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Sobre Aquela Ordem que Já Mencionei….

Falei recentemente sobre a Preston Guild (a Ordem de Preston) e logo depois o algoritmo que governa as vidas de toda a gente colocou no ecrã inicial do meu telemóvel uma história que fala da mesma ordem. E… Fiquei preocupado…

O brasão de Preston. Diz-se que as letras PP significam Proud Preston (Preston Orgulhosa) mas na realidade, é Princeps Pacis (o príncipe da paz, em latim), refletindo a origem de Preston como Priest Town (a cidade dos padres)

A ordem em questão existe há 900 anos, desde o reinado do nosso Henry II. Desde 1378, a ordem celebra, de vinte em vinte anos, um festival, também chamado “The Preston Guild”, (não faço a mínima ideia porque é que não é o “Guild Festival” ou algo do género, mas é assim!) Hoje em dia é organizado pela câmara municipal (“Preston City Council”). Não é o festival mais incrível de sempre (vê, por exemplo, as fotos nesta página), mas é uma tradição antiga e uma fonte de orgulho para os habitantes. Nativos da cidade vêm dos quatro cantos da terra para participar!

Mas o atual governo nacional, liderado pelo partido trabalhador propôs um programa de reorganização dos governos regionais no noroeste da Inglaterra e é provável que a Câmara Municipal de Preston deixe de existir daqui a poucos anos.

Como resultado, a câmara já começou as preparações para o próximo Preston Guild que decorrerá em 2032, após a data proposta para a abolição da câmara. O relatório no site da BBC explica o que a Câmara está a fazer para assegurar a continuação do festival naquele ano e no futuro. Ainda que já não more na cidade, estou ligeiramente triste por pensar que o festival pode desaparecer após oito séculos de tradição.

I’ve got a bit forgetful with my thanks lately, but thanks go to Cristina of Say it in Portuguese for correcting this and other recent posts in this blog, including yesterday’s which was a real dog’s breakfast when I first published it!

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Mais um Texto Sobre a Minha Terra

Estou em Preston a tratar das* coisas na casa dos meus pais: cortando as flores secas das hortênsias do ano passado, esfregando as paredes da cozinha, antes de as pintar, e organizando a tralha deles.

No sábado, acordei cedo para participar numa corrida, a famosa “park run” que decorre em muitas cidades do mundo todos os sábados. A de Preston tem lugar num parque perto do rio Ribble, que tem uma inclinação muito íngreme, o que torna o percurso muito desafiante, mas não faz mal, o objectivo é divertir-se e eu diverti-me muito.

Depois, quis alugar uma bicicleta para fazer mais um desafio, o Guild Wheel (hum… A Roda da Ordem**) um caminho de 34 quilómetros que rodeia a cidade. Infelizmente, a loja onde se alugam as bicicletas encerrou definitivemente. Ainda assim, não me apetecia abandonar o plano portanto decidi comprar uma bicicleta de segunda mão! Encontrei uma loja com várias, escolhi uma, um pouco enferrujada mas baratinha e com pneus bem inflados, e em breve arranquei!

O dia estava bonito, e aproveitei as vistas e a experiência de circumnavegar um território tão familiar mas ao mesmo tempo desconhecido. Fiquei com uma impressão mais positiva da cidade onde passei a minha juventude. Recentemente, tenho visto a cidade como quase moribunda. Porquê? Costumo de entrar pela estação de comboios e passar pelo centro comercial, que é um fantasma do Preston** dos anos oitenta (e um fantasma do fantasma do Preston da revolução industrial, quando era uma das cidades mais avançadas do mundo e foi visitada por Charles Dickens e Karl Marx por causa do desenvolvimento da sua indústria e das greves e as manifestações da classe operária). O centro comercial é deprimente com muitas lojas vazias e pessoas sem abrigo na rua. Mas durante esta estadia, eu vi outras zonas da cidade, perto da universidade e, durante o passeio de bicieta, também vi os arredores e percorri os caminhos que interligam os bairros que nasceram desde a minha saída, onde havia casas novas rodeadas de verdura, com pessoas a dar voltinhas sorrindo e desfrutando o sol. Supermercados novos, ruas novas, uma reserva ambiental em funcionamento com centenas de visitantes…

Então, apesar dos edifícios abandonados na rua principal da cidade, Preston ainda está viva, ainda que a sua vivência esteja espalhada por uma área mais alargada.

E agora tenho uma bicicleta a mais. Será que a queres comprar?

*I went for desenrascar but it seems not to be the best way to say what I really was going for: straightening things out, disentangling things, as a general catch-all for all the activities listed, but that’s not really how it’s used. I’ve noticed often I have a weird way of expressing things in my own language and it sounds even weirder when retracted through a literal translation.

**I started off with “Corporação” but it’s not an easy thing to translate. A guild would normally be an ordem if you’re talking about the guild of stonemasons. Sindicato (union) probably isn’t far off either. Preston Guild is just a weird Preston thing, but historically it was more like a craftsman’s guild so ok, it’ll do.

***one of the few situations where you use the definite article in front of the name of a town! (rules here)