O Instagram mostrou-me este anúncio sobre um concerto de Maria Luisa Jobim, a filha do Tom Jobim, que é quase um deus no mundo musical. Ela também canta muito bem, como podem ouvir neste vídeo, e compõe música e toca varios instrumentos.
O seu convidado é o cantor português António Zambujo, cujo nome tem a grafia certa no anúncio, mas nota-se que no site do Jazz Café, tem um chapéu brasileiro em vez do acento agudo português.
Pergunto-me como ocorreu este erro. Será que o realizador dos concertos é brasileiro e não sabe como se escreve em Portugal? Ou os donos da sala de concertos em Londres assumiram que o nome dele se escreve da mesma maneira como Antônio Jobim?
I hope the boffins can sort out AI soon. I don’t want to be in my sixties, going in for a hip replacement and the robot doctor decides I am in urgent need of a head reversal procedure at the same time.
After writing yesterday’s blog, I looked at some more posts by the same Instagram account. The guy’s missus, who is Brazilian, has a video here in which she talks about a shitty, racist flyer that was being handed out in downtown Lisboa. She makes a lot of good points, but she seems to have caught some negative attention from social media bottom-feeders, as you can see from the follow-up post here.
In some cases, the critics have dressed up their nonsense as a complaint about non-standard Portuguese, but obviously, the underlying problem here is just straight-up xenophobia. There are racists in every country, of course. This is as true in Portugal as it is anywhere else, and weirdly Portuguese racism even extends to Brazilians, which is surprising when you consider that Brazilians are not natives of a former colonised country, they are largely the descendents of Portuguese settlers (and their slaves). Brazil, as a state, only exists because the territory now known as Brazil was colonised by the Portuguese. In short, they are you, lads! They’ve been away longer than your sobrinha who moved to Luxembourg last year, but it’s the same principle, just with a bigger time lag.
Now, I’m not saying there shouldn’t be an immigration policy that works for the country as a whole, but it has to be one that treats people as people. The minute people get into this kind of hatred, they’re on the road to a very, very bad place.
This is all by way of getting to my main point, which is that I’ve made cracks about Brazilian Portuguese on here a few times and I’ve even shared the odd meme (here for example). But I hope it’s clear that it’s not meant to be hostile. As you know, I mostly try to stick to European Portuguese as much as possible so as not to get confused, so some of the gags are about that desire to keep the other dialect at bay. But there’s also some friendly intercontinental rivalry between Europe and America, which is, at root, born of the inferiority complex of smaller less powerful countries seeing their former colonies doing more business and having more fun than us. Taking the piss out of our erstwhile cousins’ spelling and accent helps us cope with the shame of being efete and irrelevant on the world stage.
Anyway, I thought I’d better get that clear in case anyone thought I was like these pamphlet yahoos. This is a European Portuguese blog, but we love our transatlantic friends too, despite the occasional bit of teasing.
Tiago Nacarato é um homem interessante. Que eu saiba, não é Brasileiro mas tem parentes de lá. Mas apesar de ser portuense… ora bem, basta ouvir o gajo. Soa-te portuense?
O cantautor* vai tocar em Abril no Jazz Café em conjunto com o violonista** nordestino Cainã Cavalcante no mesmo palco aconchegante onde assistimos ao espetáculo de Carolina Deslandes em 2024 e traz mais 2 tugas consigo: Raquel Martins, a guitarrista inovadora que apareceu com a Carolina Deslandes. e Mimi Froes, cujo nome parece necessitar um til mas realmente se escreve assim. Ela participou na segunda temporada da série “Factor X” mas nem sequer terminou no Top 3. Tem muita influencia do jazz e já colaborou com Rui Veloso. Acho a música dela mais divertida e mais ‘tuguesa do que a do Tiago! Seria mal educado ir vê-la mas sair antes de os artistas principais subirem ao palco?
* The spellcheck on my laptop doesn’t like this word, but it exists in Priberam. I stole it from the RTP profile. It’s obviously a portmanteau of cantor and autor. So, singer-songwriter, basically.
**This word threw me for a loop when I first saw it. Violonista = someone who plays the violão, which looks like it must be some sort of viola or double bass, but it’s not, it’s another name for a guitar – especially in Brazil
Hum… Já li montes de livros brasileiros neste verão, não é? Li este como Audiolivro no app Kobo no meu telemóvel enquanto tratava dos arbustos no jardim da minha mãe.
O livro conta a história de uma mulher que trabalha numa empresa cuja cultura é machista e “tóxica” (palavra de jovens, mas parece-me apropriada neste âmbito) e quer afastar-se de tudo e descansar. Durante esta viagem de autodescoberta, encontra novas amigas que a ajudam a entender a si própria. As mulheres partilham os seus traumas*, contam as suas histórias e dão conselhos umas às outras. Segundo o prefácio, a autora imaginou os seus leitores principalmente como mulheres, e é provável que as leitoras acharão mais fácil identificar-se com as experiências da protagonista. Para falar como homem, gostei da história mas não me marcou de mesma maneira como esta brasileira descreve no seu vídeo, o que não é surpreendente!
E falando como estudante de PT-PT, o sotaque da narradora é estranho, e a gramática também, claro, mas apesar disso achei a gravação muito fácil de entender. Não perdi o fio à meada tanto quanto como no último audiolivro brasileiro que li – O “Memórias Póstumas de Brás Cubas”
Conheci esta autora no FLILP há três meses. Achei-a muito simpática e é evidente que a sua obra tem muitas fãs no seu próprio país (aqui está uma brasileira a falar sobre o mesmo livro, por exemplo).
O romance é um thriller, que se passa em Inglaterra, e conta a história de uma funcionária de um call centre inglês chamada Ella, que descobre que foi adotada e que é a herdeira de um milionário. Em breve, apaixona-se por um rico e os dois casam-se, mas nem tudo é como parece. Em breve, a sua amiga está morta, ela mesma quase morre num acidente de trânsito e durante a sua lua de mel, ela cai montanha abaixo. Então é evidente que há alguém que quer se livrar da nossa heroína. Mas quem?
A escritora escreve bem: o diálogo parece-me natural e a ação não pára*. Infelizmente, achei o enredo um pouco rebuscado. Os planos do antagonista não têm pés nem cabeça, e há vários outros aspectos pouco credíveis. Basicamente, a experiência de ler este livro não é nada má, mas deixou-me insatisfeito. Talvez um conhecedor deste género, que esteja mais acustomado à suspensão de descrença possa gostar mais.
*Strictly speaking should be “para” following the Acordo Ortográfico but it’s the least popular change in the AO for obvious reasons, and even people who usually take care to follow the new rules tend to rebel on this one. I feel like I’ve written about this before but I can’t find it now, so here’s a Ciberdúvidas article for anyone who isn’t familiar.
I was surprised to see a Brazilian website ask its readers “Qual é a única palavra em português que tem plural no meio?”, because it’s a word we students usually learn very early on, so wouldn’t it be blindingly obvious to a native speaker? Well, no apparently, or at least whoever prompted an AI to write this thing didn’t think so.
For those who don’t know, or can’t remember, I’ll stick the answer under this picture 👇
Ans Qualquer (pl Quaisquer) Original article here.
A minha esposa perguntou-me “Ouviste falar da expressão ‘Pombo Enxadrista’?” Não conhecia, mas a pergunta deu uma boa oportunidade para aprender.
Antes de mais, porque é que a expressão na pergunta da minha esposa não é igual à no título deste blogue? Ela estava a ouvir um Podcast inglês que mencionou esta expressão portuguesa como sinónimo de “Troll”: alguém que não se comporta bem online. Mas não é uma expressão portuguesa de Portugal, mas sim do Brasil. A equivalente em português europeu seria “Pombo Xadrezista”. Xadrezista (PT-PT) e Enxadrista (PT-BR) significam “alguém que joga Xadrez”.
This is a corrected version of the text from some Instagram posts from Friday
“Matei aulas*” para assistir aos primeiros dois discursos da Feira Literária Internacional de Língua Portuguesa que teve lugar na sede do Facebook em Londres. Foi um evento muito descontraído, e gostei muito de ouvir as suas experiências como escritores lusófonos, muitos dos quais vivem aqui no Reino Unido. Falei com muitos convidados: escritores de… hum… quatro países, e um inglês casado com uma brasileira que também fala português.
Apenas uma pessoa falou comigo em inglês mas houve várias que se ofereceram, antes de eu ter explicado que sou dinamarquês e não falo uma única palavra daquele idioma.
Sendo pai de uma escritora novata, estava disposto a comprar livros de outros escritores independentes e auto-publicados. E sendo estudante de português, também me senti disposto a comprar qualquer coisa de alguém que elogiasse o meu domínio da língua 😉 Consequentemente, gastei muito dinheiro em livros novos. A minha pobre TBR.
Saí do prédio antes de publicar esta série de fotos porque receei ser preso pela polícia Zuckerberguista por ter divulgado a palavra-passe da sua rede Wi-Fi
Balanço do dia
Estou muito curioso sobre “E O Céu Mudou de Cor” de Israel Campos (🇦🇴) porque o resumo na contracapa soa interessante, e depois de comprar, assisti a um painel em que o autor participava com mais 3 escritores e escritoras e pareceu-me muito simpático.
Penina L Baltrusch (🇧🇷) é uma autora de políciais. Comprei o “Herança de Sangue” (o seu primeiro, se não me engano). Tem o Big Ben na capa porque tem Londres como cenário. ‘tá bem, estou aqui com as pipocas.
Lorena Portela (🇧🇷) estava a vender o seu romance de estreia, “Primeiro eu Tive que Morrer”, que é «um inventário da autodescoberta de uma mulher». Acho que não faço parte do mercado-alvo deste livro, mas não me importa, apetecia-me e não preciso de mais razões!
“Phobos” de Cláudia Matosa (🇵🇹) é o único livro em inglês e… Eh pá, acabo de dar uma espreitadela à primeira página: é contado na segunda pessoa! Um modo muito incomum (a não ser que o autor seja o Mohsin Hamid) Não estava à procura de livros ingleses mas gostei da capa 🤷🏼
E o último livro é o “Livre de ser Preso” de Alcino G. Francisco (🇵🇹). Segundo a sua biografia na contracapa, este autor está muito ativo no intercâmbio cultural entre os nossos países, e este livro foi lançado no 50° aniversário do 25 de Abril e conta a história do tráfico de livros proibidos durante a época de Salazar.
Além destes cinco livros, também falei com a autora Isabel Mateus (🇵🇹), cujo leque de publicações inclui um relato de uma viagem seguindo os passos de Miguel Torga, entre vários outros. Não tinha livros para vender mas após a feira encomendei um livro sobre um Lince Ibérico e uma antologia de contos rurais. Achei que ambos seriam interessantes e também fariam parte dos meus estudos porque a conservação de animais selvagens, e as tradições do país fornecem conteúdos dos exames da língua portuguesa.
*Leaving this in even though it’s brazilian. I just like it. Weirdly, the person who taught it to me was very hostile not only to brazilian portuguese but to all brazilians, so you could have knocked me down with a feather when I heard she’d taught me a brazilian expression. Oh well, people are weird sometimes.