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O Pico do Pico – and a new podcast

I came across this odd bit of history on Insta and I think since they are both wearing hats we can allow them into the blog this week. It’s not just a one-off either. Bruá Podcasts has a stable of mini audio series. I subscribed to what seems to be the main one, Sapiens and it seems to have followed the lead of The Rest is History, with a series of little subseries, one of which is called Portugal Negro: A História Silenciada, which seemed worth a listen especially since Hat Week this year happens to coincide with Black History Month. I started listening to the first episode, about a man called José de Magalhães who got involved in the pan-african movement started by WEB Du Bois, and I’ll probably report back on it in a few days when I have done the whole lot.

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Hatters Gonna Hat

Este texto está a apodrecer na pasta de rascunhos desde Outubro de 2024 mas aqui estamos na semana gloriosa do chapéu e estou a sacudir o pó dos seus parágrafos e a prepará-lo para a publicação.

Fiquei curioso sobre a identidade deste homem, o Chapeleiro António Joaquim Carneiro.

A vida dele é assunto da maior banda desenhada de sempre. Ou seja, é ilustrada numa série de imagens pintadas em azulejos no museu do azulejo em Lisboa, onde fui após a maratona de Lisboa no ano passado. A história é menos interessante do que imaginei. O tipo não foi um herói nacional mas sim um chapeleiro (uau, à sério??) cuja habilidade e esforço resultaram em lucros impressionantes. Na época na qual o modista viveu (o século XVIII), sucesso ofereceu oportunidade de se juntar à burguesia, e ele mudei de casa da sua aldeia para a cidade onde encomendou o conjunto de azulejos para imortalizar a sua vida. E quem nega a eficácia desta estratégia? Quem teria ouvido do chapeleiro António Joaquim Carneiro em 2025 se não tivesse mandado alguém criar estas obras da arte?

Não existe mais informações, tanto quanto sei, sobre a vida do homem, além delas contidas nas imagens, mas há uma pagina que descreve minuciosamente a forma deste formato: “Painel rectangular. Medalhão oval no centro limitado por grinalda rematada por filactera com as extremidades enroladas.” O que se segue é uma descrição da imagem em si, mas os pormenores do enquadramento fascinaram-me. Não vou gastar energia em memorizar as palavras porque nunca mais as usarei, mas é fixe, não achas?

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Cante Alentejano

Quando escrevi sobre a mudança da marca diacrítica no site do Jazz Café, não tive qualquer plano para lançar uma série, mas olhem, vai continuando a semana dos chapéus. Hoje volto ao tópico do Cante Alentejano.

Desde 2014, este género musical é considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Esta honra é compartilhada com mais um género musical português, o fado. Consiste em dois cantores e um coro. O primeiro cantor é o ponto, e o segundo o alto. Mas cuidado, ambas estas palavras tem mais do que um significado. Eu sei menos que nada sobre a teoria da musica portanto fiz uma pesquisa e as definições relevantes do dicionário Priberam são o número 40 de Ponto: “Solista que inicia uma moda* no cante alentejano” e o numero 30 de Alto: “Solista de voz aguda que se segue ao ponto e que antecede a entrada do coro no cante alentejano.”

Portugal, August 2022: Tribute to cante Alentejano, monument in Monsaraz by Lago do Alqueva, Alentejo, Portugal

Se virem este vídeo, verem os dois solistas em ação: O ponto, de barba, na primeira fila, canta a primeira estrofe. Depois, o alto, quase escondido na segunda fila, entoa o primeiro verso da segunda estrofe antes do coro (incluindo ambos os solistas) cantarem o resto em uníssono. Este coro é o mesmo que colaborou com Zambujo no vídeo de ontem, O Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento. Neste contexto, um rancho é um grupo folclórico mas a palavra tem mais significados entre os quais “Grupo de pessoas, especialmente em marcha ou em jornada” também descreve o conteúdo deste vídeo!

I think the title of this video is wrong. I believe the song is called “A Moda do Chapéu

Quando ouço o cante alentejano, lembro-me sempre do Male Voice Choir (Coro da voz masculina) tradicional do País de Gales. Ambos têm raízes na cultura céltica, ambos nascem entre gente rural em aldeias marginais, longe do capital e ambos são cantados, tradicionalmente, por homens vestidos de roupa domingueira**. No caso do coro galês, isto aconteceu (tanto quanto sei) por preferência, mas em Portugal, a roupa tradicional foi reforçado pela influência conservador do Estado Novo que queria fomentar o património para os seus próprios motivos, mas basta do Estado Novo, já falei a mais daqueles gajos. Arruínam sempre tudo que eles tocam, e não quero associar o cante com o homem que caiu da cadeira.

Dw i’n hoffi y cerddoriaeth ma ond mae cerddoriaeth portugaleg ym well (I hope I didn’t screw that up too badly – I’m only about 6 months into the duolingo course)

Apesar das semelhanças superficiais, existem diferenças marcantes. Os galeses harmonizam mais. Não têm os dois solistas e não cantam de chapéu num supermercado. Segundo a Wikipédia, as origens do cante incluem elementos da tradição grega e dos colonizadores árabe.

A página da Wiki fala no seu último paragrafo, da estagnação do cante desde a segunda guerra mundial quando a mecanização da agricultura causou um declínio da tradição de cantar na lavoura. Como resultado o género sobrevive em grupos tradicionais como uma curiosidade ou uma atração turística. Não sou especialista, claro, mas parece-me que a forma não tem tenta flexibilidade como o fado, nem hipótese de se dinamizar por hibridação com outros estilos como aconteceu com o fado nas últimas décadas. E não importa assim tanto. Não precisamos de cante alentejano com um rapper a fazer beats entre as estrofes. Às vezes, podemos deixar a tradição em paz, perfeito no seu próprio nicho.

* AI meu deus, não quero sobrecarregar o texto de definições mas nota bem que “moda” também tem um sentido diferente neste contexto. É uma cantiga!

**Not a word I had come across. It means “relative to Sunday”. So roupa domingueira is your Sunday best! Not that anyone has Sunday best now, it was a dying concept even when I was young but I recognise it as something people had in books and comics written by the generation before!

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The Mad(eira) Hatter

Thanks to Dani for the corrections on this short post about Barretes de Vilão

Barrete de Vilão
Barrete de Super-Vilão

Acabo de falar com a minha cunhada que voltou ontem da Madeira onde esteve durante alguns dias enquanto renovava o passaporte. Durante a sua estadia, disse ela, comprou um “barrete de vilão”. Já tinha ouvido falar de um chapéu madeirense chamado carapuça, mas isto era uma nova informação*. Pesquisei o nome e encontrei algumas fotos de uma espécie de gorro cinzento de lã grossa com dois apêndices que cobrem as orelhas (por isso são também conhecidos por ‘barretes de orelhas’) e uma borla no topo. A minha esposa riu-se “Boa sorte em traduzir ‘vilão’!” Mas não é assim tão difícil. A palavra quer dizer um pobre do campo. É cognata com uma antiga palavra inglesa – “villein” que também se refere a um camponês. Ao longo dos séculos, villein passou a ser ‘villain’ e adquiriu um significado mais ignóbil, como um criminoso** e daí falamos de super-villains. Tanto quanto sei, o Thanos não possui um barrete de vilão com jóias do infinito, tricotadas na borda.

*I wrote “uma nova peça de informação” but this is redundant,

**Not “criminal”. I wrote that but that’s basically an adjective… OK, it can be a noun but it doesn’t mean what criminal means in English.