Posted in Portuguese

O Segundo Dia em Lisboa

A Sexta feira foi mais um dia cheio de actividades. Tinha chovido durante a noite portanto levei um casaco impermeável e pus-me a percorrer as livrarias todas desta cidade. Consegui comprar todos os livros na minha lista e mais algumas coisas. Enfim, há tantos livros que duvido que o avião consiga levantar voo.

Além de comprar livros, tomei um chá de hortelã no café no topo da loja Pollux (recomendado por uma amiga!) que não me desiludiu.

Depois, fui de elétrico visitar o museu do Fado mas, sendo eu um rebelde virei à direita no top da escada, em vez de à esquerda e vi a história na ordem inversa. Já sabia muita coisa mas nem sequer 1% da história aqui apresentada.

A caminho do museu para mais uma livraria, havia mais chuva. Abriguei-me numa loja turística e enchi os bolsos com lixo demasiado caro.

A última livraria do dia foi a Bertrand no Chiado que, se não me engano, é a mais antigo do mundo. Não tinha planeado visitá-la mas por acaso fica perto do restaurante no qual queria jantar. Havia uma influenciadora perto da caixa que estava a tentar persuadir o empregado a dar-lhe o seu crachá como lembrete. Coitado. Provavelmente tem a mesma conversa 17 vezes por dia. Eu assegurou-lhe que não queria qualquer parte da sua roupa, e falámos um pouco sobre o livro que vim buscar. Recusei a oferta do carimbo da loja no livro, e saí da loja. Havia mais uma influenciadora à porta da livraria a tirar uma* selfie. Desviei-me para evitar o ângulo da câmara, pus o meu pé num buraco e caí no chão.

Baralhado, cheguei ao restaurante. É uma casa de fados chamado Adega Machado. Escolhi-o porque é o lugar onde foi gravado este vídeo incrível. Estava cheio de turistas, claro. Apesar de ser uma sala velha onde Amália cantava antigamente, tudo muda neste mundo caído. Fazem o seu dinheiro a vender uma experiência a quem paga, e como turista, não tive a mínima esperança de encontrar uma “autêntica” (ou seja livre de turistas) casa de fados, porque o mundo não é assim. Penso muito sobre a cultura “pura” no contexto da imigração e do turismo. É um assunto interessante. Talvez seja um tópico de uma série de 30 blogues no futuro.

Custou os olhos da cara. Não me importa.

*feminine presumably because fotografia is.

Posted in Portuguese

Madeira 8 – Ensaio Sobre o Fim da Cegueira

Liguei ao oculista logo de manhã. Disse que os meus óculos já chegaram. Ótimo! Apanhei o autocarro para os recolher. Depois fui ter com a minha família a um café chamado A Penha da Aguila onde comemos bolos e sandes.

Passámos a tarde a andar a pé* pelas ruas. A Catarina mostrou-nos a sua escola primária (que é mil vezes mais bonita do que o edifício quadrado dos anos sessenta onde passei a minha infância entre os 5 e os 10 anos) e secundária (o Castelo de sonho da Barbie) e vários lugares da juventude dela. Também visitámos duas livrarias: uma Bertrand e a Livraria Esperança, que é uma loja vasta com três andares onde se vendem livros em** segunda mão, que ficam seguros*** por clipes e pendurados de ganchos nas paredes. As senhoras foram fazer manicura num salão e voltaram com as unhas pintadas de azul-turquesa e de verde brilhante.

O Castelo de Sonhos da Barbie Moniz

A Madeira é uma ilha onde as plantas crescem em toda a parte: há sol e chuva suficiente que qualquer espécie de planta pode florescer. E a cidade capital não é exceção: olhe onde olhar, há hortênsias, aloe veras, estrelícias (também conhecidas por “aves-do-paraíso”), azáleas e até bananeiras por todo lado, com as montanhas ou o oceano como pano de fundo. É uma festa de beleza. O governo proibiu a cor cinzenta há 30 anos mas ninguém reparou, porque já não existia.

*A couple of times in these accounts I’ve said “andar de pé” but de pé means standing. I should be “andar a pé”.

** em segunda mão, not de segunda mão.

***seguros not segurados. The past participle of segurar is segurado, but if they’re held there, we want the adjective form, seguro.

Posted in Portuguese

Paris

Two texts based on our recent trip to France with corrections

A minha esposa irá trabalhar no hospital durante a noite da passagem do ano. Eu e a minha filha vamos hoje para* Paris para celebrar o novo ano porque será mais divertido do que ver televisão sozinhos. Ela está a aprender francês, portanto podemos fingir que a viagem é “trabalho de casa” em vez de um desperdício de dinheiro.

Customers queuing outside Shakespeare and Company in Paris
Shakespeare and Company, Paris

Pela segunda vez neste ano, ficámos** numa fila para entrar numa loja. Desta vez, foi a Shakespeare and Company. A visita correu mil vezes melhor do que a na Lello. A Lello parece uma lata de sardinhas cheia de clientes***. A S&C é uma livraria fixe, com menos pessoas e além disso é proibido tirar fotografias. Acreditem ou não, os clientes entram para comprar livros e não para fazer cara de pato nas escadas. Adorei.

*I used “a” instead of “para” here but that would be more of a fleeting visit, not a two day jaunt.

**This was the text that triggered my post about Brazilian portuguese a couple of days ago

***I used “um chouriço enchido de clientes” because that appealed to me. It’s been changed to a more conventional portuguese expression. I think simile works OK, but there are other expressions using chouriço-stuffing so it’s probably a bit confusing. Encher chouriços means to waffle: to fill in time or pad out speech or essay with boring filler.