algo sobre a carreira do autor, duvido que ele quer insinuar que um é melhor do que o outro ou que um deles não vale nada.

Nas últimas páginas há um “exercício” que é claramente uma piada e que dá para entender que o livrinho é uma espécie de brincadeira, o que não está nada mal. Confesso que me faltava de alguma coisa fácil depôs do último conto d’A Inaudita Guerra da Blábláblá.

Posted in Portuguese

A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho

A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho

Este livro reúne seis contos que têm elementos de humor e do realismo mágico. São divertidos e cheios de surpresas. Já falei da história sobre o chimpanzé que digitou o “Menina e Moça”. São todos iguais. Loucuras e mais loucuras.

O último conto custou-me ler porque tem lugar no passado e com resultado é sobrelotado com palavras desconhecidas. Por exemplo, olha esta jóia:

Desconheço…

  • Torrão = pedaço de terra aglomerada.
  • Megera = mulher antipática
  • Atear = Lançar fogo, fomentar
  • Engrolar = Dizer ou fazer mal à pressa
  • Esconjuro = Exorcismo

E não tinha toda a certeza sobre

  • Soleira = limiar da porta*
  • Bento = abençoado

Nem sequer me lembro de há quanto tempo li uma frase com 5 palavras desconhecidas e 2 pouco-conhecidas. Sinto-me como um noviço.

Também quase gritei quando vi esta gramática.

Já agora, eu sabia, teoricamente, que a contração de “nos” e “(l)o” existia, mas nunca me tinha deparado antes com tal coisa. Ainda por cima, o substantivo ao qual se refere o “lo” é o “castigo”** mas há nada mais nada menos do que três substantivos femininos intervenientes. Que fonte de confusão! Perdi sono por causa desta frase, malta.

*it’s hard to even define this one without resorting to other hard words. It’s a doorstep though, mmmkay?

**In case anyone is reading this who is not a fan of pronoun ju-jitsu and can’t follow my explanation, the bottom line is that no-lo means “it to us” so it goes”…know how to accept the punishment […] to accept submissively the imposition of whoever gives IT TO US”. Oof.

Posted in Portuguese

Cascais – Rita Ferro

Cascais de Rita Ferro

Este conto faz parte de uma série, editada na primavera deste ano, de livros com nomes de cidades*. Que eu saiba, não são histórias originais: não tenho certeza, mas eu sei que Rita Ferro escreveu um livro chamado “Brevíssimo Dicionário dos Snobes: Lisboa, Cascais e Mais“. Suponho que este livro é um extrato daquela obra maior, em edição capa dura, com fotos bonitas uma tradução inglesa alternando com a versão original. Ou seja, é uma isca para turistas. Vende-se nos museus, lojas de recordações e outros lugares onde os otários estrangeiros podem ser encontrados. A capa é azul com uma foto da Casa das Histórias Paula Rego no centro, o papel é suave, cheira bem e, no final das contas, este livro, como um objecto do consumerismo é altamente satisfatório.

(Aliás, o livro também se refere à história do “suicídio” de Alistair Crowley, com ajuda de Fernando Pessoa perto da Boca do Inferno, ao oeste de Cascais. Já conhecia a história porque aparece na BD Crónicas de Lisboa. Podes ler a história aqui e há um bónus: contem a expressão “voltar à carga“)

Mr Crowley, what went on in your head?

*I tried “nomeados por cidades” – likely too literal translation of “named after/for cities” but it doesn’t work.

Posted in Portuguese

Cuidado Com o Cão

Rodrigo Guedes de Carvalho - Cuidado como Cão

Cuidado Com o Cão é o segundo livro de Rodrigo Guedes de Carvalho que já li e gostei mais do que o primeiro (mas li o primeiro há três anos e tal, e custou-me ouvir um audiolivro inteiro naquela altura!)

O romance conta as histórias de várias pessoas cujos destinos parecem estar interligados, e de quatro cães, que igualmente podem ser o mesmo cão(!)

Comecei o livro há meses mas deixei de ouvir porque não tinha tempo. Voltei ao início em Outubro e retomei a história durante a minha estadia em Portugal. Fez-me companhia durante as horas a caminho entre vários lugares interessantes. O narrador é excelente e gostei dos pensamentos das personagens mas também adorei as divagações sobre as suas obsessões musicais. Explica-se bem os laços que nos ligam aos cantores que nos chamam a atenção.

Recomendo este livro para quem quiser experimentar um audiolivro português que seja mais adulto do que, por exemplo, O Principezinho, mas que não quer sofrer com um narrador que não fala nitidamente. Está tão bem lido que um ouvinte de nível B2 ou mais consegue entender.