Only one correction on this text, which seems a little surprising. When that happens, I always wonder if there might be a couple that the corrector missed. Anyway, caveat emptor as they say in Aberdeen. Thanks to caveat for that correction. I enjoyed writing this one.
Ontem, o jornalista e escritor José Milhazes disse um palavrão em direto nas notícias. Confesso que nunca ouvi falar dele portanto decidi fazer uma breve pesquisa. Regra geral, o jornalista não diz porcarias no ar, mas estava lá para comentar na guerra atual na Ucrânia e parte desta conversa tocou numa manifestação de jovens num concerto na Rússia. Disse “A guerra que vá para o caralho”. A apresentadora, Clara de Sousa gaguejou, espantada, mas o Milhazes explicou que estava a traduzir, literalmente, o que os jovens estavam a gritar. As redes sociais soltaram uma gargalhada coletiva.
The original video. The word “ganda“, by the way, is just a corruption of “grande”. Its used a lot in this sort of situation, when someone is “o maior”.
Milhazes iniciou a sua carreira como tradutor de obras literárias, políticas e cinematográficas russas para português. Passou a residir na URSS em 1983. Depois, em 1989, começou a escrever crónicas e tornou-se correspondente do Jornal Público, logo depois do estabelecimento do mesmo no ano seguinte e continuou neste cargo na Rússia após a queda da “cortina de ferro”. Escreveu vários livros sobre a união soviética e a sua influência na África durante a Guerra Fria. Desde 2015, mora em Portugal e é comentador de política externa, entre outras coisas.
I put up this video with the transcript from Planta Carnivóra the other day, with the idea that I could go back over it and tune into what he was saying with the aid of the text, because his accent is very different from what I’m used to and it seemed like a good exercise as part of my exam plan. However, it quickly became obvious that the transcipt doesn’t match. There’s no reason why that should be surprising of course; it’s an old sketch and I’m sure it’s been performed hundreds of times in many different variants. So, for the challenge, I’ve set about trying to change it to what I think he’s really saying. The altered bits are in red. There are probably a few errors because I don’t really understand the sentence structure in a few places, but hopefully it’s an improvement at least… Interested to note that the aunt and the mum seem to have swapped places…
Update 20/4/19 – yes, there were plenty of errors still and I have had help from Sophia. Mainly, they were mistakes in the original that I had missed rather than new errors I’d introduced. Like “Meu tio Gustavo”, which should have read “Meu tio que estava…” for example. Embarrassing.
Eu vou-lhes contar a história da minha ida à Guerra de 1908.
Eu trabalhava numa fábrica de produtos farmacêuticos. Um dia sem querer, deixei cair um comprimido e despediram-me. Fui lá para casa sentar-me numa cadeira que nós temos lá em casapara quando somos despedidos. Estava-me a balançar, entrou o meu tio que estava com o jornal que trazia o anúncio da guerra, que rezava assim
“Precisa-se Soldado que mate depressa!”
E disse a minha mãe,
“Olha, tu é que podias responder a esse anúncio.”
E disse a minha tia,
“Pois, mas é preciso levar cavalo!”
E disse a minha mãe,
“Mas eles na guerra dão cavalos.”
E disse a tia,
“Pois, e o meu sobrinho vai agora montar na guerra num cavalo que os outros já montaram. Sei lá quem é que já montou naqueles cavalos!”
Fomos à feira de gado para comprar o cavalo, mas só vendiam uns cavalos com as carroças e com as moscas, e a minha mãe disse,
“O meu filho não vai agora para a guerra encher a guerra de moscas… O meu filho, vai a pé mas vai limpo.”
Então fomos para casa. A minha mãe preparou me umas papas de sarrabulho, tomei um táxi e fui para a guerra. Cheguei à guerra eram sete horas da manhã, estava a guerra ainda fechada. E estava uma senhora que vendia castanhas à porta da guerra e eu perguntei,
“Minha senhora, faz favor, aqui é que é a guerra de 1908?”
E ela disse,
“Não senhor! Aqui é a guerra de 1906, a guerra de 1908 é mais acima.”
“Muito obrigado”
E subi dois anos. Cheguei lá cima, e jáestavam a abrir as portas da guerra, que eram nove e tal e ‘tava o sentinela que me perguntou,
“Vens ao anúncio?”
“Sim, venho.”
E ele disse,
“E matas depressa?”
E eu disse,
“Por enquanto ainda só mato assim-assim… preciso de treinos.”
Então ele levou-me ao meu capitão, e o capitão perguntou-me se eu trazia a espingarda e eu disse que Não trazia, que até pensava que a ferramenta davam lá eles. E disse
“Eu trago é uma bala, que um vizinho meu guardou de recordação da guerra dos cem anos”
E diz o capitão,
“Como é que tu vais matar só com uma bala?”
E eu disse então,
“Eu disparo a espingarda, e depois, vou lá buscar a bala”,
Aí disse o tenente,
“Pois e a guerra pois vai parar de dois em dois minutos por sua causa!?”
Até o sargento disse
“Olha, a gente podia era atar uma guita à bala e depois puxava-se a bala!”
E disse o capitão,
“Pois, depois parte-se a guita, perde-se a guita, perde-se a bala. É tudo prejuízo não é?”
Então eles fizeram uma conferência e deram-me seis balas e mandaram-me matar. Estava eu, a matar, muito contente, chego ao pé do meu capitão e mandou-me ir de espia. Vestiram-me um vestido de organdi com uns laços cor-de-rosa, e fui para a guerra do inimigo, cheguei lá, bati à porta e o sentinela abriu frincha e disse,
“Quem é?”
E eu disse
“Sou a Maria Albertina”, malandrice!
E ele perguntou-me,
“Tu já trabalhas de espia há muito tempo?”
E eu disse,
“Não, só trabalho desde as 11!”
“E que é que tu queres?”
“Eu venho cá buscar os planos da pólvora”
E ele disse
“Não te dou os planos da pólvora, não te dou os planos da pólvora, não te dou os planos da pólvora”
E fui fazer queixa ao capitão dele. E eu disse-lhe,
Capitão, mas ele é um burro
“Deixa lá, almoça cá com a gente!”
Então, almocei na guerra do inimigo. Comemos uma cabeça de pescada muita grande e depoisfui para a minha guerra. E quando eu cheguei lá ia estava a contar ao meu capitão, entra um soldado a correr, a correr
“Meu capitão, meu capitão, fizemos um prisioneiro!”
Diz
“Sim, onde é que ele está?”
“Não quis vir.”
Porque cá há prisioneiros que são teimosos, a gente puxa, puxa e eles não vêm. Feitios.
Então o meu capitão disse,
“Então, se eles não dão os planos da pólvora vai lá buscar o avião, pronto”
Porque como a gente se dava muito bem com o inimigo, nós tínhamos só um avião que dava para todos. Eles bombardeavam às Segundas, Quartas e Sextas, e a gente bombardeava às Terças, Quintas e Sábados, e lá íamos morrendo.
Mas o capitão disse que não podia dar o avião, porque estavam a adaptar uma torneira para andar a jacto”
Fui-me embora para a minha guerra e quando cheguei lá estava o meu capitão à porta da guerra e disse-me,
“Olha, podes-te ir embora porque a guerra acabou-se!”
Disse
“Acabou-se??”
“Acabou-se. Veio cá o fiscal, a gente não tinha licença de porte de arma. Levaram as metralhadoras, as pistolas, as bazucas”
E foi assim que… ai ai ai ai ai
Here are the vocabulary words I didn’t already know:
Carroça = Cart
Sarrabulho = Coagulated pigs blood. Er… yum?
Guita = Wire
Organdi = Organdy
Frincha = A small opening – I’m picturing the little window the guard looks through at the gates of the Emerald City when Dorothy arrives.
Pescada = Hake
Pólvora = gunpowder
Jacto = jet… and I assume “torneira” can mean “propeller” too, although I only know it as “tap” and that’s the only definition give in my dictionary too…
Feitios = shapes (which I knew) but seems to mean “it takes all sorts” here.