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Tamara Alves

Acabo de ler o livro que comprei no Festival Iminente, sobre a arte de Tamara Alves. Há pouco texto no livro e é bilíngue, mas ignorei o texto inglês porque não sou cobarde!

O livro consiste em quadros exibidos nas galerias como Galeria Underdogs em Lisboa, e em murais ao ar livre. Os quadros são excelentes: não há dúvida de que a artista é talentosa e sabe desenhar figuras realistas, mas também cria desenhos mais abstratos ou fantasmagóticos… Hum queria dizer “fantasmagóricos” mas acho que a minha gralha produziu, por engano, um adjetivo que até serve para descrever vários! São mais ou menos realistas, e incluem corpos e caras humanos e, às vezes, lobos. Fizeram-me lembrar filmes e séries da cultura popular, principalmente um filme do Studio Ghibli, chamado A Princesa Mononoke.

Mas para mim, os murais é que dominam a obra. O estilo da artista fica bem nas paredes da cidade. Em alguns exemplos, parecem fazer parte da paisagem. E os fotógrafos que tiraram as fotos exploraram o formato do livro para acentuar a beleza do ambiente em volta de cada um. Acima de tudo, gostei de um mural no qual o rosto de uma mulher é dividido em duas metades: uma velha pintada a preto e branco e uma mais nova e colorida. O fotógrafo dispôs a imagem numa página dupla com a divisão mesmo no centro, na divisão entre as duas folhas.

Num outro exemplo, um mural aparece entre duas árvores à noite. O fotógrafo iluminou a cena, mas a luz iluminava as folhas da árvore. Acho que usou um tempo de exposição longo porque as folhas, que flutuam ao vento estão tremidas estão bem iluminadas, que dá à fotografia um ar onírico.

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Joana Vasconcelos

Ouvi falar desta artista recentemente (Onde? Quando? De quem? Nem sequer me lembro!) e decidi fazer uma pesquisa. Não estou a par das correntes do mundo artístico: poucas vezes entro numa galeria e se, por acaso, ouvir algo sobre a arte moderna os factos entram por um ouvido e saem por outro. Mas o site da artista impressionou-me muito: ela oferece um vasto leque de competências na criação das suas obras: há estátuas de ferro forjado, corações de Viana construídos de talheres de plástico, um carro enfeitado de ouro, um helicóptero com penas cor-de-rosa e brilhantes por todo o lado no exterior (o transporte pessoal de Elton John?) e algumas esculturas tão extensivas* que parecem cenários de filmagem! Além da arte, está a utilizar uma espécie de engenharia.

Até certo ponto, lembra-me a obra do Bordalo II, cujas esculturas alegram as ruas de Portugal. Ambos produzem obras de tamanho impressionante e cores marcantes, mas enquanto as dele são feitas de materiais reciclados, como garrafas, pneus e embalagem, dando um ar improvisado e bruto aos seus animais fofos, as obras de Joana Vasconcelos são compostas de materiais requintados; brilhantes e limpos; mesmo que os materiais escolhidos sejam frequentemente fora do normal (por exemplo “a noiva”, feita de milhares de tampões), o objetivo é tornar o quotidiano belo, quase o oposto do outro artista.

As obras de Joana Vasconcelos podem ser encontradas neste canto da Internet**. É deslumbrante, até na ecrã. Numa galeria, hão de ser ainda melhores!

Some of Joana Vasconcelos's artworks in a gallery. Image via Adobe stock.
Some of Joana Vasconcelos’s artworks

*This is probably a weird choice of adjective for a sculpture but there are some that really spread out over a wide area of ground which is why I’ve said they remind me of a film set in some sort of Sci-fi scenario, but you’d normally want something more like “gigante” or “imenso”, I think.

**Another daft choice of words. Why “corner of the Internet”? Well, that’s just what we used to call a website when I was into amateur web design in the early 00s. “Welcome to my corner of the Internet”. I won’t change it here, but it’s a good reminder that if you choose to express yourself in interesting, colourful ways like this, your audience might not think “gosh, how quirky and charming” they might just think “you have clearly made a mistake and we won’t know what you’re taking about” so maybe sometimes it’s better to stick to taking like a sensible person.

Thanks to Cristina of Say It In Portuguese for the corrections.

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M.I.R.I.A.M: Orelha Negra, featuring Vhils

I posted a music video yesterday, and I’ve got a few more lined up. This one doesn’t really ave any lyrics though, so consider it a palate cleanser. Orelha Negra are portuguese band and they’ve put one of their chilled-out tracks over some footage of Vhils doing his craxy explosive artworks. I’ve talked about Vhils before a couple of times and I quite like the effect of combining the two art forms in one.

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Scarecrow

Text with corrections from Dani Morgenstern. Notes at the bottom

Isto é uma tradução duma explicação ao lado de um quadro da exposição da qual eu falei ontem

O Espantalho
Litografia

Paula Rego tomou inspiração do dramaturgo Martin MacDonald. Na perspectiva dela “[…] a peça de teatro mexe* com religião… E a menina que queria ser Jesus… Que tinha muito a ver com o tema português também.” Esta litografia pode também representar a natureza paradoxal das consequências das nossas acções dentro dos nossos assuntos infelizes.
O Espantalho não é uma representação directa duma das cenas mais macabras da peça mas, com a sua imagem central dominadora dum espantalho crucificado, refere-se àquela parte da peça na qual a menina certinha, que faz sempre boas acções como se quisesse ser Jesus, perde os pais por causa dum acidente pelo qual, em** última análise, ela é que é culpada.
Ela é transferida para uns pais adoptivos sádicos*** que a tormentam com uma coroa de espinhos, uma chicotada e um cruz de madeira que ela tem de carregar (ela tem apenas 6 anos). Eles a perguntam se ou não ela quer ser Jesus e quando ela responde que sim, pregam-na ao cruz e voltam a perguntar se ou não ainda quer ser Jesus. A esta questão ela responda “Não, não *quero* ser Jesus, sou Jesus mesmo, caralho!” portanto, enfiam uma lança nas costas dela e o resto da história da crucificação desenrola-se no palco como antes.

*=hum… Na minha opinião “meddles with religion” não está bem traduzido porque ninguém fala assim em inglês. Julgo que é tradução de “mexer com” e não “interferir em”, e deve ser “touches on” em inglês, mas não faço ideia propriamente porque não li/ouvi as palavras originais da artista.

** =”em” not “na”. I was literally translating “in the final analysis” but it doesn’t need the article.

***=not “sadisticos”

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More About Paula

If you’re in London and want to learn more about Paula Rego, I can’t really recommend the exhibition I went to for the reasons I mentioned in the post: it’s a pain to get into and not a great seeing. But there’s a big retrospective of her work at the Tate starting later this month so if you can make it to that it’ll be well worth your while. It’s really intense.

Click here to go to the Tate Gallery site.

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Paua Rego and her Contemporaries

Here’s a text describing my visit to this exhibition in London. Butt_roidholds gave me some really detailed corrections and I’ve written the most instructive ones in footnotes at the bottom.

Fui ontem ao* Europe House (um prédio em Londres que pertence ao parlamento europeu) para ver uma exibição de arte chamada “Paula Rego and her Contemporaries”. Consiste numa coleção de obras de três artistas portugueses que moram/moraram no Reino Unido.

Ana Palma

Ana Palma faz arte sobre a temática** da feminilidade*** e do corpo feminino. O estilo dela lembra-me de… Sei lá… De ilustrações num livro sobre a natureza: corpos e rostos com tons de aguarela e lápis**** coloridos, sobreposições de diagramas biológicos (esqueletos, órgãos) e outros animais (principalmente besouros).

Um Desenho de Ana Palma

Cliff Andrade

O que mais me agarrou na secção de Cliff Andrade foi “A Tale of Two Madeira Cakes”. A obra consiste numa mesa com um bolo de mel (um bolo madeirense) e uma peça de Madeira Cake (um bolo inglês que antigamente foi bebido com vinho daquela ilha) e várias coisas quotidianas do dia a dia em Inglaterra e em Portugal. Fez-me rir porque algumas coisas (uma caneca do casamento real, uma outra dos “flopsy bunnies” , e hum… Uma garrafa de uísque escondida sob a cadeira por algum motivo!) existiam na minha casa quando era jovem em Preston mas hoje em dia estou casado com uma madeirense. É mesmo um crossover episode das nossas vidas nos anos 80!

A Mesa de Cliff Andrade

Paula Rego

E finalmente… Fico sem palavras para descrever os desenhos da terceira artista, Paula Rego. É incrível. Ela é a mais conhecida dos três artistas e quando vi os quadros, soube instantaneamente porquê!

Scarecrow by Paula Rego

Que pena que o sítio onde foram expostos era pouco acolhedor. Um visitante de cada vez, muito barulho, segurança rigorosa na entrada… Mas vale a pena apesar de tudo isto. Haverá uma exibição de obras da PR daqui a pouco na Galeria Tate mas sou hipster e não quero ir com os turistas onde está tudo fácil e conveniente!

*=As so often, I made the mistake of using “para”. Ir+para is used for permanent or long term moves. As this is just a quick visit it’s ir+a.

**=temática is better than tema because tema is one of those annoying words that’s masculine even though it ends in an a.

***=I’d expect this to be “femininidade” because -dade endings até usually cognate with the same word in English with a -ty ending like “eternidade” and “liberdade” but in this case its slightly different.

****=the plural of lápis is lápis

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Bordalo ii

Bordalo Segundo é um artista plástico – literalmente! Faz esculturas de animais com materiais do lixo e principalmente, trabalha com plásticos de alta densidade, como cadeiras, caixas e embalagens. Se visitares Lisboa, é provável que vejas algumas obras dele: um texugo, uma abelha ou um macaco, fixado ao lado de uma loja ou uma casa. Talvez a sua obra-prima seja o lince ibérica no Parque das Nações. É muito fixe! Mas a sua arte tem uma mensagem também: convém lembrarmo-nos que toneladas deste tipo de lixo estão a ser deitadas fora dia após dia e se não se torna arte, torna-se poluição.