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Zé Povinho

Ora bem, já falámos da loja e depois da tradição do Pão Por Deus, Viremo-nos agora ao outro aspeto da cultura portuguesa que surgiu naquele texto; a personagem de Zé Povinho.

É uma caricatura do povo português, criado por Rafael Boradalo Pinheiro. Para evitar qualquer confusão, este Bordalo não é o avô do atual Boradalo II, isso foi Artur Real Chaves Bordalo da Silva. Existe um lei que manda que todos os artistas no país têm de mudar de nome para Bordalo?

A figura de Zé Povinho apareceu pela primeira vez na revista “A Lanterna Mágica” em 1875: A sua personalidade e de um rústico de chapéu, com barba, com a boca aberta. É ignorante dos problemas da sua própria sociedade, aceitando com resmungão os impostos e as indignidades que ele sofre. Segundo o artigo, “caricatur[ou] o povo português na sua característica de eterna revolta perante o abandono e esquecimento da classe política, embora pouco ou nada fazendo para alterar a situação.”

O boneco impresso na t-shirt da loja é uma foto de uma escultura em barro da mesma personagem feito pela Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha. Está a gesticular e tem a palavra “Toma!” no seu cinto.

Dado isto tudo, e por mais que adoro a imagem, acho que não vou comprar a t-shirt. Porquê? Custa-me explicar… acho que há uma grande diferença entre usar uma caricatura da minha própria nacionalidade e uma alheia. Com a minha própria cultura, entendo a realidade, portanto é óbvio que entendo precisamente como a caricatura se aplica e como não. Se usar uma imagem de uma outra nacionalidade, ou raça ou etnicidade, pode ser por causa da minha falta de educação (por não saber a origem), ou pode até ser interpretado como falta da outra espécie de educação; em ridiculizar um outro povo – nada mais, nada menos do que o povo da minha esposa!

Sou woke demais? Ah ah, talvez, mas imagino se a Catarina comprasse uma imagem de um inglês escaldado na praia, ou um “gammon” a queixar sobre imigrantes ou algo do género… acho que eu estaria um pouco chato apesar de tudo, e portanto mais vale fazer uma nova escolha.

EDIT – I bought a Haja Paciência hoodie in the end

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A Obra de Arte que é Nossa

O Artista Banksy (em Português “Bancosy”) publicou hoje no seu Instagram uma imagem sua de uma cabra numa parede, como se fosse numa vertente de uma montanha. A parede em questão fica muito perto da minha casa. Para ser sincero, eu preferia uma escultura do Bordalo ii ou um mural do Vhils, mas até que aqueles artistas passarem umas férias em Kew, esta tem de servir para nos divertir.

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Joana Vasconcelos

Ouvi falar desta artista recentemente (Onde? Quando? De quem? Nem sequer me lembro!) e decidi fazer uma pesquisa. Não estou a par das correntes do mundo artístico: poucas vezes entro numa galeria e se, por acaso, ouvir algo sobre a arte moderna os factos entram por um ouvido e saem por outro. Mas o site da artista impressionou-me muito: ela oferece um vasto leque de competências na criação das suas obras: há estátuas de ferro forjado, corações de Viana construídos de talheres de plástico, um carro enfeitado de ouro, um helicóptero com penas cor-de-rosa e brilhantes por todo o lado no exterior (o transporte pessoal de Elton John?) e algumas esculturas tão extensivas* que parecem cenários de filmagem! Além da arte, está a utilizar uma espécie de engenharia.

Até certo ponto, lembra-me a obra do Bordalo II, cujas esculturas alegram as ruas de Portugal. Ambos produzem obras de tamanho impressionante e cores marcantes, mas enquanto as dele são feitas de materiais reciclados, como garrafas, pneus e embalagem, dando um ar improvisado e bruto aos seus animais fofos, as obras de Joana Vasconcelos são compostas de materiais requintados; brilhantes e limpos; mesmo que os materiais escolhidos sejam frequentemente fora do normal (por exemplo “a noiva”, feita de milhares de tampões), o objetivo é tornar o quotidiano belo, quase o oposto do outro artista.

As obras de Joana Vasconcelos podem ser encontradas neste canto da Internet**. É deslumbrante, até na ecrã. Numa galeria, hão de ser ainda melhores!

Some of Joana Vasconcelos's artworks in a gallery. Image via Adobe stock.
Some of Joana Vasconcelos’s artworks

*This is probably a weird choice of adjective for a sculpture but there are some that really spread out over a wide area of ground which is why I’ve said they remind me of a film set in some sort of Sci-fi scenario, but you’d normally want something more like “gigante” or “imenso”, I think.

**Another daft choice of words. Why “corner of the Internet”? Well, that’s just what we used to call a website when I was into amateur web design in the early 00s. “Welcome to my corner of the Internet”. I won’t change it here, but it’s a good reminder that if you choose to express yourself in interesting, colourful ways like this, your audience might not think “gosh, how quirky and charming” they might just think “you have clearly made a mistake and we won’t know what you’re taking about” so maybe sometimes it’s better to stick to taking like a sensible person.

Thanks to Cristina of Say It In Portuguese for the corrections.

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Bordalo ii

Bordalo Segundo é um artista plástico – literalmente! Faz esculturas de animais com materiais do lixo e principalmente, trabalha com plásticos de alta densidade, como cadeiras, caixas e embalagens. Se visitares Lisboa, é provável que vejas algumas obras dele: um texugo, uma abelha ou um macaco, fixado ao lado de uma loja ou uma casa. Talvez a sua obra-prima seja o lince ibérica no Parque das Nações. É muito fixe! Mas a sua arte tem uma mensagem também: convém lembrarmo-nos que toneladas deste tipo de lixo estão a ser deitadas fora dia após dia e se não se torna arte, torna-se poluição.