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A Semana Política – Rui Tavares

O exercício de hoje é transcrever um discurso de Rui Tavares, um dos porta-vozes* e um dos fundadores de um partido pequeno chamado Livre. Livre é o partido do qual Joacine Katar Moreira (mencionada neste blogue) era membro antes de se demitir. Tanto quanto sei, ela passou a deputada não inscrita e ainda é membro da câmara, mas não conheço os pormenores de como ou de porquê. Hum… enganei-me, li na Wikipédia que ela perdeu a sua cadeira em 2022.

Eu disse num blogue de uns dias atrás que penso nele como um “pai centrista” (em inglês, “centrist dad”) porque fala contra o extremismo e a favor de as instituições, mas na verdade, o deputado não é nenhum centrista. O seu partido é pouco convencional mas é indiscutivelmente situado à esquerda do espectro político, só que fica nem perto do PCP nem dos outros partidos… hum… esquerdoidos**. Por falar nisso, antes de saber quem era, li um livro de Rui Tavares que fala sobre a divisão entre as duas alas políticas. Muitas pessoas gostam dele, mas, como observou o streamer Tji Pereira, “toda a gente gosta de Rui Tavares mas ninguém vota no Livre”

Enfim, escrevi a minha transcrição e depois liguei as legendas para verificar tudo. Infelizmente, acho que o texto das legendas foi gerado por um IA! Sublinhei os meus erros a laranja e as palavras que (na minha opinião infalível) não batem certo nas legendas e que (também na minha opinião) eu ouvi corretamente, em cor-de-rosa***. Finalmente cinzento significa que não há legendas.

Eu achei curioso que no debate de hoje foi o proponente que falou várias vezes em fascismo e fascistas porque normalmente é uma palavra que se usa pouco nesta câmara porque há uma espécie de receio em utilizá-la. Há muita facilidade a utilizar extrema-esquerda, comunistas, isso mesmo para quem não é do Partido Comunista Português

Senhor deputado, oiça, até agora conseguiu ouvir, conseguirá mais um minutinho. E curiosamente, sobre a tema essencial da história das democracias no nosso espaço geográfico, na Europa ocidental, foi como é que**** os regimes democráticos caíram. E caíram nos nossos países perante os fascismos.

Acerca disso, nunca falamos. Pois eu digo-vos… Não não, esquecequeria, queria o senhor deputado que esquecêssemos, mas não esquecemos porque esse é o tema fundamental. E sabe como é que caíram? Caíram quando as democracias não souberem cuidar de si, não souberam aplicar a lei, não souberam fazer leis que fossem compreen…

Eu compreendo o nervosismo, compreende-se tão bem o nervosismo, de um partido que nunca esclareceu de onde veio o dinheiro da primeira campanha, que foi legalizado com assinaturas falsas no Tribunal Constitucional, que vinha [???] de declarações… Compreendo muito bem que ainda ontem surgiu uma notícia que nos dias que as… Que o conselho consultivo que houve é de financiadores do próprio partido. Não vem falar disso? Saiu na Sábado*****, de ontem, compreendo tão bem o nervosismo. É que vocês ficam nervosos quando se fala daquilo que importa, que é a democracia defender-se…a democracia saber defender-se. Porque reparem numa coisa. Para a democracia (…senhor deputado tem de concluir… ) Concluirei muito rapidamente. Porque para a democracia se defender e ter futuro, ela precisa saber fazer funcionar as instituições. Para a democracia… Para a democracia se perder, é muito simples: perante precisamente partidos como os vossos, basta não fazer nada e eu espero que não seja aí que nós caimos.

*I had to check it wasn’t “portas-voz”!

**I’d almost forgotten this word. It doesn’t actually fit here but I’m leaving it in because I love knowing about terrible internet slang because it makes me feel like an anthropologist or something. “Esquerdista” might make more sense, or “extremista” or a range of other things, I suppose, depending on your point of view.

***I originally wrote “cor de laranja” but was glad to change it because every time I see cor de laranja and cor-de-rosa in the same sentence it reminds me how infuriating it is that one has hyphens and the other doesn’t but eu não faço as regras.

****Worth pointing out that some of the sentences he’s saying don’t seem to be grammatically correct: if you try and parse them out, you know what he’s driving at but the beginnings and endings of the sentences don’t always quite match up as far as I can see. This is an example.

*****I thought this was him mis-speaking but it’s the magazine (revista = feminine) called Sábado and it comes out during the week, not at the weekend, which is why he says it came out in yesterday’s Saturday!

Thanks as ever to Cristina of Say it in Portuguese for helping me sort this lot out.