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Asterix Na Lusitânia – Opinião

Adoro esta série de bandas desenhadas e estou muito feliz que os nossos heróis, Astérix e Obélix chegam finalmente na província romana de Lusitânia. A sua missão é libertar Malmevês, um empresário de garum (uma espécie de molho de mariscos) e o pai da Saudade, (uma mulher pela qual o Obélix está caidinho, embora não admita!). O Malmevês está preso numa cadeia romana porque é suspeito de um atentado contra o imperador, mas os gauleses espertos sabem descortinar o verdadeiro assassino, disfarçando-se como Tugas para entrar sem ser capturado.

Ainda bem que não havia partidos políticos da extrema-direita porque às vezes os visitantes ajudam muito.

Como sempre, os habitantes da terra onde a história tem lugar têm as características dos atuais habitantes do país moderno: comem bacalhau, construem calçadas mosaicas e cantam poemas tão melancólicas que quem os ouve desata logo em lágrimas.

Apesar da morte dos criadores, Goscinny e Uderzo, a série retém o espírito dos livros originais: humor, otimismo, alegria e inteligência.

Astérix na Lusitânia: Wook

Pois é, mas como se pronúncia o nome do tipo?
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It’s a Joke But it’s Also Homework

(Update: corrected version here)

I hope I can quote a whole article here under… what? Fair use? It’s Manuel Cardoso, writing in the Expresso under the headline “Os portugueses lêm bem” and I’m not stealing it, I’m fixing it because – unless I am making a massive idiot of myself by misunderstanding, he has deliberately put lots of errors in it, and that’s the joke. Even the title has an error in it. It should say “lêem”, not “lêm”. What’s really interesting about this is that most of these are the kinds of mistakes a native speaker would make, and they are usually different from the mistakes we made as learners. They are mistakes you make when you’ve learned a language by listening instead of by studying books.

Anyway this is a learning blog so I’m going to use it as an exercise and try to fix it. I WILL DEFINITELY GET A LOT WRONG so rather than erase the original text, I will put what I think are the right answers in the footnotes and then if any other students are reading this you can play along and see if you get the same answers as me, and, if not, tell me about it in the comments!


Segundo a OCDE, a literacia dos adultos do nosso país está abaixo da média. Talvez póssamos(1) refletir um pouco sobre o assunto. Dizer(2) que não confio nada nestes resultados. Houveram(3) pessoas a afirmar que não ficaram surpreendidas, mas eu fiquei perplexo. Na minha opinião pessoal, os portugueses têm excelentes capacidades de interpretação de texto. Acreditaria neste estudo se tivesse sido feito à(4) cinquenta anos atrás, mas a verdade é que, nas últimas décadas, avançámos muito para a frente(5).

Julgo que tudo isto é muito suspeito, porque o esforço para aumentar a literacia em Portugal tem partido(6) de ambos os dois lados políticos. Este atual governo até já interviram no sentido de(7) resolver os problemas de fundo da educação. Certamente que a OCDE vai retratar-se(8): os resultados devem estar errados, derivado a erros. Caso contrário, não vejo outra alternativa senão sair para fora dessa organização. Se tivesse nas minhas mãos, eu faria-o(9).

É óbvio que a divulgação deste estudo causou mau-estar(10). Esta notícia estragou-me o dia, que até estava solarengo(11). Não tenham dúvidas: condeno veemente(12) a postura da OCDE. É ofensivo que um organismo(13) internacional trate os cidadões(14) portugueses como uns analfabetos quaisqueres(15). Aonde(16) fica a dignidade? A mim, pessoalmente, admira-me que isto não tenha despoletado manifestações. Para receber resultados como estes, para a próxima nem vale a pena partilhar os dados. Hades(17) cá vir, OCDE.

Não nego, há pequenos pormenores a afinar. No que toca à avaliação dos alunos, temos de subir para cima os indicadores(18). Por exemplo, os exames de matemática deste ano podiam ter corrido mais bem(19): não houve poucas(20) notas negativas. De facto, dá vontade de perguntar uma questão aos nossos estudantes: o que é que fizes-te(21) no ano lectivo(22) passado? Em todo o caso, temos concerteza(23) capacidade para inverter esta situação e sair deste ciclo vicioso(24). Confiem, OCDE: a gente vamos(25) dar a volta a isto.

(1) possamos doesn’t need an accent

(2) I think he means “diz-se”

(3) Looks like the wrong tense. Educated guess would be that he means “Haverão”

(4) Should be há. The “atrás” later in the sentence is redundant too, I think

(5) Hmmm…. this looks fishy too. Avançar implies the frente so that seems redundant, and “para” instead of “em” seems surprising so I think this is another mistake

(6) Tem partido can’t be right but I’m not sure what it’s meant to be

(7) Not a grammar error, I think but seems like a misuse of the expression “In the sense of”. It gets misused a lot in english too.

(8) They’re going to draw a portrait of themselves? Unlikely. I think the verb should be retrair.

(9) Looks like we’re in mesoclise territory: Fá-lo-ia

(10) Mal-estar

(11) I’m starting to get paranoid and feel like I’m missing loads. I don’t quite know what the joke is here but this is such an odd word that it has to be a wrong. I know it can mean sunny, but its just not a word I’ve heard before so I smell shenanigans.

(12) Ha! It hadn’t really occurred to me but although veemente is an adjective, the presence of the “-mente” at the end makes it look like an adverb. It should be veementemente! Vehemently.

(13) Organização, presumably

(14) Cidadãos

(15) Popular general knowledge quiz answer, which is the only word in the language that is pluralised in the middle, not the end, quaisquer, not quaisqueres!

(16) Just onde

(17) Getting a bit lost here. I know it’s quite common that people write “há-des” instead of “hás-de” but I haven’t seen it without an apostrophe so maybe he really means Hades is coming. The sentence immediately before this one seems impenetrable and I feel like there’s something wrong with it but I don’t know what

(18) So it looks like the indicators/standards have to go up but he starts off saying “we have to go up…” so I think maybe it’s just that the verb doesn’t match what I take as being the subject of the verb…?

(19) Melhor

(20) There weren’t few… seems like a double negative, no?

(21) Fizeste.

(22) Looks like a pre-AO spelling

(23) Com certeza

(24) The expression is “Circulo vicioso” not “ciclo vicioso”

(25) A gente takes third person singular verb endings: a gente vai, no vamos

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Resistência à (Pagar por) Leitura

Sigo Regina Duarte no LinkedIn. Comecei muito cedo, por causa dos exames CAPLE, quando ela era funcionária no Instituto Camões, no Consulado Português em Londres. Hoje em dia é diretora do Plano Nacional de Leitura (também conhecido por “LER+”)

Queria let o artigo dela “Resistência à Leitura”, escrito em Dezembro do ano passado mas não tendo tempo, marquei-o para ler mais tarde. Ora bem, hoje é mais tarde, mas bati com o nariz na porta. A imagem do artigo no LinkedIn está cortada. Fiz uma pesquisa no site Expresso mas não sou subscritor e a minha curiosidade não chega aos €2.49 e dois minutos de preencher formulários online!

Dai, posso avaliar a minha resistência à leitura em termos financeiros. O que é que isso significa, um homem educado que não quer pagar umas poucas moedinhas para apoiar a indústria jornalística? Sinceramente, não faço ideia.

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Uma Opinião Que Não É Uma Opinião

Costumo de escrever opiniões nos livros portugueses que leio. Ouvi este Audiolivro enquanto embrulhava as prendas de natal sob influência do Baileys, portanto a minha memória está embaciada e a minha opinião não é confiável… Peço desculpa. Talvez no próximo Dezembro eu volte a ouvir, sem álcool. Os contos individuais são disponíveis na loja Kobo mas provavelmente não te apetece lê-lo em Janeiro!

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Sal – João Andrade e Luís Buchinho

Sal - João Andrade e Luís Buchinho

Esta banda desenhada conta a história de uma rapariga madeirense, de uma família em crise, que foi levada para uma casa de acolhimento. Os quadrinhos são bem desenhados. É super fácil entender quem está a falar e o que é que está a acontecer. Em sumo, a execução da história é bem realizada. Quanto à história, tenho algumas dúvidas sobre como funciona o sistema de apoio de crianças. Tendo trabalhado neste ambiente no passado, parece-me pouco provável que um trabalhador de proteção de crianças tenha o direito de simplesmente encostar o carro na rua de um menino e dizer “entra no carro” como acontece neste livro. Ainda por cima, o comportamento dos empregados na casa de acolhimento é pouco profissional… Eu sei que cada país tem as suas normas mas… Uau, fiquei surpreendido com as palavras que usaram, e a falta de respeito para a privacidade das crianças. Não é abuso, nada disso, mas também não é muito simpático. Mas talvez este especto faça parte da história. Infelizmente não sei como os autores vão desenvolver este fio da história porque este livro é apenas o volume 1 de uma série, o que não é evidente pela capa, mas ainda assim, é, mesmo. Então, vai haver mais no futuro, mas esta parte tem uma conclusão satisfatória da primeira fase da nova vida dela, portanto não me deixou frustrado por não completar a história.

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A Couple of Interesting Things Happening in London, One of of Which Might Not Be Happening, Who the Heck Knows?

Just by pure chance I heard about another two Lusophonic Occurrences here in London this week.

One is the Utopia Film Festival, which started yesterday and goes on till the twelfth. The films look quite serious and not exactly entertaining but if I can shake the lurgy, I might go and see one towards the end of its run.

And the other is a weird one. It’s a brand new international Portuguese literary festival in London, on Saturday the 7th. But hang on, haven’t we already had a brand new international Portuguese literary festival in London, FLILP, in June this year? I mean, I’m grateful for all these international Portuguese literary festivals you’re bringing to my town, but there must be other towns and other countries that need brand new international Portuguese literary festivals!

Anyway, it’s called Letras Lusas Em Londres and it was organised by Alcino Francisco, who I actually met and spoke to at FLILP in June, where he was one of the guests, and bought a copy of his book.

It’s surprisingly hard to find details of the festival though. I can see a few people on Insta refer to it, and even an interview with Alcino himself, but I can’t find an official account for the event on Insta. Alcino Francisco’s own Instagram account is dormant. If I Google the name of the festival, there’s a Facebook page right at the top of the ranking, but when I click on the link I land on some random video clip, so I think the page was deleted. This news article describes it, but there are two links to the organisers’ websites and both of them are deadlinks.* I can see there’s a reasonably full list of guests on this page, but nothing like this glossy publicity materials FLiLP put out in the run-up to their launch. It’s all weirdly hush-hush really. I dug around all over the place. I found another blogger who had done a couple of posts about it, so he must be better informed than I am, but, again, I’m not seeing anything linking to some central place on the Web where the organisers have set out a programme, or what to expect or… Well, anything really. The woman who put together FLiLP seems much better organised, as well as… Ahem… More original.

An old friend of the family has suggested we go together but even if I wasn’t full of cold germs, I don’t think I’d want to trek over there because I’m not even sure it’s actually happening. That’s how bad the lack of information is.

*By the way, it also contains the phrase “@s leitor@s” which almost made me want to take Solanium’s example and learn Spanish instead.

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A Viúva – José Saramago

Pela segunda vez neste mês, encontro-me sentado à mesa a escrever uma opinião sobre um livro mas com mais vontade de escrever sobre as circunstâncias da leitura em vez do seu teor.

Deixem-me explicar: este é um Audiolivro mas li-o na aplicação da Bertrand e a app da Bertrand é um verdadeiro monte de merda. De vez em quando, fecha-se inesperadamente e quando se reabre, a app esqueceu-se de onde ia. Isto aconteceu centenas de vezes.

Como resultado, li grande parte do livro mais do que uma vez, provavelmente saltei uns parágrafos e perdi (a) o fio à meada e (b) a minha vontade de viver.

Nada disto é culpa de Saramago, mas ainda assim, responsabilizo-o por ter escrito um livro que acabou por me causar tanta dor. Passou a ser o meu inimigo.

O livro não é típico da obra dele. Escreveu-o em 1947, e foi publicado sob o título d’A Terra do Pecado. O estilo idiossincrático de Saramago não se tinha ainda desenvolvido. O enredo, as frases e a voz autorial, todos fizeram-me lembrar dos poucos romances do século XIX que já li. Um Eça de Queirós ou um Camilo Castelo Branco.

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Sentinel – Luís Louro

Convém lembrar que ninguém consegue trabalhar sem pausa. Prescindir de descanso aumenta os níveis de stresse até estarmos prestes a saltar pela janela fora. Dito isso, a não ser que estude, vou chumbar no exame e logo vem aí a depressão, o sofrimento e a vergonha.

Tendo em conta estas duas conclusões desoladoras, larguei as canetas e, a partir da 1h30 da manhã do Domingo, escovei os dentes e deitei-me na cama com uma banda desenhada portuguesa. Pus-me a ler.

O Sentinel é a sequela do Watchers e é igualzinho: tem desenhos giros de uma Lisboa realista, no sentido de ter prédios, lojas e ruas idênticos à cidade verdadeira, mas também irrealista com elétricos voadores, e “bichinhos” (mini-girafas, hipopótamos pequeninos, elefantes de bolso) por todo o lado e árvores a irromper pelos telhados. Esteticamente, lembra-me de mais uma BD, a “Dog Mendonça e Pizzaboy”, que tem a mesma mistura de realismo, magia e humor.

Sentinel Luís Louro

O artista também tem o seu lado galhofa, como pequenos pormenores engraçados escondidos nos cantos dos quadrinhos. É claro que Luís Louro nasceu para desenhar BDs. Tem um jeito incontornável.

Então, que pena que a história não tenha pés nem cabeça.

Encontramo-nos num mundo futurista, em Lisboa, algum tempo depois dos eventos do primeiro livro. Os discípulos do “Sentinel” querem continuar a sua interpretação da sua missão por… Ora bem, não me lembro bem o primeiro livro, mas mexem nas vidas das pessoas com os seus drones de espiam-nas com as suas câmaras em prole da sua ideologia patética. Em suma, é uma chatice.

Certo dia a esposa de um homem morto no primeiro livro decide consertar o seu coração despedaçado por vingando-se da memória do Sentinel. Saca uma arma (De onde? Como? Sabe-se lá!), calça um fato de girafa (De onde? Como? Sabe-se lá!) e aprende as competências de um espião ou um agente do Serviço de Informações de Segurança* (DO? C? S-SL!). Em breve, mete-se em sarilhos mas conta com a ajuda de um bandido ucraniano que ela encontra durante um assassínio de um discípulo. Basicamente dá por ele porque está a tentar dar cabo de uns criminosos. Salva-lhe a vida. Ele quer retribuir o favor. A sua deformação profissional é exatamente o que ela precisa para continuar a matar os pilotos dos drones.  Durante este tempo todo há uma espécie de coro grego na forma de mensagens numa rede social qualquer. Adoro isto. Não devia funcionar mas funciona mesmo contrariando todas as leis de Deus e do Diabo**.

Infelizmente, a vingança é um beco sem saída. Por fim, ela assassina um inocente a tiro e pinta o símbolo dela na parede com o seu sangue. Os dois ficam presos e temos de enfrentar a reviravolta mais rebuscada e mais parva de sempre.

Quando sair o terceiro tomo, espero que o autor largue as citações cinemáticas (bué cringe) e adicione mais uma semana de reflexão sobre o enredo e o diálogo, porque com mais investimento de tempo pode criar algo verdadeiramente impressionante.

*I should have just written it SIS but since it was followed by a string of abbreviations I thought I’d spell it out in full. Portuguese MI5, anyway.

**I originally wrote “de Deus e do Homem ” (all the laws of god and man!) but this is the actual expression, apparently. I was just being lazy and translating literally.

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A Educação Física – Joana Mosi

Joana Mosi - a Educação Física

Gostei d’O Mangusto, mas o livro mais recente da mesma autora é uma desilusão. Não havia nada que me agarrou. As personagens não me interessaram, não havia um enredo, nem diálogo divertido e é tão mal desenhado que muitas vezes eu nem sequer sabia quem estava a falar.

Se este livro tivesse algo que pode ser chamado “um enredo”  seria sobre um grupo de mulheres que combinam ir ao ginásio diariamente, mas na verdade, isso acontece pousas vezes, e a protagonista (se for possível dizer “este livro tem uma protagonista”) é chata. Não faz jus a nada, está a namorar com um homem casado, não tem sentido de humor nem qualidades notáveis. Não me lembro do nome dela, e quero lá saber.

Levou-me imenso tempo a ler.

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O Guardador de Rebanhos – Alberto Caeiro

Tendo lido um excerto deste conjunto de poemas de Alberto Caeiro (um dos Heterónimos de Fernando Pessoa), decidi ler o resto, para acompanhar uma das minhas sessões de fazer um puzzle e ouvir audiolivros. Existe uma versão no youtube que é ótima, mas não pago pelo serviço sem anúncios e… ora bem, basta dizer que a poesia soa melhor sem anúncios…

Os poemas descrevem a sua vida solitária, a escrever poesia para estar sozinho, e a cuidar os seus pensamentos como se fosse um pastor a guardar um rebanho no campo. A filosofia deste poeta está em sintonia com a ruralidade no seu redor: “penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés” e sente-se maior quando vê um céu aberto do que quando está numa cidade, rodeado por prédios. Um poema que me marcou é o número XX que compara o Tejo com o rio que corre pela sua aldeia. Ainda que o Tejo seja belo, é mais famoso, ou seja, mais público, e quando as pessoas o veem, pensam na sua história e no seu percurso da Espanha para o Atlântico e daí em direção à America. Mas o seu rio é o seu rio e mais nada, e “quem está ao pé dele está só ao pé dele”.

Acabei por ouvir três vezes, e acho que a gravação do poema seria um excelente acompanhamento para um passeio ou uma hora de jardinagem