Provavelmente já ouviste dos incêndios no arquipélago da Madeira. É uma tragédia. Nos dias de hoje, este tipo de incêndio descontrolado é cada vez mais comum, mas na Madeira, uma ilha remota cujo território é íngreme, bem florestado e pouco acessível, combater as chamas é altamente desafiante.

Hoje, li uma carta anónima, publicada no site do Correio da Madeira que explica o problema, na opinião de um cidadão. Segundo o autor, a ilha perdeu 8 mil hectares de floresta em 7 dias (a carta apareceu no dia vinte de Junho e este número está quase certamente desatualizada). Apesar de ter 700 bombeiros, ele diz, apenas cem foram destacados para lidar com as chamas. Como resultado, os bombeiros estão exaustos e os agricultores e moradores têm de agir como bombeiros na sua própria terra. Ainda por cima, o único helicóptero que existe na ilha é demasiado pequeno para controlar os danos. O autor reconhece o facto de helicópteros custarem uma pipa de massa (19-32 milhões de euros) mas afirma que o custo de inação é ainda maior.
O escritor da carta responsabiliza o governo autárquico: o presidente regional e o Secretário da Proteção Civil estão de férias e a Secretária de Agricultura, Pesca e Ambiente desapareceu. Esta ausência representa uma demonstração chocante da irresponsabilidade e da falta de competência. Ainda por cima, o autor denuncia a tendência do governo negligenciar as vitimas deste tipo de catástrofe. Segundo ele, quando os fundos forem proporcionados, “uma fração” do dinheiro chegará aos donos das quintas, e depois os promotores imobiliários terão uma oportunidade comprar as terras queimadas para construir casas de luxo nas cinzas da manta das tanarifas*
Claro está que o escritor está farto disto tudo e coloca uma pedra no assunto com uma mensagem simples: a Madeira merece melhor.
*Esta frase não se usa no texto; refere-se a esta lição no dialecto madeirense