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A Cancão de Lisboa

A Cancão de Lisboa com Vasco Santana

A Canção de Lisboa” é o primeiro filme feito por portugueses segundo o cartaz e o segundo, depois d’”A Severa”, segundo a Wikipédia. O realizador foi José Cottinelli Telmo, um arquiteto, artista e cineasta que colaborou com o Estado Novo em vários projectos, incluindo a Exposição do Mundo Português e as escadas monumentais de acesso à Universidade de Coimbra (o pior crime de sempre, na opinião da minha filha).

O filme conta a história de Vasco Leitão (protagonizado por Vasco Santana) que é inexplicavelmente sortudo: tem uma namorada linda e atrai a atenção de outras raparigas, apesar de ser pobre, gordo e pouco jeitoso.

Mas a sério, canta bem e é encantador, que provavelmente ajuda-o a engatar as raparigas. Ainda por cima, do ponto de vista dos espectadores, tem qualidades tipicamente portuguesas que permitem uma audiência nacional identificar-se com o protagonista.

Há, sem dúvida, muitas cenas engraçadas no filme (a minha favorita é quando o Vasco se arma em veterinário no jardim zoológico para ganhar dinheiro), mas não é o mais fácil de entender. Os sotaques daquela época soam diferentes (assim como os filmes ingleses dos anos 40 do século passado) e a qualidade da gravação antiga estraga os tons mais altos e torna mais incompreensível o diálogo. Portanto, ainda que o filme seja um dos mais populares de sempre, não é muito acessível para nós estrangeiros. Talvez tivesse sido mais fácil entender a remake* de 2016, mas este blogue tem os seus princípios. Não suportamos remakes nenhumas. O que será a próxima? Se tolerarmos uma versão da Canção de Lisboa com César Mourão, teremos de aceitar uma versão do Ghostbusters com elenco feminino? Nunca!

*Wikipedia says refilmagem but our survey says (*uh erghhhh*). Might be a Brazilian thing?

Thanks as ever to Cristina of Say It In Portuguese for the helpful corrections

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O Homem Com O Queixo Gigante

Como já disse há uns dias, Quentin Tarantino não é a praia (nem a bebida quente) de toda a gente. Deixem-me fornecer um exemplo.

Havia um rapaz na minha escola chamado Krishnun Guru-Murthy que era (e, tanto quanto sei, ainda é) um ano mais novo do que eu. Quando acabou a escola, foi contratado como apresentador televisivo. Leu as notícias e, mais tarde, entrevistou políticos e outras pessoas no centro das atenções. Em 2012, falou com o realizador sobre o seu então novo filme “Django Libertado*” no programa “Channel 4 News” e durante a conversa, fez uma pergunta sobre a violência nos filmes. Tarantino barafustou contra a linha de questões. O enorme queixo dele estremeceu de raiva. “Não quero falar disso. Este é um anúncio publicitário ao meu filme, não se engane”.

O apresentador continuou mas tornou-se muito óbvio que o realizador não estava acostumado ao estilo agressivo dos entrevistadores ingleses. Assumem uma postura adversária em vez de lamber o cu dos famosos. “Estou a encerrar o seu cu”** bradou (Hum, para ser sincero, esta frase não se traduz bem) “Não sou o seu escravo”. Que burrice.

Seriously, look at the size of that thing.

*According to Wikipedia this is the name on Portugal and its Django Livre in Brazil, but I’m told its more common to just use the original, English name.

**Obviously “I’m shutting your ass down” isn’t really a portuguese expression.